A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 5


Rodrigo está no seu apartamento tomando um gole de café enquanto lê algo no tablet. É quando recebe uma chamada no seu celular. 

Rodrigo: (atende) Oi, Dan. 

Daniel: Rodrigo, eu descobri. 

Rodrigo: Descobriu o quê? 

Daniel: Onde eu fui abandonado. Pela minha mãe biológica.

Rodrigo: (reage) Quê?

Daniel: (atônito) Rodrigo… eu fui deixado num orfanato. 

Rodrigo: Peraí, Daniel, se acalma. Respira.

Daniel: Vem aqui em casa, por favor. 

Rodrigo: Tô indo agora. Vê se fica calmo. 

Ele encerra a chamada e já faz outra logo em seguida. Do outro lado da linha, Lucas atende. 

Lucas: Alô, Rodrigo? 

Rodrigo: Oi, parceiro, não vai dar pra você vir aqui agora de tarde. Vou precisar sair, vou resolver um problema urgente. 

Lucas: Aconteceu alguma coisa? 

Rodrigo: Coisa de trabalho. Tô indo na casa do Daniel. Tchau. Depois te ligo. 

Lucas: Tchau…

Rodrigo desliga. 

Lucas fica pensativo. Ele disca seu celular e liga para Angélica. 

Lucas: Rodrigo acabou de me ligar. Ele tá indo aí. 

Angélica: Aqui? Pra quê?

Lucas: Eu sei lá. Vai encontrar com o Daniel aí. Fica atenta. 

Angélica: Já até imagino o motivo. Eu, burra, falei pro Daniel que a Sílvia tinha um diário e que lá poderia ter alguma resposta sobre o passado dele. 

Lucas: Pois é. Agora o Rodrigo deve estar indo aí pra conversar com o Daniel sobre isso. Eles estão um passo à frente de nós! Parabéns, mamãe, como sempre fazendo merda. 

Angélica: (furiosa) É, e uma delas foi ter colocado você e seus irmãos no mundo. Tchau! 

Ela desliga na cara dele. 

Lucas: Desgraçada. 


A campainha da mansão toca. Olga abre a porta. 

Olga: Bom dia?!

Rodrigo: Bom dia. Sou Rodrigo Brandão. Investigador.

Olga: Ah, claro, seu Rodrigo, por favor. 

Ela dá espaço para ele entrar. 

Olga: Seu Daniel falou que o senhor ia chegar. Pode se sentar. Quer algo? Uma água, café? 

Rodrigo: Quero sim. Primeiro, que você pare de me chamar de senhor. 

Ela ri. 

Olga: Claro… 

Rodrigo: Eu vou querer um café, mas eu prefiro esperar o  Daniel.

Olga: Como quiser. Vou chamá-lo. Com licença. 

Minutos depois, Daniel desce com uma caixa nas mãos. Olga, que servia café para Rodrigo, se afasta, deixando a bandeja com garrafa térmica e xícaras na mesa de centro.

Daniel: Oi Rodrigo. 

Ele larga a caixa no sofá e o beija, abraçando-o em seguida. Escondida atrás da escada, Olga vê tudo, intrigada. 

Rodrigo: Tá mais calmo? 

Daniel: Tô sim. 

Os dois se sentam no sofá. 

Daniel: (mostra a caixa) Aqui. Angélica disse que a minha mãe tinha um diário. Eu fui ler e descobri que ela me encontrou no Orfanato Nossa Senhora das Dores. Com certeza foi lá que eu fui deixado pela minha mãe biológica. 

Rodrigo: Deixa eu ver isso. 

Rodrigo abre a caixa e tira o diário de lá. Ele começa a ler. Impaciente, Daniel passa as páginas. 

Daniel: (mostra) Aqui. Ela diz aí. 

Rodrigo: Orfanato Nossa Senhora das Dores. Eu sei onde fica.

Daniel: (surpreso) Sabe? 

Rodrigo: Sei… Eu vou lá agora. 

