CENA 01: HOSPITAL/ INTERIOR/ SALA DE REPOUSO/ NOITE.
Marta está deitada em uma cama confortável, ainda grogue do sedativo. Ela veste roupas características de hospital e sua perna está enfaixada. Ao lado dela estão Zac, Loreta e Josie.
Zac está nervoso, enquanto Loreta olha para o vazio. Josie observa friamente a sua mãe e respira fundo.
De repente, um médico chega na sala e todos viram sua atenção para ele. O clima é de total silêncio e tensão. O doutor os observa por alguns segundos.
MÉDICO — Bem, pessoal! Temos algumas novidades. Já adianto que vocês podem respirar aliviados. A Marta está ótima! Sofreu apenas algumas lesões devido aos estilhaços da bala.
Todos respiram aliviado e ele continua.
MÉDICO — Ao que parece, a bala atravessou algum pedaço de madeira antes de se estilhaçar e chegar na perna dela. Gerou uma dor horrível, claro, mas foi menos traumático!
LORETA — Ai, meu Deus, que notícia boa!
ZAC — E o que vai acontecer agora?
MÉDICO — Bem, logo logo ela recebe alta médica e vai poder ir para casa. Por enquanto, vamos mantê-la em observação devido aos antibióticos que estamos administrando.
JOSIE — Essa vadia jamais perderia pra uma mísera bala!
Zac sorri e Loreta respira aliviada.
MÉDICO — Agora eu vou dar uma olhadinha nos exames laboratoriais que fizemos, para ter certeza de que está tudo certo!
Ele se vira e sai da sala. Loreta faz um carinho em Marta, que a olha confusa.
MARTA — Eu q…quero sair desse maldito hospital! Aqui e…eu sou uma presa fácil!
LORETA — Do que você está fa…
Ela é interrompida pela porta do quarto sendo aberta. Por ela passa Cassie, Jenna, Morty e Carter.
JENNA — Meu Deus, o que houve com você, Marta?
CASSIE — Nossa, destruíram o rosto dessa safada!
Morty troca olhares com Zac, que disfarça, constrangido. Carter está imóvel, observando tudo ao fundo.
ZAC — Ela está bem, gente! Só sofreu um acidente, foi perseguida na floresta por um psicopata e levou um tiro.
MORTY — Isso explica o rosto todo cortado e deformado.
Marta sorri, fraca, e mostra o dedo do meio pra ele.
MARTA — Vai pro inferno! (T) Cadê o Carter? Aquele viado é mesmo um covarde!
CARTER — Eu estou bem aqui! (T) Não quero atrapalhar a conversa com seus amigos, amor!
ZAC — Agora ele vai dar uma de cachorrinho sem dono e a Marta vai cair igual uma pata. O que um pau não faz, né?
Morty encara Zac, semicerrando os olhos, deixando-o desconfortável.
MORTY — Você nem imagina o milagre divino que faz!
Carter faz menção de falar algo, mas é interrompido por Loreta.
LORETA — Vamos parar de palhaçada vocês? A Marta foi perseguida pelo mesmo maluco que matou a amiga de vocês. (T) Eu preciso que todos aqui, sem exceção, tenham cuidado!
Eles engolem em seco, com exceção de Josie, que revira os olhos.
JOSIE — Ótimo, demonstrando cuidado uma vez na vida. Bastou apenas a filha quase morrer!
ZAC — Aqui não, Josie!
CASSIE — Daqui a pouco os olhos dessa mal amada vão pular fora de tanto que ela revira.
Marta ri fraco e bate umas palmilhas.
MARTA — Eu quero que o circo pegue fogo!
JOSIE — E o que você tem com isso, Cassie? (T) Inclusive eu vou sair. Preciso ir descansar porque amanhã tenho uma prova. (T) Melhoras, Marta!
Ela pega sua bolsa e sai, deixando todos sem paciência na sala.
CASSIE — Ela é muito afetada, não é?
Zac solta uma risada baixa, enquanto os outros permanecem observando tudo.
CENA 02: UNIVERSIDADE COLBYET/ INTERIOR/ARMÁRIOS/ MANHÃ.
O dia chega, o movimento aumenta. A universidade Colbyet está completamente tomada por estudantes e alguns carros de polícia devido aos últimos ocorridos.
ZAC — Jenna, você deveria ir ver a Marta mais tarde também. Estaremos todos lá! – Ele fala com uma tristeza na voz, enquanto fecha a porta do seu armário.
Morty observa o rapaz, sentindo pena da voz triste. Jenna torce o bico pro amigo.
JENNA — Vocês estão falando como se ela estivesse nas últimas!
