Uma novela original WNC
Autora: Megan Clarke
Capítulo 11
“Explosão”
CENA 1/DELEGACIA/CELA/INTERIOR/NOITE.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
GETÚLIO: E então, o que você me diz?
MÁRIO: Trinta milhões de dólares...
GETÚLIO: Trinta milhões de dólares pra você aniquilar todos daquela
família de ratos.
MÁRIO: (pensativo) Trinta milh...
Mário se cala e pensa na proposta.
GETÚLIO: (impaciente) Vamos, Mário Gerson! Você não tem a noite toda.
Vai acabar com aquela família maldita do Samuel ou não vai?
Mário permanece pensativo.
GETÚLIO: Eu sei o quanto você quer esse dinheiro, sei o tamanho da sua
ambição... e eu sei que você fará um excelente trabalho. Sempre soube que você
seria a pessoa certa a se fazer negócios.
MÁRIO: Eu posso sim fazer o que o senhor está pedindo... (frio) Mas
antes eu quero a senha da conta no banco!
Getúlio começa a gargalhar.
GETÚLIO: Negativo! Primeiro, o serviço completo. Depois, o dinheiro. (T)
Você não vai andar pra trás agora, não é? Você não tem opção, Mário Gerson.
Depois daquela baixaria de ontem, a Olívia com certeza vai querer se separar de
você... vocês estão casados por separação total de bens, o que significa que
você sai dessa história com uma mão na frente e outra atrás. (T) Essa proposta
que eu tô te fazendo é uma grande oportunidade. E oportunidades como essas, a
gente não pode deixar passar jamais!
MÁRIO: (firme) Sei muito bem disso... Pode contar comigo! (T) Amanhã
mesmo, todos eles... irão virar fumaça.
GETÚLIO: Todos eles! E sem exceção. A Ravena, o pescador de merda, a
velha... e a menina também!
MÁRIO: Menina?... Tem uma criança envolvida nisso?
GETÚLIO: (pressiona) Trinta milhões de dólares, Mário Gerson! Trinta!
Nem mais, nem menos.
Mário acena positivamente com a cabeça.
MÁRIO: Fechado!
Getúlio sorri maleficamente, e estende a mão para ele, que fica apenas
olhando.
MÁRIO: (sorri, ironicamente) Você não acha que eu vou tocar nessa sua
mão suja de chão de cadeia, não é?
Getúlio desfaz o sorriso e recua a mão. Mário gargalha.
MÁRIO: Até mais ver, velho!
Em seguida, sai dali. Getúlio pensativo, de cara fechada.
CENA 2/CASA DE RAVENA/COZINHA/INTERIOR/NOITE.
Continuação da cena 11 do capítulo anterior. Nicole na porta da cozinha,
espera uma explicação de Alex e Cristina.
NICOLE: E aí? Vão falar o que eu não posso saber?
CRISTINA: O Ale/... (se corrige) O Samuca me contou um segredo...
NICOLE: (desconfiada) Um segredo que me envolve no meio?!...
ALEX: (firme) Te envolve no meio porque é uma surpresa! Algo que acabei
de contar pra Cris e que você não deveria ficar sabendo de nada.
NICOLE: E o que seria?
CRISTINA: Se ele contar, vai estragar tudo, (para Alex) Não é?
ALEX: (para Nicole) Pois é!
CRISTINA: Surpresas não se revelam antes da hora, Nicole... Vai ter que
ficar na curiosidade aí.
Nicole se aproxima de Alex e o beija.
NICOLE: Então eu tô te esperando lá no quarto, tá? (sorri) Agora, sou eu
quem vai preparar uma surpresinha pra você...
Cristina põe a mão na boca, segurando o riso.
ALEX: (sorri disfarçadamente) Uau, tô super ansioso!
Nicole vai caminhando até a porta da cozinha, e para. Olha para Alex
maliciosamente. Em seguida sai de vez. Cristina começa a rir
descontroladamente. Alex vai até ela.
