Realidade Ordinária 1.0

CENA01: FARMÁCIA/ INTERIOR/ NOITE.


Ruas desertas, lua cheia refletindo nas latarias dos poucos veículos estacionados e postes piscando. A noite é fria e a farmácia MedOpus está prestes a fechar, com Josie (24) e Mary (23), de jaleco, finalizando seus turnos.


JOSIE — Eu não acredito que o seu TCC já é amanhã, amiga. Estou tão nervosa e nem sou eu quem vou apresentar! – Josie está empolgada.


MARY — Nem me fala. Eu estou tão preparada que me sinto nervosa diante de tanta confiança. – Mary está trêmula só de lembrar.


JOSIE — Não se preocupe, você vai arrasar! (T) Inclusive, você vai ter que arrasar fechando a farmácia também, porque eu já estou indo. Meu Uber já está na porta! – Josie já se encontra com sua bolsa a tiracolo.


MARY — Você deveria se envergonhar de me deixar aqui sozinha! – Diz Mary, recebendo o abraço de Josie, enquanto ambas riem. – Vai com Deus, amiga. Se cuida!


JOSIE — Você também. Não esqueça de guardar o caixa!


Mary sorri, enquanto Josie solta um beijo e some após fechar a porta, provocando o barulhinho do sino de entrada. Mary está sozinha.


A moça faz a recontagem das cédulas no caixa e as recolhe, fazendo pequenos montantes amarrados com elásticos.


Ela vai até o cofre, digita a senha, provocando alguns bips ecoando pelo corredor, e coloca os valores assim que a porta abre. Ela fecha o cofre, revelando um longo corredor de medicamentos atrás da porta, que anteriormente estava aberta. As luzes da farmácia piscam rapidamente e ela estranha.


MARY — Não é possível que o técnico desgraçado não tenha feito esse reparo antes de sair. Eu vou matar ele! – Ela está furiosa.


Mary caminha de volta ao caixa. O barulho do seu salto ecoa e, entre longas pisadas, o sino da porta de entrada ecoa junto. Ela cessa a caminhada e tenta prestar atenção ao seu redor..


MARY — Alguém aí? Olha, estamos encerrando. Sugiro que volte amanhã pela manhã.


O silêncio continua.


MARY — Droga! – Ela fala, sussurrando. – Você está me ouvindo? – Mais alto. – Porra, estamos fechando! – Agora ela grita.


De repente, os bips do cofre começam a ecoar novamente de forma desenfreada, e é aí que o alarme de emergência começa a tocar bem alto, assustando Mary.


MARY — Josie, sua vadia, é você? Vai a merda!


Rapidamente, a jovem começa a andar em passos largos na direção da porta de saída e, quando já está perto, o alarme para. Ela fica estática por rápidos segundos, suando frio, até que as luzes se apagam.


Mary está trêmula, suando e engolindo em seco. Ela escuta alguns tacs e passos ecoando de dois em dois segundos e se vira, quando rapidamente um vulto preto atravessa de um corredor estreito ao outro, deixando a moça apavorada.


MARY — Vai embora, me deixe em paz, por favor. Eu só quero ir para casa. – Ela solta algumas lágrimas de desespero.


NÃO VAI SER POSSÍVEL. – Uma voz grossa corre por todo o ambiente.


Mary treme e começa a correr até a porta de entrada, porém percebe que já está trancada. Ela tenta forçar a abertura e o sino faz barulho a cada tentativa. Passos ecoam novamente e ela para, sentindo uma presença. Uma figura de bata e capuz se aproxima por trás e para, até que a moça se vira e sente sua espinha congelar.


A figura saca um machado agarrado na sua cintura e faz sua pose de ataque, levantando a lâmina da arma. Mary corre para o corredor ao lado e o perseguidor vai atrás. Ele tenta a golpear, mas não consegue.


A mulher tenta despistar o encapuzado entrando em outros corredores, mas sem sucesso. Ele consegue acertar a perna dela de raspão. Mary grita de dor e cai por cima das prateleiras, fazendo um grande barulho ao derrubá-las.


MARY — Me deixa em paz, seu filho da puta. Vai embora!


Ela se arrasta pela farmácia a dentro na tentativa de chegar na saída de emergência, mas recebe um pisão maldoso na perna machucada e grita de dor.