ZAC — Eu não sei o que anda acontecendo nesses últimos dias, mas é tudo muito suspeito. Eu sinto que devemos ficar juntos a maior parte do tempo.
CASSIE — Calma, amigo. Nada de ruim vai acontecer! Não estamos em um filme de terror. (T) Por mais que você quisesse muito que estivéssemos!
Zac franze suas sobrancelhas e encara a amiga.
MORTY — Eu espero mesmo que não, porque vocês sabem…
Zac, Cassie e Jenna o encaram, confusos.
MORTY — Gays sempre morrem! – Todos continuam o encarando e ele revira os olhos. – Vocês sabem que é verdade. Essas regras, elas existem! A Marta é sexualmente ativa e foi perseguida em uma floresta. É sempre assim!
Jenna dá uma risada alta, enquanto Cassie e Zac ficam incrédulos.
ZAC — Então já sabemos quem será o próximo!
MORTY — Não sabemos não! Porque aqui há também duas loiras que…
Neste momento, Carter chega e o clima pesa, interrompendo Morty. Ele olha diretamente para Zac, que já revira os olhos.
CARTER — Caramba, sua família tem um sério problema genético nos olhos. Estão sempre revirando!
Jenna, Morty e Cassie soltam uma risadinha em uníssono e Zac novamente revira os olhos.
ZAC — O que você quer, Carter?
CARTER — Eu quero saber como a Marta está. Ela me tratou igual lixo ontem e até agora não consegui mais falar com ela.
Zac solta um risinho cínico e fuzila o rapaz com o olhar.
ZAC — Você é muito sonso, cara. Você negligenciou minha irmã! Você viu o estado dela?
CARTER — Você fala como se eu tivesse pegado a arma e tivesse dado o tiro nela.
ZAC — Será que não? – Carter o encara, surpreso. – Você fez minha irmã passar raiva ao ponto de sair doida e cega da sua casa.
JENNA — E isso depois de comer a minha amiga!
Carter abaixa a cabeça, demonstrando tristeza. Ele suspira, cansado.
CARTER — Eu sei que nenhum de vocês têm motivos para gostarem de mim. Mas a Marta também não é uma santa. E vocês sabem disso!
ZAC — Tá, tudo bem! Ela não é uma santa e você vacilou. Tudo poderia ter sido diferente. Apenas entenda isso! (T) E ela está bem. Mas faz um favor?
Carter assente com a cabeça, ainda triste.
ZAC — Deixa a minha irmã em paz. Ou ao menos passe a tratá-la melhor, porque eu tenho certeza que se isso acontecer, ela te trata melhor também.
Carter faz menção de falar, mas é interrompido.
ZAC — Tchau, Carter!
Eles saem e Jenna o encara com um olhar de “nós deixamos o recado.”.
CARTER — Que merda. Segunda vez que não me deixam falar!
CENA 03: ESTRADA ASFALTADA/ CALÇADA/ FINAL DA TARDE.
As calçadas estão vazias, típicas do finalzinho da tarde. O vento mais forte característico sopra e as flores dos canteiros balançam. As árvores dançam lado a lado, enquanto Josie caminha despreocupada, segurando seus livros e com seu headphone na cabeça.
Ela faz movimentos com a cabeça acompanhando a batida da música e segue caminhando. Ela anda, anda, anda… até a bateria do seu headphone acabar e ela precisar tirar da cabeça.
JOSIE — Que merda. Logo quando iria começar Alien Superstar!
Ela coloca o headphone em volta do seu pescoço e segue caminhando. Até que um barulho estranho nos jardins faz sua espinha congelar.
Ela para de andar e olha ao seu redor. O vento frio segue soprando e balançando seus cabelos.
JOSIE — Alguém está aí? (T) Nossa, que clichê!
Ela leva um susto ao escutar alguns passos um pouco distantes e volta a caminhar, dessa vez mais rápido. Os passos estão cada vez mais perto. Josie está assustada.
Ela anda por alguns segundos, até chegar na varanda da sua casa. Ela procura as chaves pelos seus bolsos, até que encontra. Quando vai procurar a chave correta, é surpreendida por um alto barulho de metal pesado arrastando no asfalto. Ela está suando frio e seu semblante está completamente aterrorizado.
Josie vira lentamente na direção da pista e treme na base quando vê ao longe uma figura completamente encapuzada, de bota, arrastando um machado enorme no asfalto.
A figura faz sua posição de ataque, erguendo o machado e começa a correr na direção de Josie.
Josie deixa as chaves caírem, mas pega rapidamente e consegue abrir a porta. Ela entra desesperada e fecha a casa, passando a chave novamente. Ela se vira e dá de cara com Loreta, que está completamente confusa.
