Uma novela original WNC

 

Autora: Megan Clarke

 

Capítulo 15

 

Raios, Relâmpagos e Trovões


CENA 1/ PRESÍDIO/ VISITA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

 

Getúlio surpreso com Alex ali, diante dele, que por sinal está furioso.

 

ALEX: Você achava que era o Samuca aqui, não é?

 

Getúlio calado, em choque.

 

ALEX: Agora sim, eu tô vendo o tipo de pessoa que você é. Eu sempre soube que você era um cara do mal, mas não nesse nível.

 

GETÚLIO: Meu neto/

 

ALEX: (interrompe) Para de me chamar de neto! Ouvir você me chamar de neto me dá vontade de vomitar, de tanto nojo que eu tô sentindo agora. (desacreditado) Você matou a minha vó! Você colocou fogo na casa da minha mãe. Como tem coragem de me chamar de neto depois de tudo isso que você fez? (T) Você sabia que eu poderia ter morrido naquele incêndio?

 

GETÚLIO: O quê?

 

ALEX: (fala alto) Eu estava morando naquela casa!

 

Getúlio olha pros lados, confuso.

 

GETÚLIO: Não... Não... (arrependido) Não!

 

ALEX: Você passou anos da sua vida afirmando que eu era a única pessoa que você amava e você quase me matou, Getúlio!

 

Getúlio olha pra ele.

 

GETÚLIO: Eu não sabia! Eu não sabia que você tava lá.

 

ALEX: Mas deveria saber! Levando em conta que o Samuca tava se passando por mim lá em casa, você deveria ter pensado um pouco melhor, mas não, nem por um segundo sequer você procurou pensar onde eu estaria também no exato momento, você é podre!

 

GETÚLIO: Alex, pelo amor de Deus.

 

ALEX: (irônico) Vai clamar pelo nome de Deus agora é?

 

GETÚLIO: Eu não sabia que você tava morando naquela casa/

 

ALEX: (corta) Chega, eu não quero ouvir mais nada. Só quero que você saiba que eu sobrevivi! Que fora a minha vó, o resto da minha família inteira sobreviveu!

 

Getúlio surpreso.

 

ALEX: Se seu objetivo era matar os meus pais e a minha irmã, você falhou miseravelmente! E tem mais: eu não faço mais questão de ter nenhum tipo de laço fraternal com você. Você pra mim morreu!

 

Getúlio em choque.

 

ALEX: Aliás, eu quero mais é que você morra aqui nessa prisão.

 

Alex se levanta e caminha em direção a porta. Se vira e olha pra trás.

 

Getúlio ainda sentado, imóvel, olhando pra ele.

 

ALEX: Até nunca mais, se Deus quiser!

 

Em seguida, a porta se abre e Alex vai embora. Getúlio pensativo, bate na mesa, revoltado.

 

GETÚLIO: (grita) DROGA! (T) Mário Gerson, filho da puta! (T) Se ele pensa que me passou a perna, tá muito enganado.

 

Close nele.

 

CENA 2/ MANSÃO DOS PRATES/ COZINHA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Eduardo prepara um sanduíche.

 

Almerinda aparece na cozinha e vai até ele.

 

ALMERINDA: O que cê tá fazendo aí?

 

EDUARDO: Tô fazendo um sanduíche pra neda.

 

ALMERINDA: Que neda?

 

EDUARDO: Né da sua conta!

 

ALMERINDA: Ah, se é assim, então avisa pra ela comer devagar porque pode acabar tendo uma indigestão com esse negócio aí que cê tá fazendo.

 

Eduardo ri.

 

EDUARDO: Mas tu é uma invejosa hein? Tá é com inveja do meu sanduíche aqui.

 

ALMERINDA: Inveja, meu amor, eu tenho é da Kim Kardashian. Linda, gostosa, rica e com bunda grande.

 

EDUARDO: Então deveria ter inveja de mim também. Lindo, gostoso, rico e com a bunda grande.

 

Eles começam a rir. Alexandra entra na cozinha.

 

ALEXANDRA: Posso saber o motivo pra tanta gaiofagem?

 

ALMERINDA: (para de rir) Nada.

 

EDUARDO: (sério) Nada!

