Uma novela original WNC
Autora: Megan Clarke
Capítulo 07
“Aliança”
CENA 1/CASEBRE DOS
PESCADORES/INTERIOR/TARDE.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Miguel e
Samuca se encaram. O primeiro alterna seus olhares entre Samuca e Alex (que
está no sofá, desacordado).
SAMUCA: Pai, eu posso explicar.
MIGUEL: Samuca?! Mas cê tá... (olha para Alex) Lá em casa tavam dizendo
que cê tava doente, com febre... (olha pra ele) E agora cê tá aí, de pé?! O que
tá havendo aqui?! (olha para Alex) Que... (para Samuca) Que brincadeira de mal
gosto é essa?
BRUNA: (baixo, pra Samuca) Melhor abrir logo o jogo.
SAMUCA: Acontece que não era de mim que estavam falando. (aponta pra
Alex) Era dele! Esse aí é o Alex, pai. Eu reencontrei ele.
Miguel olha espantado para Alex, indo até ele e se abaixando. Seus olhos
enchem de lágrimas.
MIGUEL: (tocando no rosto dele) Meu filho?!...
SAMUCA: Uma hora todo mundo ia ficar sabendo, você ia ficar sabendo. Mas
não era pra ter sido assim, desse jeito. Não agora.
MIGUEL: (se levanta rapidamente) Você reencontrou o seu irmão (parte pra
cima dele) e não falou nada pra mim?!
SAMUCA: Calma, pai!
MIGUEL: Por que você escondeu isso de mim? Aliás, o que tá acontecendo
aqui finalmente? Como assim ele tava doente e... acharam que era você? O que é
isso?
SAMUCA: (sério) Fica calmo, por favor! Com você nervoso não tem como
explicar merda nenhuma. (T) Depois que a gente se reencontrou, nenhum dos dois
queria voltar pra casa. O Alex teve uma treta lá com o povo dele lá, aí eu tive
essa ideia, pra que nós dois trocássemos de lado.
MIGUEL: O quê?! Não acredito que cê teve uma ideia ridícula como essa.
Trocar de lugar com seu irmão? (se exalta) Mas que porra é essa?.
SAMUCA: (se irrita) Era o único jeito de acabar com aquela desgraça
daquele velho miserável desgraçado maldito do Getúlio.
MIGUEL: Mas, meu filho, isso é loucura demais. Você tá cutucando cobra
com vara curta, tá correndo risco demais com esse homem.
SAMUCA: Acontece que eu não me importo nem um pouco com isso!
Miguel se aproxima dele.
MIGUEL: Filho... Me escuta, escuta teu pai. Para com essa agonia. Vambora
pra casa, viver a nossa vida, eu você, sua mãe, sua irmã. Vamo voltar a ser o
que era antes, a gente, agora com teu irmão com a gente, filho, nós todos,
felizes juntos...
SAMUCA: Não, não...
MIGUEL: Me escuta...
SAMUCA: Não, não, (grita) NÃO! NÃO VOU VOLTAR ATRÁS! Eu não vou jogar
fora uma oportunidade como essas, não vou deixar aquela desgraça daquele homem
viver livre, leve e solto depois de tanta barbaridade que ele fez. Não vou! Se
tem alguém que vai colocar o Getúlio atrás das grades, esse alguém sou eu! O
neto mais velho dele! O diabinho! Era assim que ele me chamava quando eu era
pequeno. Eu vou lá transformar a vida dele num inferno, se eu puder colocar ele
no inferno também vai ser melhor ainda.
MIGUEL: Cê tá louco, tá transtornado, filho! Olha pra mim, filho. Tudo
isso que cê acabou de me dizer é uma grande loucura! Isso não vai dar certo! Cê
tá mexendo com gente muito perigosa, e mesmo se você conseguir colocar o
Getúlio atrás das grades, uma hora ele vai conseguir sair da cadeia, ele vai dar
um jeito. (T) Filho, tudo nessa vida tem um preço, Samuca/
SAMUCA: (farto) Chega! Chega, pai, chega! (T) Não vai adiantar, nada!
(T) Nada do que você disser vai me convencer a voltar pra casa.