Angélica chega por trás de Olga, que continua observando à espreita. As duas falam algo em off, entre elas. Angélica decide ir até Rodrigo e Daniel. 

Angélica: Com licença. 

Os dois viram-se para olhá-la. 

Angélica: Desculpe, estou interrompendo alguma coisa? 

Daniel: Não… ele já estava de saída. 

Rodrigo se levanta.

Rodrigo: A senhora deve ser Angélica. 

Ele cumprimenta a governanta com um aperto de mão. 

Rodrigo: Daniel falou muito da senhora. 

Angélica: Mas ele não falou nada sobre você. 

Daniel: (constrangido) É verdade. Esse é Rodrigo, Angélica, ele é investigador. Ele está me ajudando a investigar o paradeiro da minha mãe de sangue.

Angélica: Como vai, Rodrigo?! Pelo visto não é só isso que você anda fazendo com o meu menino, estou certa? 

Rodrigo ri, sem jeito.

Rodrigo: Bem…

Angélica: Não precisa se explicar. Dá pra ver o quanto vocês estão envolvidos um com o outro. Vou deixar vocês dois sozinhos. 

Daniel: Na verdade ele já está indo, né Rodrigo? 

Rodrigo: É… Mas eu volto trazendo notícias. 

Ele vai até Daniel e o beija, sob o olhar atento de Angélica. 

Rodrigo: Tchau… (para Angélica) Tchau, foi um prazer. 

Angélica: (dando um sorriso falso) Até mais, querido. 

Daniel acompanha Rodrigo até a porta e fecha após a saída dele. 

Angélica: (sarcástica) Muito bonito esse seu ficante investigador. 

Daniel: (sorri) Pois é, né? Ele é perfeito. 

Angélica: Mas fica atento, tá, meu amor? Esses homens muito perfeitos são capazes das piores atrocidades que alguém pode cometer.

Após isso, ela sai, deixando Daniel intrigado. 


Ao chegar na cozinha, Angélica encontra Marinalda, que havia entrado pela porta dos fundos. 

Marinalda: (surpresa) Dona Angélica…

Angélica: Posso saber onde a senhorita estava? 

Marinalda: Eu fui visitar a minha avó. 

Angélica: Com a permissão de quem? 

Marinalda: Do Dani-

Angélica: (interrompendo-a, apertando o braço dela) Era pra mim que você tinha que ter pedido permissão, sua imundinha. 

Marinalda: Mas dona Angélica, se eu pedisse permissão pra senhora, a senhora não ia dei…

Angélica: Cala a boca! Você vai trocar de roupa agora, vai por seu uniforme e vai lavar todos os banheiros da casa, incluindo as suítes. Até às seis eu quero ver o chão do banheiro brilhando. Caso contrário, você vai lavar de novo até que fiquem todos limpos. Você entendeu? E nada de sair sem a minha permissão! Se falar algo pro Daniel eu te mato! 

Marinalda: (quase chorando) Sim senhora! 

Angélica solta o braço dela bruscamente e se retira. Marinalda chora silenciosamente.


Rodrigo chega no Orfanato Nossa Senhora das Dores e vai até a recepção.

Rodrigo: Bom dia. 

Recepcionista: Bom dia, posso ajudar? 

Rodrigo: Pode sim. Eu me chamo Rodrigo Brandão. Eu sou investigador (mostra seu cartão). Venho em nome da família Ferraz. Eu tô procurando pistas de alguém que pode ter abandonado uma criança aqui anos atrás. 

Recepcionista: Olha, senhor… Desculpe, mas eu não tenho esse tipo de informação.

Rodrigo: É verdade… Você não tem. Mas sabe de alguém que pode ter. Não é? 

Recepcionista: (acanhada) Você pode conversar com o diretor do nosso orfanato. 

Rodrigo: Adoraria se fosse possível! 

Ela pega o telefone, põe no ouvido e começa a discar. Rodrigo espera, atento.  


O diretor do orfanato recebe Rodrigo e os dois estão sentados frente a frente. 