 

ALEXANDRA: (para Almerinda) E você, vê se adianta esse almoço. Hoje tenho que sair, não quero chegar atrasada ao meu compromisso por causa da sua lerdeza.

 

ALMERINDA: Sim senhora, madame!

 

ALEXANDRA: E você, Eduardo, que negócio é esse aí?

 

EDUARDO: Um sanduíche pra neda!

 

ALEXANDRA: Que neda?

 

Almerinda ri, mas logo prende o riso quando Alexandra olha pra ela.

 

EDUARDO: Pra mim! (saindo) Vou comer lá fora.

 

Ele sai.

 

Alexandra desconfiada.

 

ALMERINDA: A senhorita, dona, madame, moça deseja alguma coisa?

 

ALEXANDRA: Sim! Não olhar pra essa sua cara, será que isso é possível?

 

ALMERINDA: (engole seco) Sim senhora!

 

Almerinda sai da cozinha. Alexandra pensativa.

 

CENA 3/ JARDIM/ EXTERIOR/ MANHÃ.

Guilherme está plantando algumas mudas de plantas, enquanto enxuga o suor com o braço.

 

Eduardo vem com um prato e um copo de suco na mão. Põe em cima de uma mesa próximo a piscina e vai até ele.

 

EDUARDO: E aí? Não acha que tá na hora de dar uma pausa não?

 

De longe, Alexandra observa tudo pela porta dos fundos.

 

GUI: Vou só terminar de plantar essa muda aqui!

 

CORTA PARA os dois, sentados na mesa.

 

Guilherme come o sanduíche enquanto Eduardo olha pra ele, sem parar.

 

Guilherme percebe.

 

GUI: O que foi?

 

EDUARDO: Nada... Gosto de ficar te olhando.

 

GUI: (sorri) Por que?

 

EDUARDO: Acho você bonito!

 

Guilherme ri.

 

GUI: Então cê deveria usar óculos.

 

EDUARDO: (sorri) Tô falando sério!

 

GUI: Tá! Valeu, então. (T) Você também é... até demais.

 

Alexandra observa de longe os dois conversando.

 

Close neles, conversando descontraidamente, em off.

 

Foco em Alexandra, observando, atenta.

 

CENA 4/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ MANHÃ.

Palmira e Samuca terminam de pôr algumas malas na sala.

 

Ravena vem da sala de jantar com Cristina.

 

CRISTINA: Quando é que a gente vai sair hein?

 

RAVENA: A gente só tá esperando o Alex. (para Samuca) Conseguiu falar com ele?

 

SAMUCA: Não, o celular só dava caixa postal. (para Cristina) Gatinha, vai lá em cima chamar a Bruna pra mim!

 

CRISTINA: Tá certo!

 

Ela sobe.

 

A porta se abre e Alex entra.

 

RAVENA: Ainda bem! Onde é que você tava?

 

ALEX: Eu tava na cadeia.

 

PALMIRA: Você foi preso?

 

ALEX: Não!

 

SAMUCA: Foi fazer o quê lá?

 

ALEX: Visitar o velho.

 

RAVENA: Meu filho, que diabos você queria com aquele homem?

 

ALEX: Queria olhar na cara daquele filho da mãe e... Vocês acreditam que ele confessou na minha cara que foi o mandante do incêndio que aconteceu lá em casa?

 

RAVENA: Não acredito.

 

SAMUCA: Não fico nem um pouco surpreso, eu já imaginava.

 

PALMIRA: Também né?!

 

RAVENA: Desgraçado! Tomara que apodreça, que morra naquela prisão! (T) Que raiva!

 

SAMUCA: Calma, mãe!

 

RAVENA: Como você quer que eu fique calma? Velho maldito!

 

PALMIRA: Olha só, pessoal, eu sei que é difícil, mas acho que não vale a pena ficar se desgastando com isso não. (T) Ele tá preso, e o que depender, vai apodrecer lá dentro.

 

ALEX: Ou não né? É bem capaz dele dar um jeito de cair fora daquele lugar.

 

RAVENA: Ah, mas se isso acontecer vocês podem ter certeza que eu faço questão de ir atrás dele e eu mato aquele desgraçado.

 

SAMUCA: Chega! Vamos acabar com esse assunto. A gente vai viajar pra esfriar a cabeça, não é bom levar esse tipo de problema pra lá.