MIGUEL: Samuca, eu não posso deixar você levar isso adiante. Eu vou
contar pra sua mãe desse seu plano e você vai acabar com isso, cê vai voltar
pra casa e deixar aquela gente em paz!
Samuca se aproxima um pouco mais de Miguel, ficando cara a cara com ele,
encarando-o, olhando nos olhos dele.
SAMUCA: Então fala! Vai, conta tudo pra mãe, joga toda a merda pelo
ventilador. Conta do meu plano, conta, conta tudo... e eu falo pra ela que foi
por culpa sua que o Getúlio nos expulsou da mansão e nos tratou feito cachorros
de rua lá no passado!
MIGUEL: (desacreditado) Você não seria capaz...
SAMUCA: Ah não?! Então faz o teste. Depois me diz se valeu a pena pra
você. (T) Aposto que você nem deve ter contado a verdade pra ela ainda né? Mas
é melhor adiantar, papai, quanto mais cedo melhor.
Miguel fecha os olhos e respira fundo. Samuca se afasta e anda pro outro
lado da sala.
SAMUCA: Aproveitando que cê tá aqui. (entrega a sacola com os remédios)
Esse aqui é o remédio do Alex. Você vai levar ele de volta pra casa e vai
inventar uma história pra todo mundo. Diz que achou ele caído na rua, perto de
uma farmácia, sei lá, inventa qualquer coisa, só não diz que me viu! Não fala
nada do nosso plano ou você já sabe o que vai acontecer né?
MIGUEL: (pegando a sacola) Pode deixar!
SAMUCA: Ótimo!
BRUNA: (baixo, para Samuca) É melhor a gente ir...
Bruna passa por Miguel e vai em direção a porta. Samuca vai seguido
dela, mas antes, para, diante do pai.
SAMUCA: O senhor terá notícias minhas... breve!
Em seguida, Bruna abre a porta e sai, seguida de Samuca. Miguel fica
pensativo. Close em Alex, desacordado no sofá.
CENA 2/CARRO DE BRUNA/INTERIOR/NOITE.
Bruna e Samuca no carro. A primeira, dirige.
BRUNA: Se você quiser, eu posso te dar umas aulas de pilotagem.
SAMUCA: (sorri) Vai ser foda!
BRUNA: Pelo visto, você e seu pai são iguais hein?!
SAMUCA: Ah, todo mundo diz a mesma coisa...
BRUNA: (sorri) É, incrível isso... Todo mundo também dizia que eu tinha
o mesmo jeito da minha mãe... (séria) Aliás, por falar nisso, eu acho que agora
dá pra cê ficar sabendo de tudo.
SAMUCA: Como é uma coisa bem séria, acho melhor cê me contar só quando
chegarmos em casa. Sou muito novo pra morrer num acidente automobilístico.
BRUNA: (rindo) Qual é? Tá me chamando de barbeira agora?
SAMUCA: (rindo) Eu não disse nada!
CENA 3/CASA DE RAVENA/QUARTO DE SAMUCA/INTERIOR/NOITE.
Ravena acabara de medir a temperatura de Alex, que está na cama,
dormindo e enrolado numa coberta. Miguel de pé, atrás dela.
RAVENA: Onde você o achou?
MIGUEL: (mente) Na rua, perto da farmácia. Tava desmaiado e com essa
sacola de remédios nas mãos.
RAVENA: Entendi. (T) A gente precisa conversar.
MIGUEL: Se for sobre aquela nossa discussão de ontem/
RAVENA: (corta) Não! Não tem nada a ver. (T) É melhor a gente ir lá pro
quarto... eu acho que acabei descobrindo algo.
MIGUEL: É tão sério assim?
RAVENA: (abaixa a cabeça) É melhor cê vir comigo!
Ravena sai do quarto, Miguel a acompanha. A porta se fecha. Close em
Alex, dormindo.
CENA 4/QUARTO DE CRISTINA/INTERIOR/NOITE.
Cris está sentada na cama pensativa, pra baixo, enquanto Verena penteia
seus cabelos.
CRISTINA: Eu tô me sentindo tão culpada.
VERENA: Pois não devia!
CRISTINA: Ele se afogou por minha causa, vó!
VERENA: Ah, minha filha, cê não ia prever que o Samuel ia se afogar né?