JOSIE — Chama a polícia, mãe, pelo amor de Deus! Tem alguém me perseguindo.
Loreta vai correndo até o seu celular em cima do sofá e começa a digitar os números da polícia, levando o aparelho até seu ouvido direito.
De repente, um silêncio toma conta de tudo. Apenas o barulho da central de polícia ao fundo da ligação.
LORETA — Alô? Preciso de ajuda aqui na rua Elm, número duzentos e vinte. Tem alguém perseguindo a minha filha.
Enquanto Loreta fala com a polícia, Josie presta atenção lá fora. Alguns passos ecoam no chão de madeira da varanda por alguns segundos e param.
Josie encosta sua cabeça na porta para ouvir por alguns segundos, quando de repente o machado atravessa a madeira da porta, quase acertando seu rosto. Ela e Loreta gritam desesperadamente, enquanto Josie se afasta da porta.
O encapuzado dá várias machadadas na porta, até que consegue fazer um buraco. Ele as encara por esse buraco e começa a correr assim que um barulho de sirene de polícia ecoa pela rua.
Rapidamente, Josie pega seu celular, põe na câmera para gravar e sai da casa, conseguindo pegar o encapuzado dobrando uma esquina.
Ao longe, a lâmina do seu machado brilha no chão, refletindo a luz do sol.
Josie segue atônita com o que acabara de acontecer. Loreta, também desesperada, a abraça por trás.
CENA 04: HOSPITAL/ QUARTO DE MARTA/ NOITE.
Na sala estão Zac, Loreta, Marta e Josie, junto a dois policiais. Uma discussão ocorre.
ZAC — Vocês são malucos? – Diz ele para os policiais, completamente alterado. – Isso é um absurdo. A minha família está há dias sendo atacada por um encapuzado portando um machado e vocês me dizem que não podem fazer nada? Que não conseguiram pista alguma?
Todos observam o desespero do rapaz, incluindo os policiais de plantão.
JACKSON — Calma, rapaz! Ninguém aqui disse que não vai fazer algo. É só que atualmente…
ZAC — Atualmente vocês estão de mãos atadas? Não possuem provas? Francamente, policial…?
JACKSON — Jackson!
ZAC — A verdade, Jackson, é que vocês podem sim fazer algo! Foram três ataques…
FRANK — Quatro, se contarmos o seu de agora!
Todos olham incrédulos para o policial.
MARTA — Mais respeito com meu irmão, seu merda!
JACKSON — Frank, cala essa boca. Não piora as coisas.
ZAC — Bela piadinha, policial! Vocês deveriam se envergonhar desse tipo de atuação. (T) Isso aqui não é brincadeira. É a vida da minha família que está em risco.
FRANK — Como você tem tanta certeza que sua família é o foco? Ao que consta, a primeira vítima era apenas amiga da sua irmã!
ZAC — E você acha mera coincidência o primeiro ataque ter sido na farmácia onde a minha irmã fazia estágio? Alguns minutos depois dela sair? (T) O maldito confundiu a Mary com a Josie e sobrou pra coitada! (T) Até porque naquele dia a Josie saiu mais cedo, e o ataque ocorreu no horário certinho em que ela costumava sair.
Os policiais estão anotando tudo o que Zac diz. Ele gesticula enquanto expõe sua visão.
ZAC — E tem mais! – Ele levanta o dedo indicador. – Vocês acham coincidência todos os ataques a minha família estarem ocorrendo nas vésperas da abertura do testamento do meu pai?
JACKSON — Por enquanto são apenas suposições. (T) Vamos fazer o seguinte! Nos próximos dias, iremos deixar uma viatura de plantão na frente da casa de vocês. Não queremos que nenhuma desgraça aconteça!
Zac revira os olhos e suspira fundo.
ZAC — É o mínimo! Hoje minha irmã foi atacada. Ela gravou o cara correndo e dobrando a esquina como se fosse comprar pão! (T) Eu estou avisando: se alguma merda acontecer com a minha família, eu processo o Estado!
Os policiais respiram fundo e Loreta caminha até o meio da sala, pigarreando forte.
LORETA — Eu vou aproveitar que estão todos aqui pra falar algo. (T) Prestem atenção também, policiais!
Todos voltam suas atenções para ela. Josie, Marta e Zac principalmente.
LORETA — A abertura do testamento será feita amanhã.
Josie, Zac e Marta a encaram, incrédulos. Eles estão temerosos. Loreta parece estar triste e bastante abalada.
CONTINUA…
Postar um comentário