Nos Filmes Parecia Mais Fácil!
CONTINUAÇÃO IMEDIATA
Marta está bastante assustada com a presença do encapuzado ao volante do carro. Ela começa a suar frio e tremer bastante. A pessoa à frente do volante faz um movimento que a assusta, porém era apenas para colocar uma música no rádio.
PLAY: FRANKIE TEARDROP
MARTA — Para onde você está me levando, cara? A minha casa é para a direção oposta! E tira essa merda de música macabra, parece que você vai me matar a qualquer momento.
Um completo silêncio por parte do encapuzado continua.
Marta tenta mandar uma mensagem para alguém, mas devido a ausência de sinal, a mensagem não é enviada.
Ela olha para todos os cantos em busca de uma solução e tenta visualizar pela janela o cenário que está fora do veículo.
MARTA — Então é isso? Você está me levando pra uma área florestal afastada da cidade pra me matar e se livrar do meu corpo facilmente?
O silêncio continua e o encapuzado apenas assente com a cabeça, fazendo Marta tremer na base. Os olhos da moça estão quase marejando.
A figura na frente do volante simplesmente suspende uma arma prateada e a balança para Marta, que suspira de medo.
MARTA — Eu sinto te informar, mas tive um dia terrível. Então se você acha que eu vou ser uma presa fácil, ou que vou falar apenas que meu namorado bruto e forte está chegando, está enganado! Hoje é eu ou você, seu desgraçado!
Ao finalizar, Marta se joga na direção da arma erguida e tenta tomar da mão do encapuzado. Eles entram em uma luta corporal. A mulher consegue pegar a arma e dá uma coronhada nele. Após alguns segundos, há um disparo que atravessa a mão do assassino e o faz gritar de dor na mesma intensidade que seu sangue cai.
MARTA — Eu te falei, seu filho da puta! – Marta está com muito ódio.
Com a arma na mão, Marta aponta para o encapuzado. Ele percebe e, antes do disparo fatal, faz uma curva brusca com o volante e bate violentamente em uma árvore.
CENA 02: CASA DOS MARIZ/ INTERIOR/ SALA DE JANTAR/ NOITE/ CONTINUAÇÃO IMEDIATA.
Josie fuzila Loreta com o olhar e Zac fica atento a situação.
JOSIE — Eu disse parabéns, dona Loreta! Não era isso que você queria? Que meu pai morresse para herdar tudo dele?
Loreta segue totalmente incrédula. Sua feição inocente, de boca semi aberta e olhos mais abertos que o normal demonstram sua surpresa com a atitude da filha.
LORETA — Do que você está falando, Josie? Por que você não me respeita, garota?
JOSIE — Você quer mesmo falar sobre respeito? Olha só o circo que você armou até meu pai morrer, mãe! – Josie funga e começa a chorar. – Era pra ele estar aqui jantando também. Ele estaria aqui como sempre!
LORETA — E o que te faz pensar que isso é culpa minha? Agora eu tenho culpa que o pai de vocês sempre foi um inconsequente emocional?
JOSIE — É claro que você tem. Se não fosse pelo seu desprezo, ele jamais teria saído de casa naquele dia!
LORETA — O seu pai foi assassinado, droga! Fui eu quem peguei uma arma e matei ele por um acaso?
JOSIE — Quem vai saber? Eu já não duvido mais de nada!
ZAC — Ow, Josie! Você não acha que já está passando dos limites, não? Isso é uma acusação grave!
LORETA — Deixa ela, meu filho! A sua irmã está machucada. É uma pena que ela tenha que descontar isso em mim.
JOSIE — Não se faça de santa. Eu já não acredito mais nessas suas lágrimas! (T) Perdi a fome. Com licença! – Josie se levanta e rapidamente vai para seu quarto.
De repente, o telefone fixo toca em um barulho irritantemente alto. Zac atende, levando o aparelho até sua orelha direita.
ZAC — Alô? (T) Ah, é você, Carter! (T) Não, eu não gostei da surpresa, cunhado! É como se um porco estivesse me ligando. (T) Não, ela não chegou. Porque? (T) O que? Tem uma hora que a Marta te falou que estava vindo pra casa?
De repente, Zac larga o telefone e Carter fica gritando “Alô” do outro lado da linha.
Zac pega seu celular, disca um número e o leva diretamente para sua orelha direita.
ZAC — Cassie, oi! (T) Não, não é nada disso! (T) An? não, me escuta! Pelo amor de Deus, me diz que a Marta está aí! (T) Ela já veio pra casa? (T) MERDA!
Neste momento, Zac corre na direção da sala, chamando por sua mãe.
CENA 03: ESTRADA/ FLORESTA/ NOITE/ CONTINUAÇÃO IMEDIATA.
O caos está instalado. A iluminação é avermelhada, por causa das lanternas de freio acionadas durante o impacto, quebrando a escuridão total.
