Uma novela original WNC

 

Autora: Megan Clarke

 

Capítulo 22

Sacrifício

 

CENA 1/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ NOITE.

Câmera foca em Miguel descendo as escadas, enquanto o delegado o espera. Policiais parados na porta. Fotógrafos parados na porta do escritório, registrando o local. Olívia está no pé da escada, aflita, enquanto Ravena está sentada no sofá em estado de choque.

 

MIGUEL: A Cris tá dormindo. O meu filho e a Bruna também.  

 

DELEGADO: E a empregada?

 

Palmira desce as escadas.

 

PALMIRA: Eu tô aqui.

 

DELEGADO: Parece que já interrogamos todos, falta apenas a senhora.

 

PALMIRA: Pode perguntar à vontade.

 

DELEGADO: Onde esteve durante o momento em que ocorreu o crime?

 

PALMIRA: Eu estava no quarto com a Cris, penteando os cabelos dela. De repente, eu ouvi um barulho e saí do quarto pra ver o que era, deixei ela lá dentro e falei pra que não saísse em hipóteses alguma. (T) Eu fui checar todos os quartos e vi que (olha pra Miguel) o seu filho não estava lá. Estava só a Bruna. Ela me disse pra eu não descer... Disse pra que eu ficasse com ela.

 

DELEGADO: E você ficou?

 

PALMIRA: Fiquei. Depois que o desmemoriado voltou eu fui até o quarto da Cristina pra ver se ela já tava dormindo. Aí eu fiquei lá com ela até agora...

 

DELEGADO: O desmemoriado é...

 

MIGUEL: Meu filho.

 

DELEGADO: Ele falou pra senhora o que estava acontecendo aqui embaixo?

 

PALMIRA: Não, ele só disse que checou a casa inteira e que não havia encontrado nada de errado.

 

DELEGADO: Em nenhum momento ele entrou no escritório?

 

PALMIRA: Ele disse que a porta estava trancada por dentro.

 

O delegado faz algumas anotações. Miguel e Olívia se entreolham, tensos.

 

Ravena continua em estado de choque.

 

DELEGADO: Bom, eu poderia falar com ele?

 

MIGUEL: Não vai ser possível.

 

OLÍVIA: Ele tá tomando remédio pra dormir... A Bruna também toma. Os dois não vão acordar de jeito nenhum.

 

DELEGADO: (olha pra Ravena) E a senhora?

 

Ravena se assusta.

 

RAVENA: Eu?

 

DELEGADO: Tava na cena do crime, com a arma do crime nas mãos.

 

RAVENA: (desesperada) Eu não fiz nada. Eu não matei ninguém. Eu juro! Pelo amor de Deus, eu não tive culpa.

 

DELEGADO: Será?... Estava com a arma do crime, no local do crime.

 

RAVENA: (nervosa) Alguém me deu uma pancada na cabeça quando entrei naquele escritório... Tinha alguém lá dentro quando eu entrei.

 

DELEGADO: A senhora vai dizer tudo o que aconteceu, mas na delegacia.

 

RAVENA: (desacreditada) Delegacia?

 

DELEGADO: (fala com os outros) Levem ela.

 

Os policiais se aproximam e pegam Ravena pelo braço.

 

RAVENA: (chora desesperada) Não... Não, por favor, eu não fiz nada. (olha pra Miguel e Olívia) Não deixem eles me levarem, por favor.

 

Ela é levada pra fora da casa.

 

MIGUEL: Tem alguma coisa que a gente possa fazer, delegado?

 

DELEGADO: Tem. Tirar toda a sua família desta casa e levar pra um outro lugar. Vamos investigar o que aconteceu aqui e... precisamos do local vazio até amanhã de manhã, bem cedo.

 

Olívia, Miguel e Palmira se entreolham, tensos.

 

CENA 2/ MATA/ EXTERIOR/ NOITE.