MARY — SAI DAQUI. SAI! EU TENHO UM TCC PARA APRESENTAR AMANHÃ. – Ela grita.


Seu rosto de desespero fica evidente diante do reflexo da fachada de fora da farmácia. É neste momento que, enquanto ela se arrasta, o assassino finca o machado com força em suas costas, fazendo seu sangue jorrar.


Mary se contorce de dor e se vira, na tentativa de se defender, porém, em uma única machadada, ele decepa a cabeça dela, fazendo-a rolar corredor a dentro.


Foco no olhar morto de Mary, enquanto ao fundo o sangue escorre do restante do corpo e o encapuzado abre a porta de saída, fazendo o sino tocar. Ele some na escuridão.



CENA 02: UNIVERSIDADE COLBYET/ EXTERIOR/ PRAÇA EXTERNA/ TARDE.


A universidade está tomada por policiais fardados e viaturas fazendo barulhos de sirene. O clima é ensolarado, as árvores que rodeiam a praça balançam com o calmo vento, mas o clima é de total desespero e caos.


Sentados em um dos bancos da praça estão Zac (20), Josie (24), Marta (22), Cassie (21), Morty (20) e Jenna (19). Eles estão nervosos diante do acontecido da noite anterior.


ZAC — Caramba, eu realmente ainda nem acredito que isso aconteceu. Ela estava pronta para apresentar um TCC! – Ele parece bastante abalado.


CASSIE — Tenha certeza absoluta que ela pensou bastante nisso antes de morrer. Aquela vadia só pensava em como agradar os professores! – Cassie faz pouco caso.


JENNA — Até onde sabemos, ela sabia muito bem como agradar os professores. – Ela sinaliza um sexo oral com a mão e a boca, fazendo Cassie rir.


JOSIE — Como vocês podem ser tão insensíveis assim, hein? – Ela esbraveja com Cassie e Jenna, bastante abalada.


CASSIE — Amiga, talvez seja porque ela não volta mais? Então não adianta mais lamentar. – Ela fala tranquilamente.


MORTY — Calma aí, maninha. Às vezes você precisa guardar suas palavras para quando realmente forem importantes. – Morty fala quase rindo.


CASSIE — Vai se foder, Morty! – Ela mantém seu ar de desdém. – Fiquem aí no luto de vocês. Eu tenho uma vida pra viver!


Cassie vai saindo, mas de repente para de caminhar quando nota um policial (Jackson, 35) se aproximando.


JACKSON — Onde pensa que vai? Pode ficar paradinha aí. Todos aqui irão depor. Já estou sabendo que eram os mais próximos da Mary.


CASSIE — Ótimo, agora vou precisar depor por conta de uma vadia que só se importava com ela mesma.


Josie revira os olhos e Jenna respira fundo, enquanto Zac e Morty prestam atenção no policial. Marta está ao fundo falando ao telefone. Ela guarda o celular e volta ao meio do grupo.


MARTA — Infelizmente, senhor policial, eu não vou poder depor no momento. Eu não era tão próxima da Mary, sabe? Então estou indo me ocupar com outra coisa.


O policial tenta segurar seu braço, mas ela puxa com força e o encara seriamente.


MARTA — Nem tente! Você não vai empatar minha foda. – Ela sai, o deixando incrédulo.


JACKSON — Bom, eu sou o policial Jackson e tenho alguns nomes que eu vou precisar interrogar ainda hoje. A primeira é você! – Ele aponta para Josie, que revira os olhos novamente e cruza seus braços.


JOSIE — Então vamos acabar com essa merda logo. – Ela parece impaciente.


Jackson começa a caminhar e faz sinal com os dedos para que os estudantes o acompanhe. Eles vão atrás para o interrogatório.



CENA 03: CASA DOS MARIZ/ INTERIOR/ COZINHA/ TARDE.


A cozinha está exalando cheiros específicos. As chamas do fogão estão acesas, a decoração é de tons amadeirados, que variam do claro ao escuro e o ambiente é iluminado com a luz da tarde escapando pelas janelas.


Em frente ao fogão, está Loreta (48). Ela mexe panelas, mexe colheres dentro das panelas, enquanto está segurando um celular entre o ombro e a orelha direita.