Diretor: Muitas crianças são deixadas aqui todos os anos. Você teria que ser uma pessoa bem paciente para procurar registros de alguém específico em meio a tantos nomes. 

Rodrigo: Só que nesse caso eu não tenho apenas um nome específico, mas também uma data específica. A criança que foi abandonada aqui, foi adotada no dia 30 de abril de 1995. O senhor com certeza tem em seus arquivos o nome da pessoa que o abandonou e o nome da pessoa que o adotou. Não esqueça. Venho em nome da família Ferraz, muito bem quista na sociedade, inclusive, benfeitora desse orfanato. 

O diretor levanta e vai até às gavetas com arquivos. Ele abre uma delas e tira de lá uma caixa. 

Diretor: Deu sorte. Se você viesse amanhã, não encontraria. Iríamos dar fim nisso. 

Rodrigo abre a caixa e começa a checar os arquivos, procurando pelo nome de Daniel. Não demora muito e consegue localizá-lo. 

Rodrigo: (lendo) Daniel de Almeida, adotado por Sílvia e Alfredo Ferraz. Deixado aqui por Séfora de Almeida. (p/o diretor) Quem é essa tal de Séfora? 

Diretor: Eu não sei… Assumi a direção daqui só faz dez anos. 

Rodrigo fica pensativo. 


Anoitece.

Rodrigo está em seu apê, pensativo. A campainha toca. Ele corre pra atender. 

Rodrigo: (surpreso) Lucas?  

Lucas: (sorri) Oi. (mostra a garrafa) Trouxe um vinho. 

Rodrigo: (sem jeito) Entra…

Lucas entra. 

Lucas: Você disse que estaria fora pela tarde, então eu presumi que às oito você já estaria em casa. (percebe ele sem jeito) Você estava esperando alguém? Se quiser eu posso ir embora. 

Rodrigo: (se aproxima) Não, imagina. Eu tô esperando o Daniel. Inclusive, achei que era ele quando você tocou a campainha. Mas senta. Vamos tomar um gole do vinho enquanto ele não chega. 

Lucas: Você tinha falado pra mim que estava indo na casa dele, que ia resolver algo relacionado a trabalho. Você tá trabalhando pro Daniel? 

Rodrigo: Ele descobriu que é adotado. 

Lucas: Sim, ele me contou. 

Rodrigo: Pois. Agora quer investigar onde que tá a mãe de sangue dele. Direito dele né? 

Lucas: Claro… (pretensioso) E você já conseguiu descobrir alguma coisa? 

Rodrigo: Só o nome da pessoa que o abandonou no orfanato onde a Sílvia Ferraz o adotou. 

A campainha toca.

Rodrigo: Deve ser ele. 

Lucas: Vou ao banheiro, licença.

Rodrigo: Tá…

Rodrigo dá as costas para atender a porta. Nesse meio tempo, Lucas, rapidamente, deixa o gravador de voz do seu celular ligado em cima da mesa com a tela virada para baixo e vai até o banheiro. Rodrigo recebe Daniel. 

Daniel: (o beija) Demorei? 

Rodrigo: Não. Senta aí. 

Daniel: Não, eu tô ansioso demais pra sentar. Me conta logo. Qual o nome da minha mãe biológica?

Rodrigo: Calma, Dan. Eu não tenho certeza se essa mulher é de fato a sua mãe. A única coisa que eu descobri foi, que ela se chama Séfora de Almeida, que ela tem uns 86 anos e que ela está vivendo agora no Asilo Maria de Fátima. 

Daniel: Então ela pode não ser minha mãe, mas minha avó? 

Rodrigo: Pode ser… Isso a gente vai descobrir amanhã. 

Daniel: Você vai lá, não é? Eu posso ir com você? Por favor! Eu preciso olhar na cara dessa mulher e perguntar quem é ela e porque ela me deixou lá. 

Rodrigo: Claro. Você vai comigo sim! 

Daniel o abraça forte. 