ALEX: (sério) Olha aqui, não toca mais nesse assunto quando ela tiver
aqui em casa, ouviu? Quase que cê fala o meu nome, cacete!
CRISTINA: (rindo) Fica tranquilo, menino, ela não vai descobrir nada
não... Vai lá ver a sua surpresinha, vai...
Ela volta a rir. Alex sério, a encara e em seguida, sai da cozinha.
CENA 3/MANSÃO DOS CAVALCANTI/QUARTO DE SAMUCA/INTERIOR/NOITE.
Samuca deitado na cama, sem camisa e de calça moletom. Está acordado...
Ele vira pra um lado e fecha os olhos, tentando dormir. Mas volta a abrir os
olhos e vira pro outro lado. Ele se irrita e empurra com os pés, os cobertores
que os cobria e levanta da cama rapidamente.
Ele caminha em direção a porta e ao abrir, dá de cara com Bruna parada
ali.
SAMUCA: (grita) AAAAAAAAAAAAAAAAA.
BRUNA: (grita) AAAAAAAAAAAAAAAAAA. (T) Que susto!
SAMUCA: (assustado) O que cê tá fazendo aqui?
BRUNA: (acuada) Eu não tava conseguindo dormir e vim ver se cê tava
acordado ainda. E você?...
SAMUCA: (mais calmo) Eu tava indo fazer a mesma coisa.
Ele passa a mão pelos cabelos e dá espaço pra Bruna entrar no quarto. Em
seguida, Samuca fecha a porta e tranca com a chave. Bruna vai em direção a cama
e deita, se cobrindo toda, mas não demora muito e se descobre.
BRUNA: Credo, que calor tá aqui.
SAMUCA: Cê acha que tô assim sem camisa, porque?
BRUNA: (pega o controle) Não ligou o ar, deu nisso né?
Ela liga o ar condicionado.
BRUNA: Bem melhor.
Samuca deita na cama, ao lado dela.
BRUNA: Se fosse o Alex aqui, nunca que ele ia deixar eu dormir na cama
com ele, não assim tão fácil.
SAMUCA: Vocês dois tinham...
BRUNA: De ter, a gente tinha, mas ele era muito difícil.
SAMUCA: (olha pra ela) Mas eu não sou o Alex.
BRUNA: (sorri) Ainda bem. (T) Vem cá, por falar em Alex, aquela hora que
você viu ele beijando a sua namorada, sua ex, sei lá o que ela é mais...
você... ainda vai correr atrás dela?
SAMUCA: Acho que não!
BRUNA: Você não gosta dela?
SAMUCA: Gosto, claro que gosto. Mas... desde o dia que me mudei pra cá,
eu ando sentindo umas coisas esquisitas.
BRUNA: Que tipo de coisas?
SAMUCA: Quer mesmo saber? (T) Você! Você mudou tudo (tocando no peito)
aqui dentro.
Bruna o olha intensamente.
SAMUCA: Você, Bruna... Cê mudou a minha vida. E não precisou de meses,
nem anos pra conseguir isso. (T) Eu disse ao Alex, que era pra ele não encostar
na Nicole, mas eu sabia que isso iria ser inevitável de acontecer. Acho que eu
fiz isso porque eu gostava muito dela e eu não gosto de desapegar de alguém que
eu gosto, eu sofro... Só que você tá tapando o buraco que se abriu aqui no meu
coração.
Bruna emocionada.
SAMUCA: E eu quero que você continue ocupando espaço aqui dentro.
Bruna põe a mão sob a de Samuca e sente as batidas do coração dele.
BRUNA: (ri, com a voz embargada) Nossa, tá muito acelerado!
Ele, também emocionado, dá um sorriso. Os dois se olham.