O carro de Mário Gerson estaciona no meio de uma floresta. Ele desce do carro e caminha até uma árvore. Em seguida desabotoa a calça e abaixa o zíper. Som de líquido escorrendo ecoa pela cena. Foco na expressão de prazer estampada no seu rosto.

 

MÁRIO: (para si) Não aguentava mais segurar isso.

 

Ele volta pro carro e abre a porta do motorista, fazendo com que Nicole, que estava dormindo no banco de trás, desperte. Mário pega um isqueiro e um cigarro.

 

Nicole olha pra todos os lados, confusa.

 

NICOLE: Onde a gente tá?

 

MÁRIO: Não sei.

 

Mário se encosta no veículo enquanto acende o cigarro, começando a fumar em seguida.

 

MÁRIO: (tossindo) Cigarro vagabundo.

 

Depois, ele pega o controle automático e aperta um botão, fazendo com que a janela da porta traseira se abra.

 

MÁRIO: (irritado) Droga. Devia ter arranjado um lugar pra ficar.

 

NICOLE: Isso que dá, ser tão burro.

 

MÁRIO: Você cala essa boca!

 

NICOLE: Cara, me tira daqui. Me deixa ir embora.

 

MÁRIO: Não meu amor, você é a minha galinha dos ovos de ouro. Agora que você tem posse de tudo o que é do velho, nós dois vamos nos casar.

 

NICOLE: (em choque) O quê? Nunca vou me casar com você, ficou louco?

 

MÁRIO: E você pretende se casar com quem? Seu namoradinho morreu. (se aproxima da janela) Você precisa de alguém que te apoie. Eu sou esse alguém.

 

NICOLE: Eu já saquei qual é a tua. Quer se casar comigo pra depois me matar e ficar com tudo o que é meu. Mas eu não vou deixar você fazer nada disso, porque eu vou cair fora dessa sua palhaçada e vou te colocar na cadeia junto com o Getúlio.

 

MÁRIO: Ah, mas não vai não. Antes você vai casar comigo sim, em comunhão total de bens. Eu vou ficar rico e cair fora desse país de merda. Vou pegar um jatinho e me mandar.

 

NICOLE: (grita) Me tira daqui. (grita repetidas vezes) Me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui... ME TIRA DAQUI.

 

Mário se irrita e joga o cigarro no chão, pisando em cima.

 

NICOLE: (cont.) ME TIRA DAQUI, ME TIRA DAQUI, ME TIRA DAQUI, ME TIRA DAQUI.

 

Mário pega o revólver de dentro do carro e atira pro alto três vezes, fazendo com que Nicole se cale.

 

MÁRIO: (aponta a arma pra ela) Cala essa boca! (T) Você tá me deixando estressado com esse escândalo. A gente vai pro apartamento e você vai ficar quietinha ouviu bem? Você não vai dar um pio. Senão eu te mato!

 

Nicole o encara, firme.

 

Mário põe a arma na cintura e entra no carro, fechando a porta e dando a partida.

 

CENA 3/ CASA DE GUILHERME/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.

Guilherme está jogado no chão, desmaiado e bastante ferido. A porta se abre de repente e Eduardo entra na casa com uma sacola.

 

EDUARDO: (em choque) Meu Deus.

 

Ele corre até Gui e o toma nos braços.

 

EDUARDO: (desesperado) Gui, fala comigo. Abre o olho. (chora) Meu Deus, o que fizeram com você?!

 

Gui se mexe aos poucos.

 

GUI: (com dificuldade) Me ajuda...

 

EDUARDO: (marejando) Eu vou te tirar daqui...

 

Eduardo o ajuda a se levantar, ao mesmo tempo em que Guilherme geme de dor. Eduardo então, o carrega e vai levando-o até a porta, saindo em seguida.

 

CENA 4/ MANSÃO DOS PRATES/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.

Alexandra de frente pro segurança e alguns homens. Ela entrega um bolo de dinheiro para casa um deles, com um largo sorriso no rosto.

 

ALEXANDRA: (sorrindo) Fizeram direitinho o serviço?