Agora, sabia que eu achei isso bem estranho? É, porque o Samuca, que já ganhou
tantos prêmios de melhor nadador do clube aí da esquina, se afogar...
Cristina se vira e a encara.
CRISTINA: Agora que cê falou isso, vó... até que faz sentido! – e volta
a ficar de costas pra ela. – Mas, poxa... Se alguma coisa acontecer com o Samu
eu não vou me perdoar nunca.
VERENA: Deixe de besteira que não vai acontecer nada! É só uma febre
passageira, logo logo ele vai estar aí, numa boa, fazendo palhaçada com tudo.
Verena termina de pentear os cabelos dela e Cris deita na cama.
VERENA: Agora você vai dormir que amanhã quem vai te levar na escola sou
eu! Não pode ficar faltando na aula não.
CRISTINA: Ah, sacanagem, eu só faltei hoje!
VERENA: (fazendo cócegas nela, Cris gargalha) Mesmo assim, não pode
faltar não pra não crescer que nem uma burralda!
CRISTINA: (rindo) Pára, vó! Fica me tratando que nem uma criança.
VERENA: Pra mim cê vai ser sempre a minha gatinha, que fez um ESCÂNDALO
por causa de uma fantasia de halloween.
Em seguida, Verena dá um beijo na testa dela.
VERENA: Dorme com Deus!
Ela se levanta e desliga a luz, saindo do quarto em seguida. Cris fica
pensativa, até que fecha os olhos e começa a dormir.
CENA 5/MANSÃO DOS CAVALCANTI/QUARTO MÁRIO E OLÍVIA/INTERIOR/NOITE.
Mário entra no quarto, fechando a porta. Ele vê Palmira no quarto,
arrumando umas roupas de cama.
MÁRIO: Ah, não sabia que cê tava aqui, Palmira.
PALMIRA: Não tem problema, seu Mário, se quiser eu saio pro senhor ficar
à vontade.
MÁRIO: Não! Pode terminar seu serviço numa boa.
Mário caminha até a cama, se sentando nela. Em seguida, pega a carteira
e abre, tirando de lá uma fotografia em miniatura. Close na imagem: uma criança
carregando um gato nos braços. Mário fica a olhar fixamente pra aquela foto.
Palmira nota.
PALMIRA: Desculpa perguntar... mas aconteceu algo?
MÁRIO: Eu tive uma discussão com a minha mãe hoje. Ela foi lá na empresa
me atormentar, como sempre.
PALMIRA: Nossa, achei que cê tivesse uma relação ótima com a dona
Alexandra.
MÁRIO: (ri, ironicamente) Que nada. (T) Minha mãe é um problema na minha
vida. (olhando pra foto) Quando eu penso que já tenho problemas demais...
PALMIRA: (se aproximando) E essa foto aí que o sr. tanto olha?
MÁRIO: (escondendo) Não é nada... Só uma lembrança um pouco triste do
passado. (T) Não me leva a mal não, mas eu queria ficar sozinho agora, Palmira.
PALMIRA: Claro! Como quiser!
Palmira vai saindo do quarto.
PALMIRA: Se precisar de mim, é só chamar!
Ela sai do quarto. Mário volta a olhar pra imagem, deixando derramar uma
lágrima. Close nele.
CENA 6/MANSÃO DOS CAVALCANTI/SALA DE ESTAR/INTERIOR/NOITE.
Samuca e Bruna acabaram de entrar na casa. Palmira desce as escadas.
PALMIRA: Ah, vocês chegaram... O jantar tá pronto, querem que eu ponha a
mesa?
BRUNA: (direta) Palmira, reunião de emergência, agora!
PALMIRA: Emergência?! Agora?
BRUNA: (incomodada) Ah, Palmira, pelo amor de Deus, não me responda com
outra pergunta. É melhor a gente conversar lá no meu quarto! (autoritária)
Agora!
Bruna sobe as escadas, seguida de Samuca. Palmira estranha, mas os
segue.
CENA 7/MANSÃO DOS PRATES/SALA DE ESTAR/INTERIOR/NOITE.
Alexandra está sentada no sofá lendo uma revista. De repente, Eduardo
adentra ao local.
ALEXANDRA: (olhando a revista) Onde você estava?
EDUARDO: (nervoso) E-eu?