LORETA — Mas é claro, Carl. Você sabe que pra mim o quanto antes isso acontecer, é melhor. – Ela segue mexendo as panelas. – Eu realmente espero que corra tudo bem. Não preciso de mais esse problema na minha vida. – Ela escuta mais algumas palavras. – Tudo bem, vou ficar aguardando seu contato. Agora deixa eu terminar a janta aqui que meus filhos já estão chegando! Tchau!


Ela finaliza a ligação e coloca o celular na bancada próxima, do lado direito. Após um tempinho mexendo as panelas, ela ouve ecoar pelo ambiente em uma voz masculina:


— MÃE!


Loreta se vira rapidamente, notando Zac e Josie entrando na cozinha.


ZAC — Que cheirinho bom, mãe! – O rapaz se aproxima dela, fazendo um carinho e dando um beijo na bochecha.


LORETA — Que bom que gostou, filho! São costelinhas com batatas. – Ela responde, mantendo a atenção nas panelas. – E a Marta? Foi se enfiar em qual buraco dessa vez?


JOSIE — O buraco da história é o que tá no meio das pernas dela. Aquela vadia deve ter ido se encontrar com o Carter. – Diz Josie, meio apática.


LORETA — Coitada da sua irmã, Josie. Deixa ela se divertir! – Loreta desliga as chamas do fogão e coloca uma travessa no forno. — Mas e a sua amiga, hein? Mary, né? Nossa, fiquei tão chocada!


Enquanto elas conversam, Zac ataca a geladeira. Ao ouvir Loreta, ele fecha a porta e vira sua atenção às duas.


ZAC — A coitada tinha um TCC para apresentar hoje. Ela iria mandar tão bem!


JOSIE — Eu não quero falar sobre isso. Me faz mal! – Ela levanta e pega sua mochila. – Vou para o meu quarto, com licença!


Enquanto Josie sai, Zac volta a atacar a geladeira.


ZAC — Ela está muito abalada com a morte daquela menina. Elas eram super amigas!


LORETA — Ela vai precisar muito de vocês agora. Era a única amiga que tinha pra contar.


ZAC — Quem manda a Josie ser chata? Olha para todo mundo com nojo.


LORETA — Ela ficou assim depois da morte do pai de vocês. Foi a mais prejudicada com tudo isso!


ZAC — Só que isso já tem tempo. Se ela não se tocar, vai acabar morrendo junto com ele!


LORETA — Vira essa boca pra lá. Zac. A sua irmã vai sair dessa! Você vai ver.


Zac dá de ombros e fecha a geladeira. Ele dá outro beijo na sua mãe e sai, deixando-a sozinha na cozinha. Loreta fica pensativa.



CENA 04: CASA DE CARTER/ INTERIOR/ QUARTO/ TARDE.


Ambiente iluminado, decoração majoritariamente masculina, com tons azuis e esverdeados. Alguns troféus de campeonatos em cima de umas bancadas acima da cama.


A cama, vestida com lençóis brancos e azuis, treme bastante. Gemidos de prazer ecoam pelo ambiente. Agora percebemos Marta de costas, pelada e rebolando em cima de Carter (22). Ela continua rebolando e gemendo, até que aumenta a velocidade e geme com mais força. Ela suspira bem no momento em que alcança o orgasmo.


A moça sai de cima de Carter e se deita ao seu lado. O rapaz está incrédulo.


CARTER — Mas já, amor? Eu ainda não gozei!


MARTA — Um homem de verdade acompanha o orgasmo da mulher. Seu pau já deveria estar acostumado com a minha vagina.


CARTER — Então rola um boquete, pelo menos?


MARTA  — Mas é claro que não! Era pra ser só uma rapidinha. Você tem a sua mão. Termina com ela!


Marta sorri e se levanta, catando suas roupas no chão e vestindo-as. Carter se sente decepcionado.


MARTA — Pra te falar a verdade, eu nem estava no clima hoje. A amiga da minha irmã morreu, levou quatro machadadas na cabeça, cinco facadas na barriga e nove tiros nas costas.


CARTER — Como você é exagerada! Mas coitada da menina. Deve ter sofrido muito, igual a Josie com a morte do seu pai!


MARTA — Nossa como você é idiota! – Marta agora está séria. Ela calça seus tênis, pega seu casaco e faz menção de ir embora.


CARTER — Aonde você vai, amor?


MARTA — Vou na casa da puta da sua mãe. – Diz ela, com ódio estampado em seu rosto.


