Você sabe… As regras!


CONTINUAÇÃO IMEDIATA.


Todos estão prestando atenção em Loreta na sala do hospital. Ela parece estar debilitada emocionalmenteu, fazendo com que Zac demonstre preocupação em seu semblante. Josie segue incrédula, enquanto Marta está completamente cética.


JOSIE — Como assim “amanhã”? Pra que tanta pressa?


JACKSON — Bem, nós vamos ficar atentos a qualquer movimentação estranha. Vocês estarão protegidos, podem ficar tranquilos! (T) Agora vamos dar licença. Conversem com calma!


Os policiais Jackson e Frank saem da sala. Enquanto caminha, Frank encara Zac, que o encara de volta arregalando bem os olhos. Assim que os dois saem, ele volta a prestar atenção na sua mãe.


LORETA — Gente, eu quero adiantar logo tudo isso. Não aguento mais! Não aguento t… tudo o que aconteceu e o que está acontecendo!


Loreta treme sua voz e dá umas fungadas, como se fosse começar a chorar. Zac, Josie e Marta a observam, atentos.


LORETA — Vocês não… – Ela desaba e chora desesperadamente. – Vocês não imaginam a barra que eu estou tendo que aguentar desde que o Victor morreu!


Josie sorri, sarcástica. Ela respira fundo e permanece calada. Zac dá um abraço em Loreta. Marta, deitada, simula um abraço também de longe.


ZAC — Você não precisa aguentar tudo isso sozinha. Sei que há um motivo pra estar assim, desesperada!


LORETA — Eu só estou cansada!


JOSIE — Na boa, mãe! Você não espera que eu tenha pena dessa cena, né?


Loreta olha para a filha, assustada. Zac fuzila sua irmã com o olhar.


JOSIE — Você não está passando por nada disso sozinha. Eu e a Marta fomos perseguidas, quase morremos! E você vem me falar sobre segurar barra pesada?


LORETA — Você deveria me agradecer, Josie!


JOSIE — Agradecer pelo que? Por ter sido uma mãe covarde a vida inteira? A maior desgraça que poderia ter acontecido, já aconteceu. (T) Meu pai morreu, mãe! Ele morreu. Não volta mais. Já você está aqui, ainda tem tempo de consertar toda essa merda.


Loreta permanece calada. Ela enxuga suas lágrimas com as mangas da sua blusa e respira fundo.


LORETA — Eu… eu vou pegar uma água!


Loreta rapidamente sai do quarto. Ela fecha a porta do quarto com certa brutalidade, deixando seus filhos confusos.


JOSIE — Vocês estão vendo, né? Ela sempre faz isso!


MARTA — A mamãe está escondendo algo. E é algo grandioso. Eu tenho certeza!


ZAC — De coisa grandiosa você entende, né, maninha?


Marta sorri e começa a enrolar os fios dos seus cabelos com o dedo indicador, fingindo vergonha. Josie solta um riso.


JOSIE — Vocês não pensam em nada além dessas safadezas, né?


ZAC — Estamos quites! Você não pensa em nada além de estudar e ser estúpida.


MARTA — É, mainha, cê tá precisando sabe de quê? De um homem! Você tá precisando dar!


JOSIE — Ah, eu não levo sexo como algo necessário. Sinto que há outras prioridades na minha vida!


MARTA — Você já viu que sua vida pode acabar a qualquer momento.


Josie abre os olhos e suspende as sobrancelhas, surpresa.


ZAC — Marta! Para de falar besteira.


MARTA — O que foi? Estamos sendo perseguidos por um serial killer safado que queria me levar pro meio dos matos. (T) Cuidado que o próximo pode ser você! – Marta solta uma risadinha diabólica.


JOSIE — Se você não estivesse com a perna dilacerada, eu poderia jurar que a assassina seria você!


ZAC — Mas quem disse que não pode? Estamos dentro de uma trama slasher, é claro que há uma grande probabilidade de serem mais de um assassino!


MARTA — Você pensa em tudo, né? Nesse ritmo descobriremos antes da polícia!


Zac solta um riso e Josie balança a cabeça em negativa.


JOSIE — O Zac vai descobrir antes de todos, é claro! Mas isso vai acontecer quando for a vez dele morrer! (T) Talvez ele seja mesmo o próximo.


De repente, a sala entra em silêncio completo. Zac e Marta encaram Josie. Eles estão meio confusos.


ZAC — Ué, mas por que?


JOSIE — Bem, você sabe… As regras! Alguns tipos morrem antes, alguns tipos morrem depois… No fim vai restar apenas uma pessoa final. E é sempre uma final girl!


