A OUTRA

CAPÍTULO 17

UMA NOVELA DE TAÍS GRIMALDI


CENA 1 – PALÁCIO DAS LARANJEIRAS. SUÍTE DE STELLA E ERIBERTO. INT. NOITE

 

PLANO GERAL da suíte luxuosa. A luz do dia invade pelas amplas janelas, refletindo nos objetos de decoração clássica. Stella está de pé, à frente da penteadeira, com um robe de seda clara. Eriberto, ainda com o paletó do terno, observa-a do outro lado do quarto.

CLOSE em Stella, de perfil, enquanto ela fala com frieza contida.

STELLA - (irônica, sem olhar para ele) Você foi confortar Laurinha. Como se fosse seu dever moral.

PLANO MÉDIO de Eriberto, que se aproxima lentamente, tentando manter a calma.

ERIBERTO - (paciente) Ela é mãe dos meus filhos também, Stella.

STELLA - (virando-se, ríspida) Dos seus bastardos, Eriberto. E se Marisa descobrir? Se ela souber que é irmã de Roberto e Sibeli?

CLOSE em Eriberto, que hesita. O silêncio dele o denuncia. Um ruído discreto fora da porta.

CORTE PARA – PLANO DE DETALHE da maçaneta da porta girando abruptamente.

PLANO ABERTO – Marisa entra, os olhos marejados, o rosto em choque. Atrás dela, o segurança Mário tenta impedi-la, mas ela o ignora.

MARISA - (voz embargada, acusadora) Então é verdade? Eu não perdi só uma amiga... eu perdi uma irmã também?

CLOSE em Stella, imóvel, o rosto impassível, mas os olhos traem tensão.

ERIBERTO - (dando um passo à frente) Marisa, por favor (PAUSA) deixa eu te explicar...

MARISA - (furiosa, o empurrando) Você não toca em mim! (sarcástica) É por isso que você ficou tão feliz que o Roberto é gay, né? Assim não precisava correr o risco de me ver apaixonada por ele. Ia ser obrigado a contar a verdade.

CLOSE em Stella, que tenta manter a superioridade, mas sente a pressão da situação.

STELLA - (soando firme, mas controlada) Marisa, eu...

MARISA - (cortando, raivosa) Você é podre. Tivemos uma conversa, lembra? Uma chance real de recomeçar (pausa) E você escolheu mentir. Sempre mente. Sempre omite. Sempre manipula.

PLANO GERAL – Ela encara os dois. O silêncio pesa. Eriberto baixa os olhos. Stella permanece rígida.

MARISA - (firme, amarga) Acabou.

PLANO MÉDIO TRASEIRO – Marisa sai pela porta sem olhar para trás. O som dos saltos ecoa no mármore do corredor. Mário a acompanha em silêncio.

PLANO FIXO – Stella permanece em pé, sozinha. A luz bate em seu rosto, revelando uma lágrima contida. Eriberto, imóvel, observa a porta fechada.

CORTA PARA:

 

CENA 2. PALÁCIO DAS LARANJEIRAS. SUÍTE DE MARISA. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA – “NE ME QUITTE PAS” - MAYSA.

 

A porta se fecha atrás de MARISA, que entra cambaleante, sozinha. O SEGURANÇA tenta acompanhá-la, mas ela o dispensa com um gesto impaciente.

Marisa acende um cigarro com mãos trêmulas. Seus olhos estão marejados, mas ela não derrama uma lágrima.

Ela caminha até a penteadeira, abre uma gaveta escondida e retira um pequeno estojo espelhado.

Calma, fria, como num ritual conhecido, ela alinha uma carreira generosa de cocaína. Aspira com precisão.

A MÚSICA DE MAYSA ENVOLVE O AMBIENTE, num clima de abandono e melancolia.

Marisa traga o cigarro. Novas carreiras. Mais fumaça. O tempo parece parar, como se o quarto se transformasse num refúgio silencioso da dor.

A câmera percorre lentamente o ambiente: fotos de família, prêmios, vestidos luxuosos no cabide... e, no centro de tudo, Marisa, tão jovem e já tão destruída.