ALEXANDRA: Não, o Maomé! (e o encara) Você não me engana, Eduardo. Sei
que estava em algum lugar... posso apostar que foi com alguém.
EDUARDO: (nervoso) Eu saí só, vó. Saí com uns amigos.
ALEXANDRA: Quantas vezes tenho que falar pra não me chamar de vó, que eu
tenho cara de ser sua tia?!
EDUARDO: Ah, dona Alexandra, me poupe! (indo em direção as escadas) Eu
vou subir que tô cansado!
Eduardo sobe.
ALEXANDRA: (calma) Vai, vai logo, aproveita que estou na minha fase zen.
Em seguida, se senta no sofá novamente. Almerinda vem da cozinha, correndo.
ALMERINDA: (grita) DONA ALEXANDRA!
Alexandra se assusta.
ALEXANDRA: Ai, que susto, sua infeliz. Já não basta eu me assustar toda
vez que olho pra essa sua cara de coruja, cê ainda faz isso comigo?
ALMERINDA: Desculpa, dona...
ALEXANDRA: O que você quer?
ALMERINDA: Falar sobre aquele assunto.
ALEXANDRA: Que assunto?
ALMERINDA: (estende a mão) Meu dinheiro, dona! A senhora falou comigo
hoje sobre salário, passei o dia todo pensando no meu dinheiro, eu quero meu
dinheiro!
ALEXANDRA: O QUÊ? Mas isso é um... Olha aqui.
ALMERINDA: Olha aqui a senhora: se não me pagar esse cacete, eu faço
greve! Bato panelinha e queimo pneu na porta dessa casa!
ALEXANDRA: Como ousa me afrontar desse jeito, estrupício?
ALMERINDA: (baixo) Estrupício... estrupício é a tua mãe.
ALEXANDRA: O que você falou aí?
ALMERINDA: Vai pagar meu dinheiro ou não?
ALEXANDRA: (pega a carteira em cima da mesa de centro e abre) Eu mereço!
(entregando o dinheiro) Toma!
ALMERINDA: (contando o dinheiro) Mas tá pouco aqui ó! (T) Cê acha que
vou limpar essa casa toda sozinha pra no fim ganhar essa miséria aqui, dona
madame?
ALEXANDRA: Justamente! (T) Olha aqui, Almerinda: Eu sou uma patroa muito
boazinha. Você trabalha nessa casa já tem muito tempo. Então fecha a matraca e
continua a fazer o seu trabalho, porque perto do seu servicinho porco, isso que
te dei é muita coisa. Você não vale tudo isso! Agora vai! Volta pra cozinha pra
terminar de cozinhar aquela ratazana que cê chama de comida e vem me servir que
tô morta de fome.
Almerinda fica a olhar para Alexandra.
ALEXANDRA: Que foi? Me achou bonita? Me achou gostosa? Vai logo, ô
infeliz!
Almerinda sai olhando pra Alexandra com cara feia.
CENA 8/MANSÃO DOS PRATES/QUARTO DE EDUARDO/INTERIOR/NOITE.
Eduardo está sentado na cama, digitando o celular. Close no visor do
aparelho, que mostra ele acessando um aplicativo de relacionamentos.
Ele sorri, está conversando com alguém, digitando freneticamente.
Close na mensagem que acabara de chegar: “E aí, foi bom?”.
EDUARDO: (digitando) Foi ótimo!
Uma nova mensagem chega: “Podemos repetir, se quiser!”.
Mas Eduardo decide não responder. Ele clica num botão do aplicativo e em
seguida, na opção “bloquear”. Em seguida, começa a sorrir enquanto passa a mão
pelo rosto. Close nele.
CENA 9/CASA DE NICOLE/SALA/INTERIOR/NOITE.
Nicole entra no local e vê Guilherme sentado no sofá, assistindo
televisão.
NICOLE: Olá!
GUI: (pra baixo) Oi!
NICOLE: Voltou mais cedo do trabalho hoje?
GUI: Voltei! (T) Pra falar a verdade, voltei bem mais cedo pra casa,
acabei fazendo o jantar, se quiser tá no forno.
NICOLE: (rindo) Hummmm, tá aprendendo hein?!
GUI: (ri) Que aprendendo o quê? (T) E você, tava aonde?