Daniel: Eu tô tão feliz que a gente tá cada vez mais perto da verdade. Eu vou poder finalmente respirar em paz quando a gente chegar lá, quando tudo ficar esclarecido. (desfaz o abraço e olha em seu olho) Obrigado por tudo.

Rodrigo: Tomara que o desfecho dessa história toda traga um sorriso nesse rostinho lindo seu. Tudo o que eu quero é te ver feliz. 

Daniel: Você já me faz feliz! 

Os dois se beijam carinhosamente. Lucas sai do banheiro, interrompendo os dois. Ele pega o celular sem que ambos não vejam.

Lucas: Vocês são tão lindos juntos. 

Daniel se vira.

Daniel: (sorri) Você tava aqui? 

Lucas: Tava no banheiro.

Rodrigo: Lucas tava doido pra vir aqui em casa. 

Daniel: Ah, que ótimo, já que ele tá aqui, a gente pode botar uma música né? Afinal de contas, a gente precisa comemorar.

Lucas: (sorri) Não faço ideia do porquê dessa comemoração, mas eu trouxe vinho. 

Daniel: (sorri, abraçado a Rodrigo) Perfeito. 


Horas mais tarde, Lucas está dentro do carro com Angélica. Ambos nos bancos da frente. Angélica ouve toda a conversa entre Rodrigo e Daniel que Lucas deixou gravado em seu celular. Ela acaba de ouvir a gravação.

Lucas: E então? O que a gente faz agora?

Angélica: Nós temos dois problemas. O primeiro deles é essa história de amor entre o Daniel e o Rodrigo. Essa palhaçada tem que acabar! Eu não queria que os dois se unissem pra isso! 

Lucas: É, mas eles estão apaixonados agora. O Rodrigo não vai poder cumprir a missão de matar o Daniel.

Angélica: O Rodrigo passou de solução para estorvo, mas eu darei um jeito nisso. E quanto a essa velha que surgiu no meio da história, Rodrigo disse que vai visitá-la no asilo amanhã, não é? 

Lucas: Vai. E o Daniel vai junto. 

Angélica: (reage) Vai porcaria nenhuma! Ele não vai! Mas não vai mesmo! Eu não vou permitir que nada nem ninguém acabe com os meus planos. Quero também que você ligue pro seu primo imediatamente. 

Lucas: Pro Sebastian? 

Angélica: Sim. Avise que essa semana eu vou fazer uma visitinha a ele. E quanto a essa Séfora de Almeida… (sorri maleficamente) Amanhã ela vai ter uma grande surpresa! 

Assim que chega em seu apartamento, Lucas pega seu celular e clica em um contato da sua lista. Ele põe o celular no ouvido.

Lucas: (sorri) Oi, primo. (desfaz o sorriso) Ah, é você, Gardênia… Cadê ele? 

Do outro lado, Gardênia, jovem, morena e bonita, vai com o celular até Sebastian, que está numa banheira cheia de espumas e trajando apenas um tapa olhos. Ela cutuca ele com o celular na mão. 

Sebastian: Que foi? 

Gardênia: Ligação do Brasil. É o Lucas.

Sebastian: Porra… que inferno. (ele tira o tapa olhos e pega o celular) O que você quer? 

Lucas: Que grosseria. Cadê sua educação? 

Sebastian: Tá dentro do meu cu. 

Lucas: Olha, eu tô te ligando a pedido da minha mãe. Ela mandou te informar que vai aí essa semana.

Sebastian: O que essa vaca quer? 

Lucas: Vai saber quando ela chegar aí. 

Sebastian: Pera. Como ela vai fazer pra chegar aqui? Até onde eu sei, o salário de empregadinha que ela recebe não dá pra ela viajar nem como segunda classe. Ela teria que vir dentro da mala.

Lucas: Se toca, Sebastian. Minha mãe tem privilégios naquela casa, se ela quiser brotar aí a qualquer hora ela consegue. Enfim, o aviso está dado. Passar bem. 

Sebastian: Passa você. Abusado. 

Sebastian desliga. 

Sebastian: Acabou meus dias de paz. 