 

SEGURANÇA: A gente deixou o garoto amassado feito massa de pastel, do jeito que a sra. mandou.

 

ALEXANDRA: Que maravilha... agora esse moleque vai aprender a cumprir as minhas ordens e deixar meu neto em paz. (T) Meu velho pai já dizia: A gente só aprende na base da pancada.

 

Eles riem.

 

Close em Almerinda que estava escutando tudo do corredor da sala de jantar, em choque.

 

CENA 5/ APART-HOTEL DE MÁRIO/ INTERIOR/ NOITE.

Mário entra, segurando Nicole.

 

MÁRIO: (grita) Velho, cheguei!

 

Silêncio total. De repente, ouve-se um miado. Mário olha pra baixo e vê o gato caminhando até ele.

 

MÁRIO: (sorri) O bonitinho do papai tá aí é? Oh, peraí que papai já vai te dar comida tá bom?

 

Nicole estranha aquilo tudo.

 

Mário a pega pelo braço e leva até o sofá. Ele tira a arma da cintura e põe em cima do rack. Em seguida, pega uma corda e amarra os pés e as mãos de Nicole.

 

NICOLE: Você tem um gato?!

 

MÁRIO: (grosso) Já não mandei você calar essa boca?

 

Ele levanta e vai até o gato, pegando-o do chão e fazendo carinho.

 

MÁRIO: (olha pro gato e sorri) Oh meu bebezinho. (olha pra todos os lados) Cadê esse velho gagá?

 

Ele anda pelo apartamento com o gato nas mãos. Nicole vê a arma em cima do rack da televisão. Mário volta pra sala. Nicole desvia o olhar da arma.

 

MÁRIO: Só falta aquele idiota ter saído. Depois de tanto trabalho que eu tive pra tirar ele da cadeia...

 

Mário pega o controle da televisão e a liga. De cara, já vê um noticiário no jornal.

 

Close na tevê:

 

APRESENTADORA: Hoje à noite morreu o empresário e presidiário Getúlio Pires Cavalcanti, assassinado em sua antiga residência. Segundo as informações da polícia, o homem estava foragido da polícia pelos crimes de abuso sexual de menor e assassinato coletivo.

 

A voz da apresentadora fica em off.

 

Mário e Nicole chocados com a notícia.

 

MÁRIO: Mataram o velho...

 

CENA 6/ ILHA/ NOITE.

Close em uma ilha localizada na costa de Jardim Orestes. De longe, vemos algumas casas com iluminação precária e um outro local da ilha, com casas mais bem construídas.

 

CENA 7/ CASA SIMPLES/ INTERIOR/ NOITE.

Interior da casa de madeira. Câmera passeia pelo local, mostrando a pouca iluminação que há ali no lugar. Alguns retratos nas paredes, e alguns objetos feitos de barro.

 

Corta para uma mulher de mais ou menos 50 anos com roupas simples, levando um prato de sopa nas mãos. Ela caminha até uma cama ali mesmo na sala, sentando-se na ponta do móvel.

 

MULHER: (entrega) Toma! Você precisa se alimentar.

 

Close nas mãos com alguns ferimentos e arranhões já cicatrizando. A pessoa toma a sopa.

 

MULHER: Você deve ter engolido muita água. Deu sorte, garoto.

 

Ela se levanta e vai até uma prateleira, pegando algo que parece ser um anel. A mulher volta pra cama.

 

MULHER: Eu tava caminhando por esses dias na beira da praia pra ver se achava a pessoa que você dizia ser seu irmão, mas eu só encontrei isso aqui.

 

Ela entrega o anel a pessoa. Câmera sobe e revela o rosto do outro gêmeo que estava desaparecido (chamaremos de G1 – risos).

 

G1: Eu tô reconhecendo esse anel.

 

MULHER: Esse anel é dele? É do seu irmão?

 

G1: Não... É meu!  

 

G1 coloca o anel no dedo.

 

Close no anel, que brilha, mesmo com a pouca iluminação do local.