NICOLE: Na casa do Samuca. (séria) Pra falar a verdade, aconteceu uma
série de coisas hoje.
Nicole se senta no sofá ao lado dele.
GUI: Tipo o quê?
NICOLE: A gente foi à praia e a Cris acabou se afogando. Samuca foi
tentar salvar e acabou dando merda, ele se afogou também.
GUI: (se assusta) Meu Deus... (baixo) Isso já tá indo longe demais.
NICOLE: Como é?
GUI: (desconversa) Não, nada... mas e aí?
NICOLE: Ele tá mal, tá com febre... Acho que a imunidade dele tava muito
baixa.
GUI: Impossível, o Samuca é uma pessoa que se movimenta tanto, é
forte, faz exercício, se alimenta bem, e... (disfarça) bem, vai saber né, o
porquê dessa imunidade baixa...
NICOLE: Eu também não entendo... acho isso loucura.
GUI: As vezes fico pensando, Nicole, se esse seu amor pelo Samuca é
mesmo sincero.
NICOLE: Não deveria ficar pensando nessas coisas, cê sabe muito bem que
eu amo o Samuel!
GUI: Será mesmo? (T) Olha, mana, eu te conheço. Sei que você se aproximou
do Samuca por interesse, porque você sabia que ele é neto do Getúlio/
NICOLE: (corta/se levanta) Eu não quero falar sobre esse assunto!
GUI: Não tenta fugir, Nicole!
NICOLE: (confessa) Me aproximei do Samuca por interesse mesmo! E daí? Eu
nunca ia esperar que iria me apaixonar de verdade por ele.
GUI: Nicole... o Getúlio faz parte de um passado que deveria continuar
no passado! Pelo seu próprio bem, deixa isso quieto! Pára de ficar querendo
mexer nessa história.
NICOLE: Não! Aquele velho conseguiu tirar tudo de mim, e eu não vou
desistir assim tão fácil não, ele vai me devolver o que me pertence, porque um
dia... (se interrompe) eu vou te falar aqui agora pra você não esquecer... um
dia eu vou voltar pra aquela casa... e aquele velho maldito vai devolver tudo o
que tirou de mim! Ah, vai. No dia que isso acontecer... eu vou subir! E eu vou
te puxar junto comigo, vou tirar nós dois dessa miséria que a gente vive. E a
gente vai vencer! A virada da justiça vai acontecer!
Em seguida, ela vai caminhando em direção a cozinha.
NICOLE: (off) Vai acontecer!
Guilherme se senta no sofá com as mãos no rosto, pensativo.
GUI: (para si) Louca!
CENA 10/CASA DE RAVENA/QUARTO CASAL/INTERIOR/NOITE.
Ravena e Miguel conversam. Ele, apreensivo. Porta fechada.
MIGUEL: E então, o que você quer conversar comigo?
RAVENA: É melhor sentar porque o que eu tenho pra dizer é sério.
Miguel se senta.
RAVENA: A Nicole me disse um negócio mais cedo que me deixou meio
desnorteada.
MIGUEL: O quê?
RAVENA: Ela disse que viu um sinal no Samuel...
MIGUEL: (sem entender) Sinal? Sinal aonde, mulher?
RAVENA: Um pouco abaixo da barriga... ela disse que viu esse sinal, só
que o Samuel não tem isso! (se aproxima) Miguel... (T) Eu conheço bem meus
filhos e posso dizer com toda a certeza do mundo, que dos meus dois filhos o
único que tem esse sinal é o Alex!
Miguel fica perplexo.
MIGUEL: Você então acha que/
RAVENA: Que esse que tá aqui, na nossa casa, não é o Samuel. É o Alex!
Miguel fica sem reação. Close.
CENA 11/MANSÃO DOS CAVALCANTI/QUARTO DE BRUNA/INT/NOITE.
Palmira sentada numa poltrona. Bruna e Samuca de pé.
PALMIRA: E então, o que tem de tão importante assim pra você deixar o
jantar de lado?
BRUNA: É sobre aquele assunto.
PALMIRA: Mas você vai falar na frente dele?
Samuca pigarreia.
BRUNA: É isso mesmo!
PALMIRA: (ri) Era só o que me faltava, agora cê endoidou de vez, só
pode.