Ela tenta se manter firme, mas a combinação de drogas e desespero a domina. O rosto perde a expressão, os olhos ficam pesados.

Marisa cambaleia, apaga o cigarro na beira da cama e, lentamente, desmaia sobre os lençóis de seda branca, contrastando com o batom borrado e a trilha melancólica que segue, como se o mundo continuasse mesmo sem ela.

CORTE PARA:

 

CENA 3 – COBERTURA DE LAURINHA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA – SOM DISTANTE DE UM NOTICIÁRIO AO FUNDO, DEPOIS SILENCIADO.

 

PLANO ABERTO – A sala de Laurinha é elegante, decorada com bom gosto, mas com um certo ar de abandono. Luz baixa, abajures acesos.

CLOSE em ZILDA MARIA, sentada no sofá como uma leoa em vigília, inquieta. Ela encara o celular.

CORTE RÁPIDO – O aparelho vibra. Chamada internacional: "Paola – Alemanha".

PLANO MÉDIO – Zilda atende. A voz de Paola é ouvida em OFF, distante.

ZILDA MARIA - (baixando o tom, firme) Sim, Paola. Eu sei. Laurinha está devastada. (pausa) Eriberto também. Por isso você não pode voltar agora.

CLOSE EM ZILDA MARIA – Olhos marejados, mas sem ceder.

ZILDA MARIA - (continua) Espere mais uns dias. Por nós. Por ela.

CORTE – A chamada termina. Silêncio.

SONOPLASTIA – O som da campainha ecoa.

PLANO MÉDIO – Zilda se levanta. A porta se abre.

ENTRAM ROBERTO E MARCELO – Roberto está nervoso, Marcelo, discreto e elegante.

ZILDA MARIA - Roberto...

ROBERTO – Zilda, este é o Marcelo. Meu namorado.

CLOSE EM ZILDA MARIA – Ela hesita. Sorri com esforço.

ENTRA LAURINHA – De camisola, maquiagem borrada. Levemente dopada, mas com porte digno.

PLANO DETALHE – os pés de Laurinha descalços, arrastando no tapete.

LAURINHA - (voz pastosa, mas lúcida) Namorado ? Você nunca me apresentou ninguém.

ROBERTO - (baixando a cabeça) Eu sei que não é o melhor momento. Mas (sincero) Preciso de companhia. E da minha cama hoje.

CLOSE EM LAURINHA – Ela respira fundo, sorri triste.

LAURINHA - (sarcástica e emocionada) Ah, meu amor, o momento é ótimo. Perder uma filha. Nada supera essa dor. Mas ganhar outra pessoa é uma dádiva.

PLANO MÉDIO – LAURINHA se aproxima de MARCELO, toca seu rosto.

LAURINHA - (baixinho) Faça meu filho feliz. Agora que Sibeli não vai mais alegrá-lo.

CLOSE EM ZILDA MARIA, observando tudo. Um lampejo de culpa. Ou alívio.

CLOSE EM MARCELO, comovido, sem saber como reagir.

PLANO GERAL – Os quatro parados na sala. O tempo suspenso.

SONOPLASTIA – apenas a cidade ao fundo, distante.

CORTE PARA:

 

CENA 4. COBERTURA DE SELENA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA – “EROTICA” - MADONNA

Luz baixa, âmbar, tingindo as paredes com um erotismo decadente. A cobertura de Selena mistura luxo com exagero: peles, espelhos, veludo preto e móveis modernistas. Um quadro de Frida Kahlo com o rosto riscado com batom vermelho domina a parede.

STELLA entra irritada, os saltos soando como metralhadoras no chão de mármore.

SELENA - (calma, enrolada num robe preto de seda, um cigarro fino entre os dedos) Você veio rápido. Esperava um pouco mais de desdém da rainha das colunas sociais.

STELLA - (seca) Dispensei o chofer. Vim sozinha. Vi no instagram: a Márcia fugiu.