 

CENA 8/ MANSÃO DOS CAVALCANTI/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ MANHÃ.

Olívia desce as escadas e dá de cara com Miguel que a encara.

 

OLÍVIA: Eu mandei a Palmira servir o café no quarto. Falei com o senhor X, com a Bruna e com a Cris, pedi pra que eles se apressassem também.

 

MIGUEL: A gente precisa ir embora daqui agora.

 

OLÍVIA: Por que essa pressa?

 

MIGUEL: Eles podem descobrir alguma coisa, Olívia.

 

OLÍVIA: Não vão descobrir nada. Fica frio e para de levantar bandeira. (T) A Cris não para de perguntar pela Ravena.

 

MIGUEL: Não deixa ela ficar sabendo de nada, pelo menos por enquanto. A gente vai pra aquela casa de campo e ficar lá por uns dias até a hora de...

 

OLÍVIA: (interrompe) Até a hora de quê?

 

Miguel olha pra trás e vê o investigador com sua equipe.

 

MIGUEL: Não posso falar aqui...

 

OLÍVIA: Olha lá o que cê vai aprontar...

 

MIGUEL: Eu vou é salvar todos nós, isso sim!

 

Miguel se afasta e fica pensativo por uns segundos.

 

MIGUEL: No meio dessa confusão toda, a gente acabou se esquecendo que a Nicole não passou a noite aqui em casa.

 

OLÍVIA: É verdade. (T) A Nicole sumiu!

 

CENA 9/ QUARTO DE BRUNA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Bruna, Palmira, Olívia e Miguel conversam.

 

PALMIRA: Eu não sei da Nicole!

 

OLÍVIA: Tem certeza?

 

PALMIRA: Absoluta.

 

BRUNA: Eu não vejo a Nicole desde ontem de manhã.

 

PALMIRA: Eu lembro que eu tava na cozinha preparando o jantar quando eu vi ela sair toda nervosa.

 

MIGUEL: Viu a Nicole sair?

 

OLÍVIA: (para Miguel) Foi o que ela acabou de dizer!

 

BRUNA: (para Palmira) Se ela saiu nervosa alguma coisa deve ter acontecido.

 

PALMIRA: O quê por exemplo?

 

BRUNA: E eu que vou saber?

 

OLÍVIA: Cadê o senhor X?

 

BRUNA: Tá no banheiro.

 

CENA 9A/ BANHEIRO/ INTERIOR/ MANHÃ.

Close na porta do banheiro, G2, que escutava toda a conversa por lá.

 

CENA 10/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INTERIOR/ MANHÃ.

Ravena de frente pro delegado. Escrivão à parte.

 

RAVENA: Eu tinha descoberto o esconderijo do Getúlio e fui atrás dele. Eu realmente quase matei aquele velho quando eu o vi, mas eu me contive. A gente brigou e aí eu acabei caindo e batendo com a cabeça.

 

DELEGADO: E vocês brigaram por quê?

 

RAVENA: Por causa dos meus filhos. Eu tinha descoberto que ele tinha sido o responsável pelo atentado na lancha.

 

DELEGADO: Então ele confessou tudo.

 

RAVENA: Confessou! Tanto que se surpreendeu quando eu disse que um dos dois havia sobrevivido. Ele falou que iria cumprir com o resto da missão dele. Aí eu tentei impedir, ele me empurrou e eu acabei caindo.

 

DELEGADO: Que horas mais ou menos aconteceu tudo isso?

 

RAVENA: A briga foi de tarde, acredito que tenha sido por volta das cinco da tarde. Quando acordei já eram quase dez. Eu saí correndo e fui pra casa, quando eu cheguei, vi o velho morto no chão do escritório com aquele sangue todo espalhado ali. Eu fui entrando e aí eu senti uma pancada na cabeça. (T) Alguém me bateu, delegado! (T) Com certeza foi a pessoa que realmente matou o Getúlio.