SAMUCA: (emocionado) Depois de tanta coisa que aconteceu nos últimos tempos,
eu não iria conseguir dormir sozinho essa noite. Eu tô longe da minha casa, da
minha família. Tô longe da minha irmã, que era a única amiga fiel que eu
tinha... (marejando) E você têm me dado força... Eu me sinto protegido perto de
você... Eu me sinto bem perto de você.
Bruna chora, emocionada.
BRUNA: (marejando) Eu é que me sinto protegida com você. (ri) Porque
você acha que eu saí do meu quarto e vim pra cá? (T) Eu não consigo mais ficar
longe de você. (T) Eu quero ficar perto de você! (T) Eu quero sentir você, eu
quero sentir o seu calor... (ri) Nunca vou encontrar pessoa mais quente nessa
vida que você... (séria) Samuca... Eu quero você!
Samuca não hesita nem um segundo a mais, e a beija intensamente. Ela
corresponde e ele fica por cima dela, que o abraça bem forte, passando as mãos
pelas costas largas dele. Samuca vai beijando o rosto dela e desce pelo
pescoço, ao mesmo tempo em que Bruna, com os olhos fechados, sorri fracamente
em meio a aquela sensação prazerosa. Fade out.
Fade in. Os dois envolvidos pelo lençol branco que cobrem apenas as intimidades
de ambos, deixando à mostra o resto do corpo inteiro. Samuca por cima de Bruna,
que prende seu corpo com as pernas, ao mesmo tempo em que passa as mãos pelas
costas suadas dele, dando leves arranhões. Em seguida, Bruna leva suas mãos até
os cabelos dele e fica segurando-os. Samuca para de beijar ela e respira
ofegante, ao mesmo tempo em que sorri. Os dois se olham intensamente e com
muito desejo.
BRUNA: (sorrindo) Eu não tava mentindo quando eu disse que você era
quente... uma temperatura fora do comum...
Samuca abre ainda mais o sorriso e cola sua testa na dela, seguido por
um outro beijo. Na mesma posição, os dois ficam abraçados, ficando assim por um
tempo. Logo depois, ele sai de cima dela e fica deitado de barriga pra cima,
ficando ofegante e exausto. Bruna vira, ficando de lado pra ele. Em seguida,
sorri e passa a mão pelos cabelos de Samuca, que logo se vira, ficando de
frente pra ela. Bruna fica a admirar Samuca, sorrindo. Ele faz um carinho no
rosto dela e ambos se olham intensamente, dando outro beijo. Em seguida, Samuca
se ajeita na cama e se recosta na cabeceira, deitando a cabeça no travesseiro.
Faz carinho nos cabelos de Bruna, que por sua vez, o abraça e fecha os olhos,
com a cabeça deitada no peitoral dele. Close nos dois. Fade out.
CENA 4/CASA DE RAVENA/SALA/INTERIOR/NOITE.
Fade in. Ravena está sentada no sofá, pensativa. De repente, a porta se abre e
Miguel entra, se assustando ao ver a mulher ali.
MIGUEL: Acordada ainda essa hora?
RAVENA: Eu tava esperando as crianças irem dormir e você chegar, pra
gente ter uma conversinha.
MIGUEL: Conversinha sobre o quê?
RAVENA: Não pense que eu esqueci que você mentiu pra mim. Escondeu a
verdade sobre aquele negócio que aconteceu lá no passado.
MIGUEL: (incomodado) Ravena, esse assunto já devia ter se dado por
encerrado.
RAVENA: Não, porque eu não podia deixar isso passar não. E não dá mais
pra mim, Miguel. Eu não quero dormir na mesma cama que você mais. Eu quero que
você pegue suas coisas e dê o fora daqui.
MIGUEL: (incrédulo) Você tá me botando pra fora de casa?
RAVENA: Tô!
MIGUEL: Você devia era tomar vergonha nessa sua cara, isso sim. Você fez
uma coisa bem pior do que isso, que foi esconder que o meu filho tava vivo.