SELENA - (acende o cigarro, fuma com prazer):
Sim. E deixou um policial a esperando no elevador. A sua irmãzinha é mais talentosa do que parece.

STELLA - (nervosa)Esse país é uma piada. Uma bandida sai algemada pela manhã e à noite já está circulando de novo. Um lixo institucionalizado.

SELENA - (rindo com malícia) Pois eu acho uma bênção. Imagina se tudo funcionasse como deveria? Onde a gente estaria? Você, divorciada e sem sobrenome. Eu, morta ou casada com um banqueiro.

STELLA - (exasperada, servindo-se de uísque): Eu devia estar feliz com a impunidade. É isso que você tá dizendo?

SELENA - (aproximando-se)Tô dizendo que às vezes é preciso aceitar o caos. E dançar em cima dele.

STELLA se joga no sofá, traga o uísque como se fosse calmante. Observa SELENA, que apaga o cigarro no vaso de cristal. Em seguida, abre o robe com lentidão teatral. Por baixo, um conjunto de lingerie comestível: cores vivas, textura de bala de goma.

STELLA - (erguendo a sobrancelha)O que é isso?

SELENA -(andando até ela, olhando-a como quem olha uma sobremesa)Minha cobra charmosa, você quer o meu veneno?

STELLA - (sorrindo, sarcástica):Desde que ele seja bem docinho.

As duas se aproximam. O beijo é ardente, impaciente, impuro. STELLA tenta tomar controle, mas SELENA segura seus pulsos e a domina com elegância e firmeza.

SELENA - (sussurrando no ouvido dela)Se você quer veneno doce, hoje vai ter que merecer.

Ela conduz a cabeça de STELLA até o sutiã comestível, com delicadeza ameaçadora. As luzes ficam mais vermelhas. O som de “Erotica” aumenta.

A CÂMERA SE AFASTA conforme os corpos se entrelaçam no sofá. A cena mergulha no hedonismo e no poder, sem vulgaridade — só tensão, desejo e perversidade refinada.

CORTA PARA:

 

CENA 5 – BARCELONA. CLIPE GERAL DIA/NOITE. EXT./INT.

 

SONOPLASTIA – “MY OH MY” – KYLIE MINOGUE FEAT. BEBE REXHA & TOVE LO - INSTRUMENTAL

A câmera passeia pelas ruas vibrantes de Barcelona. A luz do dia ilumina fachadas históricas, lojas elegantes e cafés movimentados, enquanto a música de Kylie Minogue começa a tocar, uma batida sensual que se mistura com o burburinho da cidade.

Os turistas e locais cruzam as calçadas com pressa e elegância, capturados em planos que exploram seus rostos e gestos — sorrisos contidos, olhares fugazes, mãos que se tocam brevemente. A cidade pulsa, viva, rica em contrastes.

À medida que o sol se põe, as luzes urbanas começam a acender, refletindo nos mosaicos e nas fontes, enquanto a sonoplastia cresce, enchendo o ar de uma promessa de encontros e segredos.

O foco se desloca para um hotel luxuoso, com fachada imponente e portas que se abrem para o desconhecido. A câmera segue uma figura elegante entrando pela porta principal, os passos ecoando no saguão de mármore, onde a atmosfera é uma mistura de opulência e mistério.

Luzes quentes envolvem o ambiente, destacando detalhes de decoração clássica e moderna — tapetes orientais, obras de arte contemporânea, e móveis que sugerem histórias não contadas.

No quarto, a vista da cidade à noite é um espetáculo: luzes brilhantes, o mar ao fundo, e o murmúrio distante das ruas abaixo. A música embala o momento, enquanto a câmera fecha em detalhes — um vidro de vinho tinto, uma mão delicada que repousa sobre a mesa, o olhar intenso de quem sabe que está prestes a viver algo decisivo.

A cena termina num plano fechado de um rosto que mistura expectativa, desejo e um toque de inquietação.

CORTA PARA:

 

CENA 7 – PRÉDIO. APARTAMENTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

 

O apartamento é simples, marcado pelo desgaste do tempo. O silêncio da noite pesa no ar, quebrado apenas pelo som abafado da porta se abrindo.