 

DELEGADO: Você disse no início que quando descobriu o esconderijo dele, quase o matou e só não o fez porque se conteve. (T) Poderia ter matado agora também.

 

Ravena se levanta.

 

RAVENA: (grita) Eu não matei ninguém, já disse! Não matei!

 

DELEGADO: (sobe o tom) A senhora se contenha ou terei que prendê-la por desacato.

 

RAVENA: (com raiva) Eu não matei ninguém! NÃO MATEI!

 

O delegado fala com um policial que está parado ali na porta, fazendo sinal para que ele leve Ravena para uma cela. O policial segura os braços de Ravena por trás que se debate.

 

RAVENA: (grita) O que é isso? Me solta!

 

Ravena dá um tapa na cara do policial.

 

DELEGADO: (grita) JÁ CHEGA! PRENDA ESSA MULHER!

 

O policial algema as mãos dela e a leva para fora da sala.

 

CENA 11/ HOSPITAL/ ENFERMARIA/ INTERIOR/ MANHÃ.

Guilherme está na cama com uma enfermeira cuidando dele, enquanto Eduardo está perto da janela ao celular.

 

EDUARDO: (cel) Tem certeza, Almerinda?

 

Almerinda do outro lado da linha, nos fundos da mansão dos Prates.

 

ALMERINDA: (cel) Absoluta! Eu vi a bruxa velha conversando com um monte de armário e dando dinheiro pra eles, dizendo que era o pagamento por eles terem feito muito bem o servicinho.

 

Eduardo em choque.

 

EDUARDO: (cel) Eu já suspeitava dela, só não queria acreditar que ela chegaria nesse ponto.

 

ALMERINDA: (cel) Olha, Eduardo, não faz nenhuma besteira, pelo amor de Deus. Eu só tô te contando isso porque eu tenho mó consideração por você e pelo loirinho. (T) Coitado. Como é que ele tá hein?

 

EDUARDO: (cel) Tá muito machucado. – (chora) – A minha vó é um monstro, cara.

 

ALMERINDA: (cel) Relaxa, tá? O que importa é que o loirinho tá vivo e tá bem. Bom... bem ele não tá não, mas dá pro gasto. (T) Nossa. Me deu medo quando vi o tamanho daqueles homens. Acho que ele deu sorte. (T) Ah, esqueci de te dizer. A bruxa velha tá se sentindo a vitoriosa e tá querendo dar um jantar aqui em casa.

 

Eduardo limpa as lágrimas.

 

EDUARDO: (cel) Jantar pra quê?

 

ALMERINDA: (cel) Eu não sei direito, só sei que é algo relacionado a alguma pretendente que ela arranjou pra você. Disse que vai vir a garota e a mãe ela. (T) Ah, as primas dela também vem, acho que são umas três, por aí.

 

Eduardo numa expressão fria.

 

EDUARDO: (cel) É mesmo? (T) Pode deixar... Eu vou ter o maior prazer em comparecer a esse jantar.

 

Em seguida, ele desliga e se dirige até Guilherme.

 

ENFERMEIRA: Eu volto mais tarde pra trocar os curativos.

 

Ela dá um sorriso para Eduardo que retribui. Em seguida, sai. Os dois ficam às sós. Guilherme olha pra ele.

 

GUI: Obrigado por me salvar.

 

EDUARDO: Não precisa agradecer, eu só fiz a minha obrigação.

 

Eduardo pega nas mãos dele.

 

EDUARDO: Eu vou proteger você a partir de agora. (T) Não vou deixar que nada de ruim aconteça com você de novo, tá?

 

Guilherme toca no rosto dele. Os dois trocam olhares.

 

GUI: Te amo.

 

Eduardo sorri instantaneamente ao ouvir aquilo. 

 

Os dois se aproximam e em seguida, se beijam. Close nos dois.

 

CENA 12/ JARDIM ORESTES/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ TARDE.

Transição de tempo da manhã para a tarde.

 

CENA 13/ CASA DE CAMPO/ AMBIENTAÇÃO/ EXTERIOR/ TARDE.