 

ALEX: Pior que cê tem razão.

 

Bruna desce com Cristina.

 

BRUNA: E então, vamos?

 

ALEX: Peraí, o pai não vai não?

 

SAMUCA: Ele não quer ir de jeito nenhum! Já tentei convencer e nada.

 

ALEX: Uma pena né? Essa viagem é justamente pra gente poder distrair a mente desse monte de problema...

 

Ravena olha no relógio.

 

RAVENA: Então é melhor a gente se adiantar pra não chegar lá na casa de campo muito tarde.

 

Alex, Samuca e Bruna pegam as bagagens e vão levando em direção a saída, ao mesmo tempo em que se despedem de Palmira. Cristina sai também, junto com eles.

 

Ravena fica pra trás e conversa com Palmira.

 

RAVENA: Cuida da Olívia tá? Ela bebeu demais, não tá bem...

 

PALMIRA: Pode ficar sossegada, Ravena!

 

RAVENA: (sorri) Obrigada!

 

Ela vai saindo.

 

CENA 5/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ RUA/ EXTERIOR/ MANHÃ.

Rua onde a mansão está localizada.

 

Um carro atravessa os portões da mansão e vai embora, passando por Nicole, que caminhava por ali, com uma mochila nas costas.

 

Close nela.

 

CORTA PARA o interior, na área externa da mansão. Palmira vai se virar para entrar na casa, quando vê Nicole parada no portão.

 

Palmira decide ir até lá.

 

NICOLE: Bom dia!

 

PALMIRA: Bom dia! Você deseja alguma coisa?

 

NICOLE: Eu tô atrás de emprego! Será que você pode me ajudar?

 

Palmira a encara.

 

CENA 6/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ COZINHA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Nicole sentada na mesa da cozinha, enquanto bebe um copo d’água.

 

Palmira sentada de frente pra ela.

 

NICOLE: Olha, eu sei fazer tudo: passar, limpar, cozinhar, arrumar. Eu trabalhei por um tempo como garçonete num bar. E creio que você deva estar precisando de uma ajuda aqui, já que trabalha sozinha.

 

PALMIRA: É, eu tô precisando sim, ainda mais agora que a casa tá mais cheia. Mas é que a patroa tá lá em cima, não tá muito bem e o resto do pessoal saiu.

 

NICOLE: (implora) Moça, eu preciso muito desse emprego. Eu não tenho como me sustentar, tá muito difícil arrumar trabalho. Me ajuda, por favor!

 

Palmira olha pra ela, sentida. 

 

PALMIRA: Tudo bem!

 

NICOLE: Se quiser eu posso começar agora mesmo! Sério!

 

PALMIRA: Calma, também não é assim não! Tenho que falar com a dona dessa casa antes, te apresentar e aí sim, ela vai dizer se te contrata ou não.

 

NICOLE: Por mim, tá ótimo!

 

CENA 7/ QUARTO DE OLÍVIA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Olívia deitada, com a mão na cabeça.

 

OLÍVIA: Uma garota pedindo emprego?

 

PALMIRA: Ela tá insistindo que quer trabalhar aqui!

 

OLÍVIA: (se levantando) Eu vou lá falar com ela!

 

CENA 8/ COZINHA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Olívia olha o currículo de Nicole.

 

Ela, atenta.

 

OLÍVIA: Você tem um currículo muito interessante.

 

PALMIRA: Ela garantiu que sabe fazer tudo, dona Olívia.

 

OLÍVIA: Bom, eu não sou de negar ajuda.

 

Ela entrega o currículo para Nicole.

 

NICOLE: Então a senhora me diz?

 

OLÍVIA: Tá contratada! Nicole né?

 

NICOLE: (sorri) Isso!

 

As duas se cumprimentam.

 

OLÍVIA: Seja bem vinda!

 

PALMIRA: Venha Nicole, vou te mostrar o seu quarto!  

 

CENA 9/ QUARTO DE NICOLE/ INTERIOR/ MANHÃ.

As duas entram no cômodo.

 

Nicole olha em volta.

 

PALMIRA: É confortável, apesar de tudo.

 

NICOLE: É ótimo!

 

PALMIRA: Eu vou buscar seu uniforme! Já volto.