PAULA LEE e MÁRCIA entram, seus rostos tensos, olhos atentos ao ambiente à sua volta.

No sofá, o TÉCNICO DE SIBELI as observa com expressão dura, as mãos cruzadas, o semblante cansado e desconfiado.

PAULA LEE - (voz firme, tentando manter a calma) Fomos enviadas por Laurinha. Viemos informar sobre o falecimento de Sibeli.

O técnico mantém o olhar fixo nelas, e com voz carregada de rancor começa a falar em espanhol.

TÉCNICO - (rouco, com amargura) Es un abuso lo que Laurinha hace. Sibeli me causó un daño enorme.

Olha para Marcia e Paula, as feições endurecidas.

TÉCNICO - Ella rompió con una gran patrocinadora. Todo porque el dueño intentó violarla.

PAULA LEE e MÁRCIA trocam olhares, visivelmente chocadas.

TÉCNICO - (pausa, fixando o olhar nelas) Por la expresión de ustedes, no parecen verdaderas amigas de Laurinha. Si lo fueran, habrían enfrentado todo esto con la misma frialdad que ella.

Ele se levanta devagar, com um olhar incisivo.

TÉCNICO - Ahora, les pido que se vayan.

Sem esperar resposta, pega o telefone fixo da mesa lateral e disca rapidamente.

Close nas mãos firmes apertando o telefone, a voz do técnico baixa e tensa.

TÉCNICO - (ao telefone, em espanhol, voz urgente) Necesitamos movernos rápido. Las chicas llegaron, pero no están del lado de Laurinha. La situación se complica.

Ele desliga, a expressão tensa, enquanto a câmera se afasta lentamente, deixando o técnico sozinho no silêncio carregado do apartamento.

 CORTA PARA:

 

CENA 7 – CAFÉ. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA - IF IT MAKES YOU HAPPY - SHERYL CROW

 

Um café quase vazio, luzes amarelas e quentes filtram-se pelas janelas, criando sombras longas que dançam nas paredes de madeira e vidro. O ambiente exala um aroma de café forte e madeira antiga, onde o tempo parece desacelerar.

PAULA LEE e MÁRCIA sentam-se frente a frente numa mesa pequena, iluminadas apenas pela luz suave de um abajur pendente. As xícaras fumegam, mas o café pouco importa agora — a mente delas está em outro lugar.

A voz suave e melancólica de Sheryl Crow preenche o espaço, “If It Makes You Happy” ecoando como um sussurro dramático, quase um presságio.

PAULA, o olhar firme, risca o canto da boca antes de falar.

PAULA LEE -Precisamos descobrir de quem era essa empresa, Marcia. Quem é esse empresário por trás disso tudo? Essa R2 não é só um nome, é o fio que vai puxar o novelo inteiro.

MÁRCIA olha para sua mão, apertando o copo. Ela respira fundo, o peso da dúvida se fazendo presente.

MÁRCIA - R2 já ouvi esse nome em alguma conversa há 25 anos atrás, mas nunca imaginei que teria ligação com Sibeli. O que eles queriam dela? Por que esse dono tentou (pauda dramática) isso?

Sua voz vacila, mas ela se mantém firme.

PAULA LEE - Não podemos deixar essa história morrer com ela. Sibeli sabia demais. E alguém queria que ela pagasse o preço. Nós precisamos ir fundo. Encontrar as falhas, os podres que ninguém quer ver.

A câmera circula lentamente ao redor delas, capturando o silêncio pesado que segue as palavras, as sombras que se alongam e os olhares que se cruzam, cheios de medo e determinação.

MÁRCIA - E se descobrirmos que não somos as únicas atrás desse segredo? Se tiver gente poderosa protegendo tudo isso?

PAULA sorri levemente, o tipo de sorriso que não chega aos olhos, um sorriso de quem sabe que a guerra já começou.

PAULA LEE - Então que venham. Porque nós vamos mais longe do que qualquer um espera.