Close geral na casa de campo.

 

CENA 14/ CASA DE CAMPO/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ TARDE.

Miguel leva algumas malas em direção aos quartos. G2 está em um canto mais afastado com o celular nas mãos. Bruna vai até ele.

 

BRUNA: Aconteceu alguma coisa?

 

G2: Tô preocupado com a Nicole. Eu ouvi a conversa de vocês lá no quarto. Tô sentindo que tem alguma coisa de errado acontecendo, mas não faço ideia do quê.

 

BRUNA: Você tá sentindo que alguma coisa de errado tá acontecendo com a Nicole? Por quê?

 

G2: Como assim, por que?

 

BRUNA: Não pense que consegue me enganar. Eu já conheço essa mania que você tem de sentir quando alguma coisa de ruim tá acontecendo.

 

G2 a encara.

 

BRUNA: Você se lembrou não foi? (T) Você se lembrou quem você é...

 

Ele fica em silêncio.

 

BRUNA: Não precisa nem responder... Te conheço bem... Conheço tão bem que já sei até quem você é.

 

G2: Bruna...

 

Ele se cala.

 

BRUNA: Liga pra Nicole!

 

G2 não diz mais nada. Ele começa a digitar as teclas do celular e telefona para Nicole.

 

CENA 15/ APART-HOTEL DE MÁRIO/ INTERIOR/ TARDE.

Mário tá parado, de frente pra porta. Ele se vira para falar com Nicole, que continua amarrada.

 

MÁRIO: Eu vou até o mercado comprar algumas coisinhas. Você fica aí.

 

Em seguida, ele abre a porta e sai. Nicole fica sozinha. Ela vê o gato andando pelo móvel e subindo em cima do rack, deitando ao lado do revólver. O gato a encara. Close no olhar do animal.

 

NICOLE: Tá repreendido em nome de Jesus.

 

Seu celular começa a tocar. Ela solta um grito, assustada. Seu celular está no bolso. Nicole faz um esforço pra poder tentar se soltar das cordas e apanhar o aparelho, mas não consegue. O celular continua a tocar.

 

NICOLE: (aflita) Meu Deus... (T) Eu preciso pegar esse celular.

 

O celular para de tocar.

 

Close na expressão de Nicole, frustrada.

 

CENA 16/ CASA DE CAMPO/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ TARDE.

Continuação da cena 14. G2 permanece aflito.

 

G2: Tá dando caixa.

 

BRUNA: Não tem como rastrear essa porcaria não?

 

G2: Tem sim. (T) Eu vou tentar.

 

CENA 17/ CASA DE CAMPO/ QUARTO DE CRISTINA/ INTERIOR/ TARDE.

Cristina está sentada na cama, cabisbaixa. Miguel termina de arrumar as coisas dela num armário.

 

MIGUEL: A gente vai ficar aqui, mas vai ser por pouco tempo.

 

Ele se vira e a vê pra baixo, indo até a mesma.

 

MIGUEL: O que foi, gatinha? (T) O que tá pegando?

 

CRISTINA: Eu quero saber onde é que tá a minha mãe. (T) Eu sei que tem alguma coisa acontecendo, pai, e eu quero saber o que é. Não quero que minta pra mim.

 

MIGUEL: Olha filha, tem certas coisas da qual você não precisa saber/

 

CRISTINA: (grita) MAS EU QUERO SABER! (T) Eu tô de saco cheio de ser tratada feito uma criança, eu já vou fazer 14 anos e vocês me tratam como se eu ainda tivesse um ano de idade. Eu tô de saco cheio, pai. Eu quero a verdade! Onde é que está a minha mãe?

 

Close na expressão de Miguel, em choque.

 

CENA 18/ CASA DE CAMPO/ ÁREA EXTERNA/ EXTERIOR/ TARDE.

Olívia conversa no celular, próxima a uma piscina.