 

Nicole sorri.

 

Palmira sai do quarto.

 

Nicole desfaz o sorriso e fica séria, pensativa.

 

NICOLE: (para si) É... demorou, mas finalmente eu tô aqui!

 

Close nela. Fade out.

 

CENA 10/ EMPRESA DE PESCADOS/ SALA DE MÁRIO/ INTERIOR/ MANHÃ.

Fade in. Mário está mexendo no computador, checando o saldo bancário.

 

Close no visor do computador.

 

MÁRIO: (para si) Meu dinheirinho, meu dinheirinho...

 

Close nele, que mexe no computador, cheio de expectativas.

 

Sua expressão muda de repente para uma de indignação.

 

MÁRIO: Saldo negativado? (desacreditado) Não acredito que aquele velho desgraçado me deu uma conta vazia...

 

Ele bate na mesa, revoltado.

 

MÁRIO: (grita) Desgraçado, filho da mãe!

 

Ele pega um vaso e joga contra a parede.

 

Close nele, nervoso.

 

CENA 11/ JARDIM ORESTES/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ NOITE.

Anoitece.

 

Close na chuva que cai sob a cidade.

 

CENA 12/ MANSÃO DOS PRATES/ QUARTO DE EDUARDO/ INTERIOR/ NOITE.

Eduardo vem do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e vê Alexandra ali.

 

ALEXANDRA: Demorou no banho!... Tenho até medo de imaginar o porquê.

 

EDUARDO: O que a senhora quer?

 

ALEXANDRA: Eu vim conversar com você!

 

EDUARDO: Depois. Agora eu vou me trocar.

 

ALEXANDRA: Se tem uma coisa que eu odeio fazer é esperar, então essa conversa vai ser agora!

 

EDUARDO: Tá! Fala.

 

ALEXANDRA: Eu vi você e o morto de fome conversando lá fora hoje mais cedo.

 

EDUARDO: E daí?

 

ALEXANDRA: Ele tá trabalhando nessa casa já tem duas semanas. Todos os dias, o dia todo. E a cada dia que passa eu percebo vocês dois cada vez mais próximos.

 

EDUARDO: O que a senhora tá querendo insinuar?

 

ALEXANDRA: Nada! (T) Eu só acho estranho, porque há exatamente duas semanas atrás eu te perguntei/ - se interrompe – Não, deixa pra lá.

 

EDUARDO: Bom, se a senhora já disse o que tinha pra dizer – vai até a porta – Agora sai! Eu tenho que me trocar.

 

Alexandra caminha até a porta e para de frente pra ele.

 

ALEXANDRA: Eu propus a você que se casasse com a Bruna. Mas os dois se rebelaram contra mim. Eu resolvi permanecer quieta, na minha. Mas se tem uma coisa que eu não estou suportando é essa ideia de você com aproximação pra cima desse morto de fome desse jardineiro. (T) Se eu ver que isso vai continuar de uma forma drástica do jeito que eu estou pensando que vai acontecer... eu coloco ele no olho da rua.

 

EDUARDO: A senhora não faria isso.

 

ALEXANDRA: É senhorita! (T) E continue se aproximando dele pra você ver o que acontece.

 

Ela sai do quarto. Eduardo fecha a porta, pensativo.

 

CENA 13/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ SALA DE JANTAR/ INTERIOR/ NOITE.

Som de chuva caindo lá fora.

 

Olívia jantando e Nicole servindo-a.

 

OLÍVIA: Essa casa fica tão silenciosa sem os meninos aqui.

 

NICOLE: Seus filhos?

 

OLÍVIA: De consideração. Na verdade, são filhos da minha irmã.

 

NICOLE: Acho isso tão bonito. Filhos de consideração, poxa!

 

OLÍVIA: E você, Nicole? Mora com quem?

 

NICOLE: Meu irmão! Bom, na verdade ele é meu irmão adotivo.

 

OLÍVIA: Seus pais adotaram ele?

 

NICOLE: Não, a adotada sou eu! (T) Meus pais verdadeiros já morreram... (pensativa) Há muito tempo atrás.

 

OLÍVIA: Eu sinto muito!

 

NICOLE: Meu irmão é a única coisa que eu tenho. A coisa mais importante pra mim, inclusive!