Há cacos de vidro por todos os lados. As janelas estão quebradas, a árvore impactada segue parcialmente destruída. O carro está bastante prejudicado. Há fumaça saindo do motor do veículo.
No banco traseiro, Marta está acordando lentamente. Ela põe as mãos em sua cabeça em claro sinal de dor. Ela está confusa e suja de sangue.
Ao tentar se mexer para procurar a arma e terminar o serviço, ela geme de dor. Em seguida, percebe que há um caco de vidro enorme fincado em sua perna direita.
MARTA — Droga, eu preciso sair daqui!
Em dois únicos movimentos, ela rasga parte da sua blusa e coloca em sua boca. Logo em seguida, puxa com força o caco de vidro, afim de liberar seus movimentos. Ela faz cara de dor e enrola o pano em sua boca no ferimento.
Ao se mexer para sair do carro, ela olha para o encapuzado desmaiado no banco do motorista. Ela abre a porta sem fazer barulho e vai se jogando para fora do carro, mas em um rompante o assassino se joga na direção dela, segurando sua perna.
Marta se debate e acerta um chute no rosto dele, que segura o próprio nariz, gritando de dor. Marta corre, deixando-o ali naquele carro.
ENCAPUZADO — Vagabunda! – Ainda segurando o próprio nariz. – Mas que merda! Nos filmes parecia mais fácil.
Ele se levanta rapidamente e pega uma espingarda alojada abaixo do volante.
CORTA PARA:
Marta está correndo desesperadamente por dentro da floresta. Ela corta os braços com os galhos finos das plantas para abrir caminho, grita de dor, mas não para.
De repente, um disparo ecoa entre as árvores, assustando alguns pássaros. A bala acerta em uma árvore em que Marta acabara de passar, por um segundo.
Ela segue correndo, até a vastidão de árvores dar lugar a um grande campo de gramas mais ou menos altas. Ao fundo, ela visualiza uma casa típica de fazendas rurais, com as luzes internas acesas.
Mais um disparo ecoa e a moça resolve continuar correndo, bastante ofegante. Ela passa por entre as gramas, afastando-as com os braços machucados.
Ao chegar na metade do caminho, o assassino aponta a espingarda na direção dela. Em um único disparo, Marta cai no meio dos matos urrando de dor e segurando sua perna.
MARTA — MERDA! SEU FILHO DA PUTA DESGRAÇADO. QUE DOR DO CARALHO!
Ele aponta novamente sua espingarda para sua vítima, a fim de terminar o serviço. Ele mira com mais calma, devido a distância.
Antes de apertar o gatilho, a porta da casa pouco a frente de Marta se abre e dela sai um casal de velhinhos gritando.
SENHORA — Vem logo, filha! Ele vai te matar, menina!
Marta, desnorteada, tenta levantar, mas sem sucesso. O encapuzado aperta o gatilho, mas um clique seco ecoa: suas balas acabaram.
Isso aparentemente dá um gás a Marta, que dessa vez consegue levantar. Ela caminha se arrastando, para conseguir chegar até a casa.
SENHORA — Vem mais rápido, menina!
Ao perceber, o assassino deixa a arma de lado e saca um facão agarrado na sua coxa, por dentro da bata. Ele começa a caminhar lentamente na direção da mulher, como se o tempo fosse dele.
Marta se arrasta com mais dificuldade a cada passo, enquanto o assassino se aproxima mais e mais com o facão, já no seu encalço, pronto para golpeá-la.
Ela consegue chegar até a porta, entra se jogando e, antes do assassino entrar, o idoso fecha a porta, usando seu corpo de barreira. Até que a força do golpe faz a lâmina do facão atravessar a porta e partir a cabeça do idoso ao meio.
As duas mulheres gritam desesperadamente ao verem o sangue jorrando das duas metades da cabeça do velhinho.
Com um único chute, o assassino abre a porta. Ele retira com facilidade o facão da cabeça da vítima e pendura a lâmina, fazendo o vermelho do sangue e o prateado do ferro ficarem reluzentes a luz da lua vinda de fora.
SENHORA — Seu animal imundo, por que você fez isso?
Ele se aproxima mais e mais, até que Marta tenta puxar a idosa escada acima na tentativa de ajudá-la, mas sem sucesso.
A idosa arma um soco para acertá-lo, mas em um único golpe de facão perde sua mão, que sai rolando pelo chão jorrando sangue para todos os lados. Ela grita de dor e se joga no chão, perto de desmaiar.
O assassino, em um único golpe, crava o facão na boca da idosa, até atravessar sua nuca e vê-la cuspir litros de sangue. Ao terminar o serviço, ele olha para o topo da escada e nota que Marta sumiu.
Ele olha para todos os lados, porém nada de Marta aparecer ou dar sinal. Ele sobe as escadas lentamente, deixando o barulho dos seus passos ecoarem.