Gardênia: Eu falei pra você bloquear o número dessa gente toda, mas como sempre cê pegou o ouvido e enfiou no cu. 

Sebastian: Não posso fazer isso, eu tenho que manter eles por perto. Principalmente minha tia Angélica. Não sei o que ela quer comigo, mas acho que agora é a oportunidade perfeita de fazer essa putinha pagar por tudo o que ela fez com a minha família. 


No dia seguinte, na mansão Ferraz, Marinalda prepara o café da manhã de Daniel, bocejando de sono. Olga aparece por trás.

Olga: Tá bocejando demais hoje, Marinalda. 

Marinalda: Tô muito cansada. A diaba me fez limpar todos os banheiros da casa ontem. 

Olga: Toma cuidado. Se dona Angélica te ver com essa cara, ela te mata. 

Marinalda: Qualquer coisinha é motivo pra ela me massacrar, Olga. 

Olga: Vai lavar esse rosto, vai. Deixa que eu termino de fazer isso. Vai… 

Marinalda: Obrigada. 

Marinalda sai. Percebendo que está sozinha, Olga despeja um frasco de Lacto purga sem sabor de 100ml no copo de suco. Ela mistura com a colher. Em seguida, pega a bandeja e sai. Ao chegar no quarto de Daniel ela entra e deixa a bandeja em cima da cama. 

Olga: Bom dia. 

Daniel: (acorda) Bom dia, Olga. 

Olga: Como passou a noite? 

Daniel: Ótimo… E você? 

Olga: Muito bem… Trouxe seu café. 

Daniel: Obrigado. Pode ir, qualquer coisa eu te chamo. 

Olga: Com licença. 

Ela se retira. Angélica a espera no corredor. As duas se falam sussurrando. 

Angélica: E aí? 

Olga: Fiz do jeito que você falou. 

Angélica: Ótimo… 

Olga: Você acha que vai dar certo?

Angélica: Despejou o frasco todo como eu falei? 

Olga: Claro…

Angélica: Então vai dar certo sim. Esse idiota não vai sair do quarto tão cedo. (ri) Vai ficar com o cu esfolado de tanto cagar. 

Olga: Mais ainda? 


Lucas estaciona seu carro em frente à mansão. Ele corre até lá e aperta a campainha. Olga abre a porta. 

Olga: Bom dia… (vê Lucas) Ah é você. 

Lucas: (olha pros lados) Cadê a minha mãe? 

Olga: (sussurra) Shi, fala baixo. Seu louco, já pensou se alguém ouve? 

Lucas: Você já deu o purgante pro purgante? 

Olga: Já.

Lucas: Então não tem ninguém pra ouvir nada. 

Olga: Tem sim, a Marinalda. 

Lucas dá muxoxo e se joga no sofá.  

Lucas: Mamãe vai demorar? (Olha o relógio) 

Olga: Tá terminando de se arrumar. 

Lucas olha pros lados. 

Lucas: Então a gente poderia aproveitar que a gente tá sozinho nessa sala né? 

Olga: Para. Não começa. 

Lucas vai até ela e a agarra, prensando-a na parede e beijando-a com muito fogo. Olga retribui. Lucas começa a beijar o pescoço dela e vai levantando seu vestido ao agarrar sua coxa. 

Olga: (tenta afastá-lo) Para, alguém pode ver. Para, Lucas. Ninguém pode descobrir a gente assim.

Lucas: Só vão descobrir se você contar. E você não vai contar. Vai?

Olga: Claro que não. 

Os dois se olham intensamente. Olga lhe prende com a coxa que está levantada. 

Olga: Irmãos guardam segredos. 

Os dois voltam a se beijar feito loucos. 


Lucas estaciona o carro em frente ao Asilo Maria de Fátima. Angélica está com um casacão preto e uma peruca Chanel loira. 

Angélica: Chegou a hora…

Lucas: Vai demorar lá dentro? 

Angélica: Não muito. Será apenas uma visitinha rápida. Me espera aqui.

Lucas: Viu… anda logo. 