CARTER — Você sabe que ela tá morta! – Carter está incrédulo.


MARTA — Talvez eu encontre meu pai por lá também, seu merda. Tchau! – Ela sai, batendo a porta com força.


Carter fica sozinho, sem entender o ocorrido. Ele dá de ombros e começa a movimentar sua mão por debaixo do edredom, se masturbando.


CENA 05: CASA DOS MARIZ/ INTERIOR/ QUARTO DE ZAC/ TARDE.


Deitado na cama, Zac está de bruços e com as pernas dobradas, balançando-as. Ele está com o celular do seu lado, no viva voz, falando com Cassie por chamada.


ZAC — Mas amiga, aquele garoto é um idiota. Ele não liga pra nada, faz a Marta de besta. Ela só aprendeu a devolver!


Ao fundo, vemos a porta ser aberta lentamente, sem fazer barulho. Josie ouve toda a conversa.


CASSIE — Mas você sabe que a Marta também não é fácil. Ela é uma vadia, igualzinha a mim!


ZAC — Claro que a Marta não vale nada, mas ela é minha irmã. Quero o melhor pra ela!


CASSIE — Você deveria querer o melhor pra você, isso sim. Olha o Morty, meu irmão é doido por você.


Ao fundo, Josie está chocada, apenas aguardando a reação de Zac.


ZAC — Você sabe muito bem que não é o Morty que eu quero. Eu preciso de um homem, o Morty é quase uma mulher! – Cassie ri muito no fundo da ligação.


CASSIE — E desde quando você liga pra isso? Achei que gays eram uma espécie evoluída!


ZAC — Gays também são gente, sua vadia. Temos nossas preferências!


A porta ao fundo se fecha lentamente.


CORTA PARA:


Josie está perplexa. Ela coloca a mão na sua boca em sinal de choque, enquanto a conversa se Zac com Cassie ecoa ao fundo.


JOSIE — Bem, o filhinho de ouro na verdade é de bronze!


CENA 06: CASA DOS SOMNIE/ INTERIOR/ QUARTO DE JENNA/ TARDE.


Cansada, Marta se joga na cama de Jenna e suspira bem fundo, enquanto Morty se senta ao lado da amiga e Jenna os observa, de pé. O quarto tem tons predominantes rosas, com alguns detalhes em amarelo.


MARTA — O seu quarto parece um circo dos horrores de Barbies safadas. – Jenna ri alto e Morty a acompanha.


MORTY — Mas é porque aqui realmente dorme uma Barbie bem safadinha.


Jenna pega uma almofada em cima de uma poltrona lilás e joga em Morty.


MARTA — Eu briguei com o Carter. – Ela suspira.


JENNA — De novo? – Ela está incrédula.


MORTY — Vocês dois são o casal mais insuportável do mundo.


MARTA — Você diz isso porque nenhum homem quer te comer. – Morty balança a cabeça em negação e semicerra os olhos. — O Carter é um idiota. Todas as vezes que nos encontramos ele dá um jeito de estragar tudo.


JENNA — E o que diabos ele fez dessa vez?


De repente algumas batidinhas na porta ecoam e logo em seguida se abre. É Sarah (46), mãe de Cassie, Morty e Jenna.


SARAH — Vocês querem alguma coisa? Um lanchinho, um suco…? O almoço está pronto!


MORTY — Estamos bem, mãe! Pode ficar tranquila. Nestante descemos!


Sarah sorri e sai, fechando a porta em seguida.


MORTY — Continua, amiga!


MARTA — Ele me comeu por trinta minutos e depois foi estúpido. Ele falou do meu pai!


MORTY — E desde quando você liga pra isso?


MARTA — Desde quando eu preciso inventar uma desculpa pra não ter que fazer um boquete nele, porque infelizmente ele não tem ejaculação precoce.


MORTY — Nossa, mas você é uma vagabunda!


MARTA — Eu sei, amigo! – Ela fica cabisbaixa. — Agora eu vou precisar ficar uma semana sem falar com ele só pra compor meu teatro.


JENNA — E deixa eu adivinhar: você vai atrás dele quando estiver com tesão.


MARTA — Mas é claro! Não é só pra isso que ele serve? Ou você acha que eu vou gastar o meu futuro casando com o galinha do Carter?


Morty e Jenna ficam boquiabertos com as palavras de Marta. Eram muito mais cruéis do que o normal.