Eles se encaram, desconfortáveis.


MARTA — Pesou o clima, mana!


Marta balança a cabeça em negativa e Zac respira fundo, ainda confuso com as palavras de Josie, que o encara, semicerrando os olhos.


CENA 02: UNIVERSIDADE COLBYET/ INTERIOR/ REFEITÓRIO/ MANHÃ.


O refeitório está mais ou menos cheio. Algumas pessoas em pé segurando bandejas, outras sentadas comendo e estudando.


Zac e Cassie estão sentados. Ela mordisca uma maçã bem vermelha, enquanto ele dá umas garfadas no seu prato.


CASSIE — Como que a Marta tá? Aposto que já deve estar acesa querendo um homem.


ZAC — Você e essa sua implicância, né? (T) Ela tá bem. A perna está quase totalmente recuperada. Deve ganhar alta logo!


CASSIE — Eu estou tão preocupada com você. Essas perseguições ocorrendo justo a essa altura do campeonato…


ZAC — Sabe que eu também? – Cassie solta um riso irônico. – Não, é sério! Eu morro de medo de perder a minha família. Sei que não somos o maior exemplo de união, mas é o que temos pra hoje… e é o que eu posso cultivar!


CASSIE — É a primeira vez que eu vejo um gay sendo a favor da família. Geralmente eles estão ocupados sofrendo por serem rejeitados e tudo mais…


ZAC — Como você é maldosa, sua vaca!


CASSIE — É sério! Por isso te admiro, amigo. Você é tão forte, tão alegre que eu chego a sentir inveja!


ZAC — Eu tento… Infelizmente isso me levou a tomar a decisão de omitir quem sou eu de verdade, sem nenhum tipo de máscara!


Sua expressão é de lamento. Zac se sente triste e abaixa sua cabeça, focando em seu prato. Cassie faz um carinho em seus cabelos.


ZAC — Eu não tenho ideia do que fazer! Sinto que há uma bomba prestes a explodir. Bomba essa que não vou conseguir evitar!


Cassie segura na mão do seu amigo e o olha no fundo dos olhos.


CASSIE — Vai dar tudo certo. Você vai ver!


Neste momento, o clima muda. Isso porque Carter chega e senta ao lado de Cassie, de frente para Zac, e o encara.


CARTER — Será que podemos conversar como dois adultos agora?


Cassie ri e o fuzila com o olhar.


CASSIE — Conversar igual adultos, seu idiota?


ZAC — Amiga, tudo bem! Dá um segundinho pra gente, por favor?


Cassie o olha e assente com a cabeça. Ela levanta, pega sua bandeja e sai. Zac encara Carter.


CARTER — Zac, eu estou preocupado com a Mar… - Ele é interrompido.


ZAC — Conversa de adulto, é? (T) Em primeiro lugar, se você fosse um adulto de verdade, iria ter coragem o suficiente de ir falar diretamente com a Marta, e não vir falar comigo. (T) Carter, vamos ser sinceros… você é só um troglodita em uma síndrome de amor que logo passa! Você não ama…- Carter o interrompe.


CARTER — Quem você pensa que é pra me colocar em uma caixinha que você criou na sua cabeça? – Zac fica surpreso. – Você nunca trocou mais que duas palavras comigo e me trata como se eu fosse o cara mais idiota do mundo.


ZAC — Porque a Marta… – É interrompido novamente.


CARTER — A Marta fala muita coisa! É, eu sei. Mas eu também sei que a Marta não está comigo por amor. Ela só quer alguém para satisfazer os desejos que tem vez ou outra.


Zac apenas o observa, surpreso.


CARTER — Na boa, eu tô cansado de tudo isso!


ZAC — Então por que você ainda está com a minha irmã, cara?


CARTER — Eu não estou falando da Marta. Eu tô falando das pessoas me enxergarem como um idiota sem causa. (T) Eu me sinto mal por tudo isso! E eu sei que sou um merda às vezes. Mas você, especialmente você, deveria saber que não é certo julgar as pessoas sem conhecer!


ZAC — O que você quer dizer com isso?


CARTER — Eu sei que você é gay, Zac! E na boa, eu não dou a mínima. Mas é no mínimo incoerente da sua parte passar a vida inteira sendo julgado e sofrendo com isso, e agora me colocar em um lugar contaminado que você criou!


Zac permanece calado, o analisando atentamente.


CARTER — Eu vou tentar falar com a Marta quando ela estiver em casa. Não quero estressar ela lá no hospital, pode ser ruim!


Carter pega sua mochila e levanta.


ZAC — Obrigado pela sua compreensão.