Ela desce do veículo e adentra o local. Vai até a recepção. 

Angélica: Bom dia… Eu vim visitar minha tia, dona Séfora de Almeida. 

Recepcionista: Claro… Documentos, por favor. 

Angélica: Aqui.

Ela tira um RG da bolsa e entrega para a recepcionista. Detalhes para o RG, na foto, Angélica tem a mesma aparência do seu disfarce e o nome é “Nice dos Santos”.

Recepcionista: (entrega o RG de volta) Quarto 606, dona Nice. 

Angélica: (sorri) Obrigada. 

Ao dar as costas para ela, Angélica desfaz o sorriso e no lugar dele, entra uma expressão diabólica no rosto. 


Ela entra no quarto de Séfora, que está dormindo. Angélica olha para a mulher por um tempo.

Angélica: (fala para si) Vai ser mais fácil do que pensei.

Ela fecha os olhos e começa a rezar silenciosamente. Ao terminar, ela faz o sinal com a cruz e sorrateiramente, abre sua bolsa, tirando de lá, uma seringa. Ela se aproxima e senta na cama, ao lado da velha. Angélica fura o braço dela com a seringa e aplica ar na sua veia. Em seguida, limpa a gotícula de sangue de seu braço com o algodão e a observa dormir. 

Instrumental: Chasser - Felipe Alexandre.

Angélica: Descanse em paz nos braços do nosso senhor Jesus Cristo. (ela faz o sinal da cruz) Amém! 

Ela levanta e sai do quarto. Séfora permanece de olhos fechados na cama. 


Enquanto isso, Rodrigo está com o carro parado no meio da rua, ligando para Daniel.

“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem…”

Rodrigo: Desculpa, Dan… Vou ter que ir sem você. 


Marinalda para no corredor, em frente ao quarto de Daniel. Ela bate na porta.

Marinalda: Seu Daniel? Vim pegar a bandeja do café.

Marinalda bate na porta novamente, mas não obtém respostas. Ela então entra no quarto. Ao ver a cama vazia, vai até o banheiro. Ao entrar dá um grito. Ela se depara com Daniel desmaiado no chão do banheiro.

Marinalda: Meu Deus… Daniel… (se agacha) Daniel… (grita) Olga!!! Olga! Me ajuda aqui. OLGAAAAAAAAA. 


Rodrigo entra no Asilo Maria de Fátima e estranha ao ver a equipe do Instituto Médico Legal no lugar. 

Rodrigo: (vai até a recepção) Bom dia, com ver a dona Séfora de Almeida. 

Recepcionista: Você é parente dela? 

Rodrigo estranha a pergunta.

Rodrigo: (mente) Sou neto. Porquê? 

Recepcionista: Sinto muito… A sua avó acaba de falecer. 

Rodrigo: (chocado) O quê? 

Recepcionista: Os médicos suspeitam que ela teve uma embolia pulmonar enquanto dormia. Olha, meus pêsames, senhor. Sua avó era muito querida aqui no asilo. O senhor seria a segunda visita que ela receberia hoje.

Rodrigo: (sem entender) Como? 

Recepcionista: Dona Séfora recebeu uma parente hoje cedo. Ela foi embora tem pouco tempo.

Rodrigo: (reage) Parente? Quem foi?

Recepcionista: Uma senhora chamada Nice dos Santos. 

Acreditando que pode ser uma pista para levar até a mãe de Daniel, Rodrigo decide arriscar. 

Rodrigo: Você tem uma foto dessa tal de Nice aí? Preciso saber se é a pessoa que eu tô pensando.

Recepcionista: Claro… 

Ela abre as imagens das câmeras de segurança no computador e vira a tela para mostrar a Rodrigo, que se encurva para ver a imagem da tal mulher. 

Rodrigo: Dá um zoom pra mim?

A recepcionista dá um zoom no rosto da mulher e Rodrigo fica chocado. Ele se afasta aos poucos, em estado de choque. 

Rodrigo: A governanta… 

ENCERRAMENTO.





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