MORTY — Agora me deu uma dó do coitado!


MARTA — Fica com ele pra você! — Ela gargalha.


MORTY — Não, não! Você sabe quem eu quero.


JENNA — Quer e não vai ter. O Zac é o cara mais centrado que conheço. Até parece que ele vai querer um gayzinho básico igual você!


MORTY — Você me odeia, né?


Jenna sorri e assente com a cabeça, fazendo Marta dar risadas.


MARTA — O Zac é um hétero sonso. Ele tem essa pinta de gay, mas todo mundo sabe que ele ama uma mulherzinha.


MORTY — Eu não me importo. Não há um hétero que resista a um bom viado manipulador.


JENNA — E quem é o viado manipulador?


Um silêncio de segundos reina pelo ambiente. Até que Morty pega a almofada que Jenna havia o jogado e devolve, em forte. Eles riem alto e iniciam uma guerra de travesseiros.



CENA 07: CASA DOS MARIZ/ INTERIOR/ SALA DE JANTAR/ NOITE.


Após a tarde ter ido embora, a escuridão da noite toma conta da cidade. As iluminações dos postes fazem a fachada da casa dos Mariz se destacar, junto a algumas árvores ao redor.


Na sala de jantar, Loreta, Josie e Zac estão sentadas à mesa. O silêncio paira sobre o ambiente. Zac está inquieto, tremendo as pernas.


ZAC — Eu estou com fome! Por que temos que esperar a Marta? Ela obviamente não vai comer em casa hoje.


LORETA — Ah, que seja! Podemos comer. – Loreta pega seus talheres e começa a movimentar em seu prato.


O som dos talheres arranhando os pratos é insuportável. E de repente, uma bomba é jogada no meio da sala.


LORETA — Estamos finalizando o processo para a abertura do testamento do pai de vocês. Se tudo der certo, acontecerá ainda esta semana!


Josie para de movimentar os talheres no prato instantaneamente.


JOSIE — Parabéns! – Ela mantém um tom apático em sua voz.


LORETA — Como é que é? – Ela está incrédula internamente. Ela fita Josie de cima para baixo.


JOSIE — Eu disse parabéns! – Ela engrossa a voz. — Não era isso que você queria? Desde o começo? Então parabéns!


Loreta encara Zac, enquanto o rapaz está de cabeça baixa, comendo. A mulher agora encara Josie, que a devolve um olhar extremamente vazio e ao mesmo tempo cheio de ressentimentos em forma de lágrimas. Elas se encaram por longos segundos.



CENA 08: CASA DOS SOMNIE/ EXTERIOR/ VARANDA/ NOITE.


Marta está colocando seus fones de ouvido, enquanto caminha para a frente da casa dos seus amigos. Ela finalmente está indo embora.


Assim que ela pisa na calçada após a grama, um táxi se aproxima. Ela entra sem pensar duas vezes e bate a porta do carro com certa brutalidade, sem nem olhar para o motorista.


MARTA — Toca para a rua Elm, motorista! – Ela se aconchega no banco e encosta sua cabeça no vidro.


O carro começa a andar.


Marta fecha seus olhos para curtir a música. Minutos se passam, quando de repente o seu celular toca bem alto, fazendo-a levar um susto.


Ela olha o visor do celular e um nome a deixa sem paciência: CARTER. Ela atende, ainda com fones de ouvido.


MARTA — Alô? (T) Eu estou indo pra casa, seu idiota. (T) Onde eu estava? Claro que eu estava no cemitério batendo uma siririca pra sua mãe, aquela puta! (T) Me deixa em paz, Carter. Eu estou estressada!


Ela desliga e volta a ouvir sua música.


Lá fora, a escuridão toma conta de tudo. Ela estranha não haver mais luzes de postes, como no cenário urbano no qual estava. Agora é tudo rodeado de árvores fechadas, como se estivessem engolindo o pequeno carro.


Marta tira seus fones e, ainda olhando na janela, sente um arrepio. A iluminação no carro está cada vez mais escassa.


MARTA — Moço, não estamos indo para o lado errado, não?


Ela olha para o motorista e sente um gelo na sua espinha instantaneamente, pois no banco da frente, há apenas uma figura encapuzada sendo engolida pela escuridão no veículo.



CONTINUA…

Post a Comment

Tradutor