 

OLÍVIA: (cel) Eu não estou muito no clima, mas vou mesmo assim. (sorri) Quem sabe eu não acabe me sentindo melhor né? (fica séria) Certo. Amanhã nos vemos então. Tranquilo. Beijo, tchau.

 

Ela desliga o celular. Palmira se aproxima dela.

 

PALMIRA: Aconteceu alguma coisa, Olívia?

 

OLÍVIA: Eu marquei a minha primeira consulta no psicólogo. Na verdade, já tinha marcado, eu só liguei pra confirmar.

 

PALMIRA: Você não tá satisfeita?

 

OLÍVIA: Eu... eu não sei.

 

PALMIRA: Olívia. Eu sei que não é fácil você admitir que tá passando por problemas/

 

OLÍVIA: (interrompe) Não são problemas.

 

PALMIRA: Tô dizendo. Você mesma não admite.

 

OLÍVIA: Você vai me julgar agora?

 

PALMIRA: Longe disso. Eu quero ajudar você. Tanto que eu me ofereço pra ir com você amanhã nessa consulta.

 

Olívia fica um pouco tensa.

 

PALMIRA: Vai dar tudo certo. Esse vai ser o primeiro passo pra que você largue de vez esse vício que tá acabando com a tua vida.

 

Olívia sorri fracamente pra ela, mas logo desvia o olhar ao ver G2 e Bruna correrem até o carro, ao longe. Palmira percebe e olha pra trás.

 

PALMIRA: Pra onde eles estão indo?

 

OLÍVIA: (estranha) Sei lá.

 

Close no carro saindo do local da casa de campo. 

 

CENA 19/ CASA DE CAMPO/ QUARTO DE CRISTINA/ INTERIOR/ TARDE.

Continuação da cena 17. Cristina e Miguel.

 

CRISTINA: Me fala, pai! Onde tá a minha mãe?

 

Miguel respira fundo e em seguida a olha.

 

MIGUEL: A sua mãe tá presa, minha filha.

 

CRISTINA: (em choque) O quê?

 

MIGUEL: É isso! (T) Aconteceu uma morte lá em casa. Seu avô, Getúlio, ele foi morto.

 

Cristina está terrivelmente chocada com tudo o que acabara de ouvir.

 

MIGUEL: (cont.) E a sua mãe foi presa, acusada pela morte dele.

 

Close nela, em choque.

 

CENA 20/ ILHA/ EXTERIOR/ NOITE.

Close geral na ilha.

 

CENA 21/ ILHA/ PRAIA/ EXTERIOR/ NOITE.

Foco num rifle sendo apontado para uma garrafa de vidro que está em cima de um caixote de madeira. Câmera vai subindo e mostra o rosto de G1, com o olho na lente da arma. Ele atira, atingindo a garrafa.

 

MULHER: Isso! É assim que se faz.

 

Ele sorri pra ela, satisfeito.

 

MULHER: Daqui a alguns dias, já vai estar podendo estar caçando na floresta comigo.

 

Ele abaixa a cabeça e olha na direção do horizonte.

 

MULHER: O que foi?

 

G1: Na verdade... (olha pra ela) Eu tava pensando em dar um jeito de voltar pra casa. (T) Minha família deve estar atrás de mim ou devem estar achando que eu morri, sei lá.

 

Ele deixa cair uma lágrima.

 

MULHER: Você pode voltar se quiser. (pega o rifle das mãos dele) A escolha é sua, garoto.

 

A mulher volta pra casa. G1 fica pensativo. Ele olha pro anel, que está em seu dedo.

 

CENA 22/ APART-HOTEL DE MÁRIO/ INTERIOR/ NOITE.

Mário está falando ao celular com o gato nos braços.

 

MÁRIO: (cel) Prepare a casa pra mim. Amanhã mesmo eu vou pegar uma lancha e ir pra lá. (T) Ah, que ótimo. Fico feliz em saber que existem pessoas competentes nesse planeta. (T) Como quiser. Tchau!