Você mentiu, inventou que ele havia morrido e sustentou essa palhaçada durante
anos, se não fosse o Samuca pra me contar, você ia continuar mentindo, seria
capaz até de morrer sem saber da verdade. (T) Eu sim, poderia ter te colocado
pra fora, mas não fiz isso, pelo contrário, eu te perdoei. Só que não tem
problema não. Eu vou juntar as minhas coisas e vou pra outro lugar. Porque quem
tá cansado de tanta hipocrisia aqui, sou eu!
Em seguida, ele vai andando na direção do quarto, só que Ravena cai em
si e tenta impedir.
RAVENA: Espera.
MIGUEL: Esperar o quê? Você me mandou embora. Acabou! Agora eu vou
mesmo, porque eu cansei! Cansei!
Ele vai pro quarto. Ravena senta-se no sofá e chora amargamente. Close
nela.
CENA 5/JARDIM ORESTES/PLANOS GERAIS/EXTERIOR/MANHÃ.
Amanhece na cidade. Destacar o nascer do Sol em meio aos pescadores no
mar, trabalhando.
CENA 6/CASA DE RAVENA/QUARTO DE ALEX/INTERIOR/MANHÃ.
Alex ao celular, conversa por ligação com Eduardo.
ALEX: (cel) Cara, eu tô precisando de um help seu aí.
EDUARDO: (cel) Pode falar, mano.
ALEX: (cel) Um amigo meu foi demitido. Será que cê não tem uma vaga aí
na sua casa não? Sei que cê tava precisando de um jardineiro aí e tal...
EDUARDO: (cel) É, eu tô sim!
ALEX: (cel) Não dá pra cê dar uma chance ao garoto não? Pura caridade
pô... Ele tá precisando. Meu cunhado.
EDUARDO: (cel/ri) Ah, safado, já tomou a namorada do irmão né? Cuidado
hein? Ele pode não gostar muito disso aí não.
ALEX: (cel) Ah, rapaz, não consegui segurar a onda não, ia fazer o quê?!
Ó, tô precisando mesmo da sua ajuda, de verdade. Não tô fazendo isso só pela
Nicole não, é pra ajudar o Guilherme mesmo... Vai, dá uma chance aí, mano, ele
é gente boa.
EDUARDO: (cel) Tá bem... Manda ele passar aqui em casa amanhã!
ALEX: (cel) Valeu, Edu! Sabia que podia contar com você.
EDUARDO: (cel) Sempre!
Alex encerra a chamada. Em seguida, ele digita uma mensagem para
Guilherme e envia.
Logo depois, Alex sai do quarto e vai até a sala. Vê Cris no sofá
assistindo desenho. Ele pega o controle e desliga a tevê.
CRISTINA: Ah, mano, sacanagem.
ALEX: Sacanagem nada, te salvei de ficar vendo esse monte de porcaria.
Tenho uma ideia bem melhor: E se a gente saísse?
CRISTINA: Sair, pra onde?
ALEX: Pra algum lugar legal. (tem uma ideia) Ah, já sei, eu conheço um
lugar massa pra gente ir. A gente passa o dia todo lá, se diverte.
CRISTINA: Me divertir?...
ALEX: Melhor que ficar vendo essa porcaria de Ben 10 e chorando pelo
falecido do seu namorado que te largou.
CRISTINA: Tá, mas pra onde a gente vai?
ALEX: No caminho eu te digo! E aí?
Cristina fica uns segundos em silêncio, até que sorri e diz.
CRISTINA: Vambora!
Ela levanta do sofá.
CENA 7/BARCO/ALTO MAR/EXTERIOR/MANHÃ.
Tempo ensolarado. Miguel puxando a rede de pesca enquanto conversa com
um amigo.
MIGUEL: O negócio lá em casa tá foda.
AMIGO: Qual foi? É a patroa de novo?
MIGUEL: Rapaz, o coelho tá acabando com a minha plantação de cenoura,
não tá fácil não. Acredita que ela me botou pra fora de casa?