O som da música cresce por um instante, enquanto a câmera afasta lentamente, deixando a mesa quase como uma ilha na penumbra do café.

CORTA PARA:

 

CENA 8 – RIO DE JANEIRO. EXT. AMANHECER

 

SONOPLASTIA - IF IT MAKES YOU HAPPY - SHERYL CROW

 

O sol começa a romper no horizonte, lançando um brilho dourado e difuso sobre a cidade ainda sonolenta. A orla do Rio se estende em silêncio quase reverente, com ondas leves beijando a areia da praia deserta. O céu, tingido de rosa, laranja e azul pálido, parece prometer um dia cheio de tensão e revelações.

Nas ruas, poucos passos apressados cruzam o calçadão de Copacabana, enquanto o barulho distante de carros e buzinas lentamente desperta. O ar fresco do mar mistura-se ao cheiro de café vindo das primeiras padarias abertas, e a cidade acorda em meio a uma calma que parece à beira da tempestade.

A voz suave e melancólica de Sheryl Crow invade a cena — “If It Makes You Happy” — reverberando com uma melancolia irônica, quase um lamento.

A câmera passeia lentamente por pontos icônicos: o calçadão com seu mosaico inconfundível, a estátua de Carlos Drummond, os primeiros surfistas enfrentando as ondas tímidas. O som das ondas e da música se entrelaçam em harmonia.

Em um banco da praça, um personagem solitário observa o nascer do sol, perdido em pensamentos — seu rosto é um mapa de dúvidas, perdas e esperanças. Os olhos fixos no horizonte, ele parece procurar respostas para uma trama que ainda não se revela totalmente.

Ao longe, o farol começa a piscar, sinalizando que, apesar da calmaria, a cidade está alerta, pronta para o que quer que o dia traga.

A câmera sobe lentamente, capturando a imensidão da cidade sob a luz crescente, enquanto a música cresce num tom de esperança e incerteza.

O amanhecer é belo, mas pesado — um palco perfeito para o drama que ainda está por vir.

 

 

CENA 9 – PALÁCIO GUANABARA. ESCRITÓRIO DO GOVERNADOR. INT. DIA

O gabinete do governador é amplo e imponente, com janelas grandes que deixam entrar uma luz branca e fria. As paredes revestidas de madeira escura, estantes cheias de livros e troféus políticos, e um enorme quadro do próprio governador dominam o ambiente.

ERIBERTO entra, passos firmes e a expressão dura, típica do homem acostumado a controlar tudo e a todos. A porta se fecha atrás dele com um clique seco que ecoa na sala silenciosa.

ALICE está sentada em uma poltrona perto da janela, o rosto abatido, olhos vermelhos, a postura derrotada — como quem carrega um fardo invisível, pesado demais para suportar.

Ela segura um envelope branco, com uma das mãos tremendo levemente. Ao ver Eriberto, levanta os olhos — há um misto de medo, tristeza e esperança em seu olhar.

Sem rodeios, ela estende o envelope em sua direção.

ALICE - (com voz baixa, quase um sussurro) Fiz o exame hoje (pausa) Estou grávida.

Eriberto franze o cenho, a informação bate nele como um soco inesperado. Um silêncio tenso se instala, pesado, quase sufocante.

Ele caminha lentamente até a janela, olhando para fora, evitando o olhar de Alice, tentando ordenar seus pensamentos.

Alice permanece imóvel, o rosto endurecido, esperando a reação.

Finalmente, Eriberto se vira, e seus olhos mostram um conflito interno — entre o político, o homem, e o medo do que essa gravidez pode significar para ambos.

Ele dá um passo na direção dela, mas não toca.

ERIBERTO - (voz firme, controlada) Isso muda tudo. E não sei ainda se para o bem ou para o mal.

A câmera se afasta lentamente, deixando o silêncio e a tensão dominarem o espaço, enquanto a luz do sol continua a iluminar parcialmente o gabinete — um palco perfeito para os dramas pessoais e políticos que se desenrolam.

CORTA PARA:

 

FIM

 

 

 

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