 

Ele desliga e vai até Nicole, sentando-se ao seu lado no sofá enquanto alisa o gato. Mário põe o animal no chão.  

 

NICOLE: Me tira daqui. Me desamarra, por favor. Eu não aguento mais ficar nessa posição.

 

MÁRIO: Poderia até fazer isso... mas não. (T) Você vai ficar mais um tempinho aí... enquanto eu tomo um banho e aí sim, depois é que vou te desamarrar. (se aproxima dela) Eu te levo pro quarto e a gente faz um amor bem gostoso.

 

Em seguida ele começa a beijar o pescoço dela, que fica horrorizada.

 

Mário se afasta.

 

MÁRIO: Aposto como você vai gostar. (T) Quem já transou comigo diz que sou bom, sabia?! (T) Falam do meu pau. Dizem que é enorme.

 

NICOLE: Que nojo de você!

 

MÁRIO: (debochado) Nojo por que? (T) Não vai me dizer que você agora virou sapatona. (T) Uma menina tão bonitinha como você, bater bolacha... poxa.

 

Ele se levanta.

 

MÁRIO: Bom... eu vou tomar meu banho. – E vai se dirigindo em direção ao banheiro.

 

A campainha começa a tocar. Mário volta.

 

MÁRIO: Era só o que faltava.

 

Ele abre a porta e dá de cara com G2 e Bruna, parados ali.

 

MÁRIO: (em choque) O que é isso?

 

G2: Seu desgraçado... Você achou que ia se safar é?

 

Ele dá um soco em Mário, que cai no chão. Bruna corre até Nicole.

 

NICOLE: (desesperada) Me desamarra, Andréa.

 

Bruna começa a desamarrar Nicole, enquanto Mário e G2 trocam socos. Nicole consegue se soltar das cordas com a ajuda de Bruna e as duas correm em direção a porta, mas param ao verem G2 e Mário brigando feio. Os dois rolam no chão. G2 consegue imobilizar Mário e se levanta. Os três saem correndo dali.

 

Mário se levanta com dificuldade. Close na boca dele, que escorre sangue. Ele se levanta e vê o revólver em cima do rack, com o gato ao lado e olhando fixamente pra ele. Mário vai correndo até lá e pega a arma, deixando o apartamento em seguida. Close no gato deitado em cima do rack.

 

CENA 23/ ESTACIONAMENTO/ INTERIOR/ NOITE.

Close geral no estacionamento do prédio. Close na porta da escadaria de emergência, que se abre. G2, Nicole e Bruna saem correndo de lá.

 

CENA 24/ ELEVADOR/ INTERIOR/ NOITE.

Close em Mário dentro do elevador, tocando levemente o revólver que está em sua cintura. Foco na expressão fria dele.

 

CENA 25/ ESTACIONAMENTO/ INTERIOR/ NOITE.

G2, Nicole e Bruna estão correndo.

 

NICOLE: (nervosa) Cadê esse carro?

 

BRUNA: (desesperada) Para de falar e continua correndo porra!

 

Close na porta do elevador, que se abre. Mário sai de lá, já tirando o revólver da cintura e caminhando lentamente na direção dos três que estão bem longe. De repente, ele para.

 

Câmera lenta: Close nos três, Nicole, G2 e Bruna correndo. Mário com o revólver apontado na direção deles. Foco no dedo dele, que aperta o gatilho. A arma dispara. Close em câmera lenta da bala saindo da arma e indo em direção aos três.

 

A bala atinge G2, nas costas. Close na expressão dele, que está com os olhos arregalados. Bruna e Nicole param de correr e olham pra ele, desesperadas.

 

Close em Mário que abaixa a arma com um leve sorriso no rosto.

 

Close agora em G2 que cai no chão, agonizando, com os olhos abertos e o sangue se esvaindo das suas costas.

 

Bruna e Nicole se abaixam e o toma em seus braços. Elas se mostram bastante desesperadas. Close no olhar fraco de G2. Seus olhos de fecham. Fade out.

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