AMIGO: Se eu disser pra você que eu não acredito...
MIGUEL: Te jogo nesse mar e tu vira comida de tubarão.
AMIGO: Então eu acredito!
MIGUEL: Agora cê vê né? Pataquada do cacete. O moleque dando problema,
mulher dando problema. Quero só ver qual é a próxima desgraça que vai
acontecer.
AMIGO: (se benze) Cruz credo, diz isso não.
MIGUEL: Com tudo o que tá acontecendo, muita merda ao mesmo tempo... eu
não duvido de mais nada nessa vida.
CENA 8/MANSÃO DOS CAVALCANTI/FAIXADA/EXTERIOR/NOITE.
Já é noite. Close na faixada da mansão, iluminada.
CENA 9/ESCRITÓRIO/INTERIOR/NOITE.
Mário retira o quadro com o retrato de Alex da parede e vê o cofre.
MÁRIO: (para si) A senha... Coisa mais fácil do mundo!
Ele digita a senha. Close no visor, mostrando os números
"2806".
MÁRIO: (para si) Data de aniversário do fedelho... e do diabinho... (ri)
Ah, Getúlio, seu asno velho.
Ele abre o cofre. Close nas pastas e no revólver.
Mário retira o revólver de lá e fica a observá-lo.
MÁRIO: O revólver que ele usou pra me ameaçar... Quem diria que agora
estaria nas minhas mãos... (olhando para a arma) É... o mundo dá voltas mesmo
querida! Acho que vou te chamar de Katrina... – ele ri - Katrina... (sorri)
Você e eu, faremos uma bela dupla juntos...
Em seguida, ele põe a arma na cintura e fecha o cofre, colocando o
quadro de volta no lugar. Mário deixa o escritório. Foco na porta se fechando.
Câmera desvia repentinamente e dá um close no quadro com o retrato de
Alex.
CENA 10/SALA DE ESTAR/INTERIOR/NOITE.
Mário vem vindo do escritório e caminha em direção a porta, quando é
surpreendido por Palmira.
PALMIRA: Seu Mário!
Mário se assusta. Ele se vira.
MÁRIO: Quer me matar de susto? Sua louca!
PALMIRA: O senhor vai sair sem jantar?
MÁRIO: Vou, mas logo estarei de volta.
Palmira olha rapidamente pro volume na cintura dele e em seguida o
encara.
PALMIRA: Então tá bem! Vou esperar pra quando o senhor chegar, eu lhe
servir o jantar.
MÁRIO: Eu agradeço, Palmira!
Ele sai.
CENA 11/QUARTO DE SAMUCA/INTERIOR/NOITE.
Palmira, Samuca e Bruna.
PALMIRA: Juro pra vocês que ele tava com um revólver na cintura.
SAMUCA: Como você pode ter tanta certeza assim, Palmira?
PALMIRA: Eu não sou idiota, deu pra perceber claramente que o que ele
tava levando com ele, era sim, uma arma.
BRUNA: Eu conheço bem o Mário Gerson, ele não tem nenhum revólver. A
única arma que tem nessa casa é a que o velho esconde naquela porcaria daquele
cofre.
SAMUCA: E o Mário sabe a senha?
BRUNA: Sabe, tanto que escondeu as provas que incriminavam o Getúlio lá,
eu contei pra você! A senha é a data de aniversário, sua e do Alex.
SAMUCA: 28 de junho?! Porque o velho colocaria isso como senha?
PALMIRA: Do jeito que aquele velho adora o Alex, que
até quadro com o retrato dele tem naquele escritório, já não
era de se esperar outra coisa né?
SAMUCA: Tô sentindo um negócio estranho...
PALMIRA: Ah, Samuca, não começa com isso, pelo amor de Deus.
BRUNA: Calada, idiota!
SAMUCA: Não sei porque, mas tô sentindo que coisa boa o Mário Gerson não
vai fazer não.