 

OLÍVIA: Muito bonito ouvir isso. Tem irmãos que se odeiam, vivem num arranca rabo, mas vejo que aqui temos exceções...

 

Nicole olha pra ela, dá um sorriso falso.

 

CENA 14/ QUARTO DE OLÍVIA/ INTERIOR/ NOITE.

Olívia mexendo no closet.

 

Nicole observando uns retratos em cima da cômoda.

 

NICOLE: (com um retrato na mão) Quem é esse aqui?

 

Olívia se aproxima.

 

CLOSE na foto de Mário Gerson no retrato.

 

OLÍVIA: Mário Gerson. Meu ex-marido. Nem sei o que essa foto tá fazendo aqui ainda, já deveria ter queimado isso.

 

Ela toma o retrato das mãos de Nicole.

 

NICOLE: Vejo que não se davam bem né?

 

OLÍVIA: Uma relação infernal. Mas prefiro não falar sobre isso.

 

MIGUEL: (off) Olívia!

 

Nicole reconhece a voz e se assusta, virando o rosto e ficando de costas.

 

Miguel entra no quarto.

 

OLÍVIA: Você, Miguel?

 

MIGUEL: Vim ver como você tava, não te vi o dia todo.

 

OLÍVIA: Passei o dia deitada, não tava me sentindo bem.

 

MIGUEL: A Palmira tá servindo chá lá embaixo. Tô sem companhia, não quer vir comigo?

 

OLÍVIA: Claro!

 

MIGUEL: (se referindo a Nicole) Quem é essa aí?

 

OLÍVIA: Ah, é a nova empregada. Chegou hoje!

 

Nicole permanece de costas.

 

OLÍVIA: É melhor a gente ir, senão o chá esfria!

 

Ela vai saindo do quarto.

 

Miguel olha pra Nicole e estranha, mas sai do quarto.

 

Nicole respira, aliviada.

 

NICOLE: (para si) Ele não pode saber que eu tô aqui... Não ainda.

 

Ela vai saindo do quarto.

 

Palmira entra no quarto, de repente.

 

NICOLE: (com a mão no peito) Ai que susto!

 

PALMIRA: Eu tô te procurando pela casa inteira. Vem me ajudar a servir o chá.

 

NICOLE: Me desculpa, Palmira, mas é que eu tô com uma dor de cabeça. Você se incomodaria se eu fosse pro meu quarto?

 

PALMIRA: Não, tudo bem!

 

NICOLE: Obrigada!

 

Ela sai do quarto. Palmira estranha.

 

CENA 15/ CASA DE CAMPO/ AMBIENTAÇÃO/ EXTERIOR/ NOITE.

O temporal cai sob o local da casa de campo.

 

CENA 16/ CASA DE CAMPO/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.

Sala ampla, extensa, com parede de vidros, onde dá pra ver todo o exterior da casa.

 

Numa parte, uma grande lareira. Um grande hacker com uma televisão plasma ampla.

 

Em uma ponta da sala, Bruna e Samuca abraçados, vendo a chuva lá fora.

 

Na outra ponta, Alex e Cris jogando damas, os dois no chão, numa mesinha de centro.

 

CRISTINA: Tá nervoso?

 

ALEX: Não, tá maluca?

 

CRISTINA: Tô vendo sua mão tremer daqui.

 

ALEX: Xi, tá ficando doida!

 

Ela joga uma dama.

 

CRISTINA: Sua vez!

 

Alex pensativo, olha para o tabuleiro.

 

Ele pega uma dama e põe em outra quadra.

 

Cristina pega outra dama e consegue vencer o jogo.

 

CRISTINA: Xeque-mate!

 

Alex indignado.

 

ALEX: Mas... (grita) DROGA!

 

Cristina se levanta, pulando.

 

CRISTINA: Me deve um copo de chocolate quente!

 

ALEX: (se levanta) Vem!

 

Os dois saem da sala.  

 

Close em Bruna e Samuca, que olham pra trás. Sorriem quando percebem que estão sozinhos ali.

 

BRUNA: Ideia massa que cê teve da gente vir pra cá.

 

SAMUCA: Na verdade, quem teve a ideia foi o Alex, ele conhecia essa casa mais que eu.