SAMUCA: Palmira, escuta o que a Bruna tem pra falar.
BRUNA: Palmira, eu vou ser direta e sem rodeios. Esse daqui não é o
Alex.
PALMIRA: (ri, sem entender) Como?
BRUNA: Ele é o irmão do Alex.
PALMIRA: (se espanta) O tal gêmeo?
BRUNA: Exatamente. Ele é o Samuel... Samuca!
Palmira se levanta e vai até Samuca, apertando sua mão.
PALMIRA: Muito prazer... nossa, você é a cara do teu irmão. (ri)
Desculpa, não resisti.
Samuca ri.
BRUNA: Palmira, por favor, o assunto é sério!
PALMIRA: (parando de rir) Mas eu não consigo entender. Como? O que ele
tá fazendo aqui? Onde está o Alex realmente?
SAMUCA: É uma longa história!
BRUNA: Não vem ao caso agora! Acontece que o Samuca tá aqui nessa casa
pelo mesmo motivo que eu.
PALMIRA: Por causa do velho?!
BRUNA: Isso!
PALMIRA: Peraí... deixa eu ver se eu entendi. Você é o tal irmão do Alex
que o Getúlio botou pra fora não é? (ri) Ah, agora eu já entendi tudo.
BRUNA: Eles dois se reencontraram e se aproveitaram da semelhança pra
poder trocar de lugar.
PALMIRA: (se sentando) Eu hein, parece até coisa de novela.
BRUNA: Por isso eu achei que... seria bom a gente ter mais um aliado
nesse nosso plano, cê não acha não?
PALMIRA: Tá! Mas e aí?!
BRUNA: (para Samuca) Agora sim. Eu vou te contar tudo!
Corta para Bruna entregando uns papéis para Samuca.
BRUNA: Esses aqui são os documentos que você me viu na mão hoje de
manhã, aqueles do qual eu lhe falei... as provas que incriminam o Getúlio.
Samuca começa a ler.
SAMUCA: (perplexo) Aqui diz que o Getúlio foi acusado de ter estuprado
uma garota de doze anos!
BRUNA: Mandado de prisão que aquele desgraçado conseguiu revogar.
SAMUCA: Gente, eu não acredito que esse homem... – se interrompe - Ele é
pior do que eu pensei!
BRUNA: Agora lê a manchete do jornal!
Samuca troca os papéis rapidamente e começa a ler o tal jornal.
SAMUCA: (lendo) Incêndio na mansão da Serra dos Casaes... – continua a
ler em silêncio – (em choque) com uma sobrevivente: Bruna Maria Novaes de
Sousa Cavalcanti. Você!
BRUNA: Na verdade...
SAMUCA: O quê?!
BRUNA: O que tem escrito aí não condiz muito com o que realmente
aconteceu.
SAMUCA: (sem entender) Como assim?
BRUNA: A garota que foi estuprada...
SAMUCA: Andréa Menezes de Oliveira...
BRUNA: Ela não morreu naquele incêndio!
Samuca fica chocado.
BRUNA: Ela está viva!
SAMUCA: O quê?
BRUNA: É isso mesmo! A Andréa está viva e se eu estou aqui nessa casa, é
por causa dela.
SAMUCA: (confuso) Eu não estou entendendo, Bruna. Se a Andréa está viva,
onde ela tá agora? Eu não tô entendendo mais nada, sério.
Bruna abaixa a cabeça por um instante e quando levanta, seus olhos estão
molhados.
BRUNA: (marejando) Eu não me chamo Bruna!
Bruna não segura as lágrimas. Palmira se levanta e toca no ombro dela.
SAMUCA: (em choque) Como é que é? (T) Se você não se chama Bruna, como é
que é teu nome?
Bruna respira fundo e para de chorar, encarando-o com os olhos molhados.
BRUNA: (marejando) O meu nome verdadeiro... é Andréa Menezes de
Oliveira... essa
criança que o Getúlio estuprou sou eu!...
Trilha Sonora: Believer - Imagine Dragons
Samuca fica boquiaberto.
Bruna chora e Palmira a abraça.
Samuca olha pra Bruna, que está aos prantos.
Close em câmera lenta na expressão de choque de Samuca...
... e na face de Bruna, chorando compulsivamente. Fade out.
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