PALMIRA: (ri) E desde quando esse homem faz alguma coisa que não seja
ruim, gente? Bom, eu vou terminar de preparar as coisas lá embaixo.
BRUNA: Palmira, vê se fica atenta pra quando o Mário Gerson voltar! Não
esquece de avisar a gente!
PALMIRA: Pode deixar!
Ela sai. Samuca agoniado. Bruna se aproxima e passa a mão pelo ombro
dele.
BRUNA: O que cê tá sentindo hein?
SAMUCA: (aflito) Eu não sei o que é... (T) Mas eu tô tendo um mau
presságio.
Ele, preocupado. Bruna o abraça.
CENA 12/GARAGEM/INTERIOR/NOITE.
Iluminação fraca no local. Carro parado e com o porta malas aberto.
Mário vem carregando dois galões com gasolina e os põe dentro da mala do
carro.
Em seguida, fecha a porta da mala e entra no carro, dando a partida.
CENA 13/CASA DE RAVENA/SALA/INTERIOR/NOITE.
Verena assiste a televisão. Ravena vem apressada da cozinha e com uma
expressão de quem está aflita/preocupada.
RAVENA: Esses dois que não chegam...
VERENA: Fica fria, logo logo eles estão aí.
RAVENA: Saíram de manhã e até agora nada... Olha, eu vou ter que ir no
mercado comprar o pó de café que eu esqueci e já volto!
VERENA: Ravena, pensa naquilo que eu falei, sobre você conversar com o
Miguel. Poxa, deixa esse assunto do passado pra trás. Toca pra frente essa
vida.
RAVENA: Eu vou pensar, Verena. Mas agora eu tenho que ir. Volto num
instante.
Ela vai até a porta e sai de casa.
CENA 14/CASA DE RAVENA/FRENTE/EXTERIOR/NOITE.
Rua deserta. Ravena vem saindo de casa e caminha pela rua. Câmera dá uma
distância e foca num carro parado do outro lado da rua.
Corta para o interior do carro: Mário, no volante, pensativo. Observa
os passos de Ravena, vendo-a caminhar pela rua.
CENA 15/CASA DE RAVENA/SALA/INTERIOR/NOITE.
Verena continua vendo a tevê. Ouve-se batidas na porta. Ela se levanta e
caminha até lá.
VERENA: (para si) Deve ter esquecido alguma coisa...
Ela abre a porta e dá de cara com Mário Gerson que a encara com um
semblante sombrio.
MÁRIO: (sorri) Boa noite!
Close nele.
CENA 16/JARDIM ORESTES/RUA/EXTERIOR/NOITE.
Ravena vem caminhando pela rua com uma sacola de mercado na mão, quando
de repente, ela para de andar, olhando fixamente para frente. Seu semblante é
de horror. Agora vemos sua casa pegando fogo completamente e com várias pessoas
em frente, a observar.
Uns fazem ligações no celular, outros comentam o ocorrido entre si. Ela
olha pra casa com lágrimas nos olhos, largando o a sacola no chão e caindo de
joelhos diante da cena, chorando copiosamente.
CENA 17/CASA DE RAVENA/INTERIOR/NOITE.
Close no interior da casa. Tudo pegando fogo: a sala, os quartos... Em
seguida, close em Verena caída de bruços no chão, morta, de olhos abertos e com
sangue escorrendo de sua boca.
CENA 18/CARRO DE MÁRIO/INTERIOR/NOITE.
Lá fora, a casa pegando fogo. Mário dentro do carro com uma mão no
volante e a outra segurando um charuto. Ele está fumando. Close na fumaça que
sai do chaturo.
MÁRIO: (para si) Velha ruim de matar... Se morresse de um ataque
cardíaco me faria um favor... Detesto sujar minhas mãos com sangue de pobre!
Em seguida, se cala, pensativo e fumando. Close frontal nele, que
assopra toda a fumaça do charuto. Fade out.
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