 

BRUNA: Eu sei, mas não ia perder a chance de te elogiar né?

 

SAMUCA: (ri) Você é uma safada!

 

Eles se beijam e olham lá pra fora.

 

Passam a falar baixo, quase sussurrando.

 

BRUNA: Imagina a gente lá fora agora, naquela chuva, nós dois, molhados no chão...

 

SAMUCA: Eu passando a mão pelo teu corpo...

 

Close nele descendo a mão pela barriga dela.

 

BRUNA: E eu... agarrando a tua perna enquanto cê fazia aquilo...

 

Close nela que segura a perna dele com força e discretamente, sobe a mão, apalpando o órgão genital dele por cima da bermuda.

 

Ele, com os olhos fechados sorri e em seguida, começa a rir baixinho no ouvido dela, ao mesmo tempo em que coloca a mão dentro do short dela, fazendo leves movimentos.

 

Os dois de olhos fechados.

 

SAMUCA: A gente pode não ir na chuva lá fora, mas...

 

Bruna se vira e olha diretamente nos olhos dele.

 

BRUNA: Eu adoraria.

 

Os dois sorriem e em seguida, se beijam intensamente.

 

CENA 17/ QUARTO DE CASAL NA CASA DE CAMPO/ INTERIOR/ NOITE.

Samuca e Bruna na cama, despidos, se beijam intensamente.

 

Ela por cima dele, num movimento lento de vai e vem.

 

Bruna deita por cima dele, que a abraça e agarra com força seus cabelos, ao mesmo tempo em que chupa seu pescoço. Bruna geme, diante daquela sensação prazerosa.

 

Ela passa mão pelo peitoral dele, em seguida, vai descendo e beijando, descendo pra barriga.

 

Close na expressão de Samuel, que fecha os olhos, ofegante.

 

Bruna olha pra ele e volta a beijá-lo, com vontade. Num movimento rápido, ele a agarra e os dois rolam pela cama. Samuca fica por cima dela. Os dois se olham e sorriem um pro outro.

 

Ele vira Bruna lentamente, beijando suas costas, subindo pro seu pescoço, por trás. Close nos seus braços fortes agarrando-a. Ele a levanta e os dois ficam ajoelhados na cama, revelando seus corpos nus. Ele por trás, segurando os seios dela e beijando-a, enquanto ela segura os cabelos dele, com força. Relampeja e o clarão ilumina os corpos dos dois, na cama.   

 

CENA 18/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ QUARTO DE NICOLE/ INTERIOR/ NOITE.

Nicole dorme.

 

De repente, troveja lá fora e ela acorda assustada.

 

Nicole respira fundo e se levanta da cama, caminhando pelo quarto.

 

Ela aperta o interruptor, mas a luz não se acende.

 

Close nela, temerosa.

 

Ela respira fundo e sai do quarto.

 

CENA 19/ COZINHA/ INTERIOR/ NOITE.

Nicole fecha a porta da geladeira e vem caminhando com uma garrafa de água na mão.

 

Ela põe água no copo e bebe.

 

Corte para ela, que escuta um barulho de algo estralando. O barulho vem da sala.

 

O estralo continua, sem parar.

 

Nicole assustada. Ela olha em direção ao corredor escuro que leva a sala de jantar.

 

Ela respira fundo e decide ir até lá, mas antes, abre o armário, pegando uma vela.

 

Close no fósforo riscando a caixa e pegando fogo.

 

Foco no palito se aproximando da ponta da vela.

 

Nicole, com a vela na mão, caminha em direção ao corredor.

 

CENA 20/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ NOITE.

Sala na escuridão total.

 

Nicole chega até a sala com a vela na mão e vê a janela aberta.

 

Em seguida, vai até lá fechar.

 

Close no olhar dela, ao ver a chuva lá fora.

 

MIGUEL: (off) Eu bem que desconfiei...

 

Nicole se vira de repente.

 

Relampeja e o clarão invade a casa, revelando Miguel sentado no sofá, olhando pra ela.

 

Nicole dá um grito, assustada.

 

NICOLE: (assustada) Miguel...

 

MIGUEL: Cê achou que ia conseguir se esconder nessa casa até quando hein?

 

Close nela, olhando pra ele, assustada. Fade out.


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