Ele procura cômodo por cômodo, até chegar em um quarto em que a porta da sacada está aberta, com as cortinas balançando devido ao vento.
O assassino vai até a sacada e olha para a imensidão de árvores e matos depois do quintal. O vento sopra calmo e os grilos cantam lá fora.
Ele é surpreendido com barulhos de sirene de carros da polícia correndo pela estrada e, ao virar-se para voltar ao quarto, é surpreendido por Marta, que o joga sacada abaixo, fazendo-o levar uma queda feia do segundo andar.
Marta o observa caído, ainda segurando o facão.
Ela corre até as escadas, desce, passa pelos corpos dos idosos e corre até a polícia, balançando os braços a fim de chamar atenção.
MARTA — EI! AQUI! SOCORRO!
Ela para assim que percebe o carro muito próximo, com suas sirenes em alto e bom som, e as luzes piscando em tons de vermelho e azul.
CENA 04: CASA RURAL/ EXTERIOR/ NOITE/ CONTINUAÇÃO IMEDIATA.
Sentada na traseira de uma ambulância, Marta recebe cuidados médicos. Um dos paramédicos faz um pequeno curativo na sua perna, enrolando uma gaze.
MARTA — Ai! Cuidado, seu idiota, tem umas cinco balas aí nessa perna. – Ela sente muita dor.
PARAMÉDICO — O sangue já está esfriando. Vamos só dar o tempinho do choque passar pra te levar pro hospital, tá bom? (T) Eu sinto muito que tenha passado por tudo isso. Deve ter sido assustador!
MARTA — Ah, nem foi tanto! Aquele assassino era um merda. Ele poderia ter me matado centenas de vezes. O azar foi ter topado com uma vadia maluca que nem eu.
Ele não consegue disfarçar e ri.
PARAMÉDICO — Você é muito corajosa. Eu provavelmente iria ter morrido na primeira tentativa dele!
De repente, o policial Jackson, fardado, chega no local. Ele segura um pano preto e estende na frente de Marta.
JACKSON — Foi isso isso aqui que ele estava usando na cabeça?
Marta assente com a cabeça, cheia de preguiça.
JACKSON — Isso foi encontrado junto com o carro batido. Ele deve ter voltado para apagar pistas, já que nada além de estilhaços e latas velhas foram encontrados lá. (T) Você teve muita sorte, mocinha!
Ele recebe um chamado pelo rádio.
JACKSON — Um instante!
Marta revira os olhos e, logo em seguida, um carro se aproxima do local e freia bruscamente. Dele saem Loreta, Zac e Josie.
Loreta está nervosa. Ela põe as mãos em sua cabeça em claro sinal de preocupação. Ela corre e abraça a sua filha.
LORETA — Meu amor, você está bem? O que foi que aconteceu?
MARTA — Ai, mãe, sem drama! – Ela desfaz o abraço. – Não precisa fingir preocupação. Eu me virei, não foi? Como sempre!
Loreta se afasta, sem entender. Claramente triste.
MARTA — E depois eu só sofri um acidente de carro e levei um tiro de espingarda na perna. Nada demais!
ZAC — Como nada demais, sua maluca? Um serial killer te perseguiu e você age como se fosse nada?
Marta faz uma careta de confusão, enquanto Josie revira os olhos.
MARTA — Como assim um serial killer?
ZAC — “Como assim”? Pensa, sua idiota! Você tá sempre tão ocupada transando com o Carter que esquece do mundo. (T) Primeiro o assasinato da Mary, depois essa perseguição no meio dos matos a você. Não tá soando meio suspeito isso?
MARTA — Nossa, isso faz sentido!
ZAC — É claro que faz! Ou você acha que isso foi mera-
Ele é interrompido pelo retorno do policial.
JACKSON — Acabamos de confirmar! Esse capuz aqui é idêntico ao que foi encontrado na cena do crime da jovem Mary, que ocorreu há uns dias. (T) Infelizmente não encontramos fios de cabelo que nos ajudem a coletar DNA. Mas iremos fazer o possível!
Zac está incrédulo. Josie e Loreta estão surpresas, enquanto Marta está visivelmente cansada.
ZAC — É realmente como nos filmes de terror. A polícia é sempre a última a saber!
MARTA — Bom, seja o que for, é trabalho deles. Agora eu só quero tirar essas balas da minha perna. (T) Pelo amor de Deus, eu vou desmaiar!
O paramédico volta e olha diretamente para Marta.
PARAMÉDICO — Vamos?
ZAC — Vamos, eu te ajudo a entrar, maninha!
Zac serve de apoio para Marta e ambos entram na ambulância.
JOSIE — Nós vamos de carro até o hospital. Encontramos vocês lá!
A porta da ambulância se fecha e, lentamente, ela começa a andar, sendo seguida pelo carro de Loreta.
CONTINUA…
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