CARTER — Eu sei ser um cara sensato quando quero. Aprendi na marra que não adianta ser precipitado e perder o jogo.


Ele sai, deixando Zac sozinho. O rapaz permanece surpreso com o que acabara de acontecer.


CENA 03: HOSPITAL/ INTERIOR/ QUARTO DE MARTA/ MANHÃ.


Sentada na cama e mastigando um chiclete, Marta coloca um casaco jeans, enquanto Josie a ajuda segurando sua perna machucada.


MARTA — Eu consigo levantar sozinha, não fiquei aleijada!


JOSIE — Mas quase ficou! (T) Deixa de ser nojenta, eu só tô querendo te ajudar. – Josie encara Marta de um jeito estranho. – Não vai passar uma maquiagem nessa cara de dragão?


Marta revira os olhos e respira.


MARTA — Final girls não usam maquiagem! Nós precisamos estar prontas para o grito a qualquer momento.


JOSIE — Sei! Mas do que adianta estar pronta se no fim das contas a final girl será eu?


MARTA — Você tem tanta certeza, não é? (T) Você tem a certeza que apenas o assassino ou o cúmplice teria sobre quem vive ou quem morre.


JOSIE — Vai saber, né? Tudo pode acontecer!


Marta acaba por semicerrar os olhos e continuar mastigando lentamente seu chiclete.


MARTA — É verdade! Tudo pode acontecer. Inclusive você estar aqui me ajudando ao invés de estar na aula.


JOSIE — Combinei com o Zac! Ele vai nos encontrar no escritório. (T) Hoje é um dia especial, irmãzinha. Você vai ver!


MARTA — Sabe de algo que eu ainda não sei?


JOSIE — Eu tenho muita certeza, lembra? E minha intuição nunca falha.


Marta a encara, confusa.


MARTA — Que seja! (T) Feliz por me sentir muito melhor. E por saber que você ainda se importa comigo.


JOSIE — É! Você é minha irmã, certo? Eu não posso te abandonar.


Marta sorri para sua irmã, que retribui e continua ajeitando os sapatos dela.


MARTA — Você é sempre tão fechada, Josie. Eu nunca entendi muito bem os motivos!


JOSIE — Bem, quando você é a irmã mais velha e cresce em um ambiente de guerra, você simplesmente perde sua inocência muito cedo. E então fica difícil de confiar!


MARTA — Isso é sobre a mãe e o pai, né?


Josie assente e faz menção de falar algo, mas neste momento alguém bate na porta e entra. É Loreta!


LORETA — Desculpa atrapalhar, mas precisamos ir. O Advogado e Zac já estão nos esperando no escritório!


Marta e Josie se olham, respiram fundo e o clima acaba por pesar bastante.


 CENA 04: ESCRITÓRIO/ INTERIOR/ SALA DE VICTOR/ TARDE.


A sala é ampla, de decoração clean, variando em tons brancos e cinzas, com uma mesa longa ao centro e conta com várias cadeiras ao redor. 


Alguns eletrônicos espalhados por locais apropriados e, sentados à mesa, temos Loreta, Zac, Marta, Josie, o advogado responsável (James) pela abertura e algumas testemunhas. Todos seguem calados e prestando atenção no homem segurando uma pilha de papéis.


Marta ainda está mastigando seu chiclete e fazendo bolinha de ar, enquanto Josie a encara, torcendo o bico. Loreta está aérea, olhando para um canto da sala. Zac percebe e a encara.


ZAC — Tá tudo bem, mãe? – Sem resposta. – Mãe?


LORETA — Ah, oi filho. Está tudo bem sim! Vamos seguir logo com isso. Quero acabar de vez com essa abertura.


De repente, uma gritaria ecoa de fora da sala, vai ficando mais perto, mais perto e mais perto, fazendo todos voltarem sua atenção.


Até que, de repente, a porta da sala se abre e por ela passam quatro pessoas específicas, fazendo todos na sala entrarem em completa confusão, os encarando. Com exceção de Loreta, que respira fundo e fecha seus olhos.


SARAH — Por algum momento vocês pensaram que esse testamento poderia ser aberto sem a minha presença e a presença dos meus filhos?


Ao seu lado estão Cassie, Jenna e Morty. Parados. Com as cabeças baixas.


Zac, Josie e Marta alternam seus olhares entre eles, Sarah e os filhos, e Loreta, que está trêmula e pálida.


ZAC — Mas o que é isso? O que está acontecendo aqui?


Todos se encaram e a tensão sobe a cada segundo que passa.


CONTINUA…


Post a Comment

Tradutor